Dicas de radiologia

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Ultrassom focalizado associado à Ressonância Magnética

O ultrassom focalizado associado à ressonância magnética é um método de tratamento não invasivo para miomas uterinos, tumores benignos que se desenvolvem no útero de aproximadamente 25% das mulheres, por várias vezes estes miomas se apresentam de forma assintomática, ou com cólicas e sangramentos, dependendo de seu tamanho e localização podem ainda causar obstruções que impedem a gravidez.

Normalmente o tratamento dos miomas envolve histerectomia (Retirada cirúrgica do útero e dos ovários), e embolização (Obstrução do vaso que leva sangue ao mioma). Entretanto a utilização do ultrassom focalizado guiado por ressonância magnética, vem se mostrando uma importante alternativa.

O procedimento funciona da seguinte forma:

A paciente é posicionada no aparelho em decúbito ventral, em seguida são realizadas imagens de ressonância magnética dos nódulos e dos tecidos no entorno, com base nestas imagens é traçado um planejamento das áreas que serão atingidas, desta forma as ondas do ultrassom incidem apenas sobre as células do mioma, aumentando a sua temperatura para cerca de 80 °C, destruindo estas células enquanto as áreas adjacentes são preservadas.

 

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CÂMARA ESCURA

É o lugar na qual se desenvolvem os processos de revelação, fixação e lavagem das películas radiográficas, onde se carregam e descarregam os chassis. Deve ser localizada no centro de todas as salas, tendo comunicação direta, para que possamos evitar o desperdício de tempo, sem contar que é menos cansativo para o técnico e o operador. Divide-se em duas partes:

  • Parte seca;
  • Parte úmida;

Parte seca: Onde Ficam as Colgaduras, filmes chassis e demais utensílios. Parte úmida: Onde encontramos os tanques nos quais os filmes  serão submetidos aos diversos banhos necessários. A utilização de ventiladores para circulação do ar ou de exaustão, tem função importante: para que os gases emanados das soluções tóxicas não venham prejudicar o operador. A temperatura de uma câmara escura varia entre 18º e 24°C. Para melhor conservação dos filmes e processamento das radiografias. A umidade relativa do ar deve ser por volta de 50%. Causas de velamento em uma C.E

  • Filtro da luz de segurança com rachadura numa C.E;
  • Buraco da Fechadura;
  • Excesso de tempo sob a ação da luz de segurança;
  • Fresta de portas;
  • Túnel passador de chassis aberto;
  • Negatoscópio de lâmpada fluorescente que, quando apagada continua durante certo tempo a emitir luminosidade; (quando está colocado dentro da C.E).

Efeitos Biologicos das Radiações Ionizantes.

Os efeitos biológicos da radiação são a conseqüência de uma longa série de acontecimentos que se inicia pela excitação e ionização de moléculas no organismo. Há dois mecanismos pelos quais as alterações químicas nas moléculas são produzidas pela radiação ionizante: efeitos diretos e indiretos.
No processo de interação da radiação com a matéria ocorrem ionização e excitação dos átomos e moléculas provocando modificação (ao menos temporária) nas moléculas. O dano mais importante é o que ocorre no DNA.

  • Efeitos físicos: 10-13 s
  • Efeitos químicos: 10-10 s
  • Efeitos biológicos: minutos-anos, é a resposta natural do organismo a um agente agressor, não constitui necessariamente em doença. Ex: redução de leucócitos.
  • Efeitos orgânicos: são as doenças. Incapacidade de recuperação do organismo devido à freqüência ou quantidade dos efeitos biológicos. Ex: catarata, câncer,leucemia.

Efeitos da radiação ionizante nos serem humanos

Classificação dos efeitos Biológicos

  • Classificação segundo a Dose Absorvida: Estocásticos ou Determinísticos
  • Classificação segundo ao Tempo de Manifestação: Imediatos ou Tardios
  • Classificação segundo ao Nível de dano: Somáticos ou Genéticos

Efeito Estocástico:
Leva à transformação celular. Sua causa deve-se a alteração aleatória no DNA de uma única célula que continua a se reproduzir. Quando o dano ocorre em célula germinativa, efeitos genéticos ou hereditários podem ocorrer.
Não apresenta limiar de dose: o dano pode ser causado por uma dose mínima de radiação. Tumores altamente malignos podem ser causados por doses baixas e outros benignos por doses altas. A severidade é constante e independente da dose;

  • A probabilidade de ocorrência é função da dose;
  • São difíceis de serem medidos experimentalmente, devido ao longo período de latência.

Exemplos: câncer, (leucemia de 5 a 7 anos; tumores sólidos de 15 a 10 anos ou mais), efeitos genéticos.

A severidade de um determinado tipo de câncer não é afetada pela dose, mas sim, pelo tipo e localização da condição maligna. Os resultados até o momento parecem indicar que, em indivíduos expostos, além de câncer e tumores malignos em alguns órgãos, nenhum outro efeito estocástico é induzido pela radiação.

Efeito Determinístico:

  • Leva à morte celular
  • Existe limiar de dose: os danos só aparecem a partir de uma determinada dose.
  • A probabilidade de ocorrência e a gravidade do dano estão diretamente relacionadas com o aumento da dose.
  • Geralmente aparecem num curto intervalo de tempo;

Exemplos: catarata, leucopenia, náuseas, anemia, esterilidade, hemorragia, eritema e
necrose.

A morte de um pequeno número de células de um tecido, resultante de exposição à radiação, normalmente não traz nenhuma conseqüência clínica observável. Para indivíduos saudáveis, dependendo do tecido irradiado, nenhum indivíduo apresentará dano para doses de até centenas ou milhares de miliSieverts. Acima de um valor de dose (limiar), o número de indivíduos manifestando o efeito aumentará rapidamente até atingir o valor unitário (100%). Isto decorre das diferenças de sensibilidade entre os indivíduos.

Efeitos Somáticos e Genéticos
Efeitos Somáticos são aqueles que ocorrem no próprio indivíduo irradiado. Podem ser divididos em efeitos Imediatos e efeitos Tardios. Nos Efeitos Genéticos os danos provocados nas células que participam do processo reprodutivo de indivíduos que foram expostos à radiação, podem resultar em defeitos ou mal-formações em indivíduos de sua descendência.

Os Efeitos Somáticos das radiações são aqueles que afetam apenas os indivíduos irradiados, não se transmitindo para seus descendentes. Os efeitos somáticos classificam-se em:

Efeitos imediatos: aqueles efeitos que ocorrem em um período de horas até algumas semanas após a irradiação. Como exemplos de efeitos agudos provocados pela ação de radiações ionizantes pode-se citar eritema, queda de cabelos, necrose de tecido, esterilidade temporária ou permanente, alterações no sistema sangüíneo, etc.
Efeitos tardios: quando os efeitos ocorrem vários meses ou anos após a exposição à radiação. Exemplos dos efeitos crônicos são: o aparecimento de catarata, o câncer, a anemia aplástica, etc.

 

Fatores Elétricos de uma Radiografia

  • Quilovoltagem (KV)
  • Miliamperagem (mA)

Os Fatores Elétricos se relacionam com produção de raios x.
Os Fatores Elétricos, destacam-se dos demais por serem os raios X oriundos da própria eletricidade e como tal, é mister dosa-los muito bem para que os raios X produzidos sejam de qualidade e quantidade adequadas para determinadas espessuras e densidades de uma região respectivamente.

O KV como sabemos determina a quantidade dos raios X e por isso é aplicado de acordo com a espessura da região a ser radiografada e o mA determina a quantidade de raios X que é aplicado de acordo com a densidade da região a ser radiografada.

Quanto maior a espessura da região maior deverá ser a quilovoltagem e quanto mais densa a região maior deverá ser a miliamperagem. Por isso, os fatores elétricos deverão ser aplicados de maneira equilibrada pois só assim será possível produzir-se radiografias de padrão uniforme.
Sendo o KV responsável pela quantidade dos raios X, torna-se indispensável dosa-lo de acordo com a espessura de cada indivíduo.

Para calcularmos a quilovoltagem exata para cada região ou para cada indivíduo, dispomos de um instrumento de medida denominado espessômetro, inventado por Gregório Vidaureta, técnico da “General Elétrica”, que consiste em uma haste de alumínio, no formato de esquadro, sendo o lado mais longo dividido em centímetros e polegadas tendo presa ao mesmo outra haste que pode ser movimentada no sentido longitudinal, que serve para indicar o número de centímetros encontrados na região a ser radiografada. Usa-se centímetros e não polegadas para se medir a espessura. Mede-se a região a ser radiografada, no sentido da incidência dos raios X, isto é, no sentido em que os raios X vão atravessar o objeto, eo número de centímetros encontrados multiplica-se por dois e soma-se com a constante do aparelho (C.A.).

Exemplo:
Espessura 19cm C.A = 25 19×2=38 38+25=63KV

63 KV é quantidade adequada a radiografar.
Controla-se q quilovoltagem por meio de um dispositivo situado na mesa de comando, denominado Seletor de Quilovoltagem. De dez em dez KV ou de dois em dois kv.

Já a miliamperagem não é possível variá-la a maneira da quilovoltagem e sim de um modo que as únicas variações possíveis de se obter, são as de calibragem. Um aparelho por exemplo, de 200 mA, por meio do Seletor de miliamperagem, pode ser calibrado para: 200mA, 150mA, 100mA, 50mA, 25mA. A miliamperagem indicada pelo seletor, é a capacidade do aparelho.
Sempre que fizermos referências sobre a capacidade de determinado aparelho, devemos citar a capacidade de intensidade e capacidade de tensão; assim:-“tal” aparelho é de 100 mA e 90KV de capacidade. No entanto, para nós técnicos, apenas interessa a mA do aparelho, de modo que passaremos a citar a capacidade do mesmo, apenas pela miliamperagem; isto porque, todas as técnicas, sem exceção , são executadas baseadas na mA do aparelho, afim de que se possa determinar o tempo de emissão e por conseguinte a quantidade desejada de raios X.

MILIAMPERAGEM X SEGUNDO (mAs)

As técnicas radiográficas são feitas de acordo com a região a ser examinada e como a densidade das regiões diferem, são necessárias diferentes quantidades de raios X. Além disso, os aparelhos são construídos em diferentes capacidades, de modo que temos de recorrer a outro fator, para que os diferentes aparelhos produzam exatamente a quantidade de raios X necessária para determinada técnica, ou para que aparelhos da mesma capacidade, produzam diferentes quantidades de raios X. Tempo é o fator que usamos para compensar a diferença de capacidade dos aparelhos e determinar a quantidade exata dos raios X que precisamos.Considera-se TEMPO (T), o período em que o aparelho emite raios X. A unidade de tempo em raios, é o segundo. Para regula-lo, os aparelhos dispõe de mecanismos próprios, denominados TIMER, que podem ser mecânicos ou elétricos. Os aparelhos atualizados são elétricos, interrompendo a emissão de raios X exatamente no tempo marcado. O timer situa-se na mesa de comando e de conformidade com a capacidade do aparelho determina 1 segundo ou mais segundos se dividem em décimos, centésimos e atualmente já existem aparelhos até com milésimos de segundo.

O mA (capacidade do aparelho) multiplicado pelo tempo de trabalho de um aparelho, nos fornecera o mAs que é o produto do aparelho num determinado tempo. mAs nada mais é do que uma determinada quantidade de raios X produzidos e pode ser definido da seguinte forma:
mAs é igual a mA multiplicado pelo tempo.
mA é a capacidade do aparelho. mAs é o produto do trabalho do aparelho em um determinado tempo.

Exemplo:
Se um aparelho de 200 mA de capacidade emitir raios X ou trabalhar durante 1 segundo, produzirá:

200mA x 1 = 200 mAs ( 200 vezes 1, é igual a 200 miliampéres por segundo).

200mAs é quantidade que o citado aparelho produzirá em um segundo de trabalho.

Fatores Óticos de uma Radiografia

Os fatores Óticos são todos os fatores que se relacionam com o tubo.

TAMANHO

O fator tamanho refere-se ao tamanho do foco. FOCO FINO e FOCO LARGO ou FOCO GROSSO.

FOCO DE RAIOS X ou PONTO FOCAL: sabemos que é o ponto de placa do anódio onde os elétrons bombardeiam, produzindo em conseqüência raios X. Existem ampolas cuja placa apresenta DOIS PONTOS FOCAIS, um maior que o outro. Ao ponto onde os elétrons bombardeiam em área menor, dá-se o nome de FOCO FINO e ao ponto onde a área de incidência é maior, FOCO LARGO ou FOCO GROSSO.

Ao fato de existirem dois pontos focais, é devido ao catódio ser provido de DOIS FILAMENTOS, um maior que o outro. Quando é aquecido o filamento menor, logicamente os elétrons atraídos bombardearão o anódio em área menor, dada a menor espessura do feixe eletrônico. Isto é óbvio, pois sendo menor o filamento, menos espesso será o feixe eletrônico, o que torna os elétrons mais COMPACTOS e por conseguinte, os raios X produzidos serão mais atenuantes, por serem também mais compactos, mais unidos por assim dizer. É por isso que nos utilizamos do foco fino quando desejamos executar uma técnica, de modo que a radiografia obtida apresente os mínimos detalhes, permitindo assim um leitura mais profunda, para um laudo mais preciso.

A falta de detalhes apresentada por uma radiografia feita em Foco Largo, é conseqüência do halo de penumbra que o mesmo produz na imagem radiográfica. Como sabemos, as linhas de definição de uma radiografia, não devem exceder de 1/7 mm, e o halo de penumbra na imagem, em certas circunstâncias, excede em muito este limite, como por exemplo, quando a distância do objeto do filme é grande.

Tentaremos, através do esquema abaixo, tornará mais compreensível o que se acabou de relatar.

Indubitavelmente as radiografias feitas com foco fino são bem mais detalhadas que as feitas com foco grosso porém, para determinados exames é desaconselhável o uso do foco fino, como por exemplo do coração e vasos, do tubo digestivo e outros. Estes órgãos, devido aos movimentos que lhes são próprios, isto é, ide pendentes de nossa vontade (diástole e sístole do coração, circulação sanguínea, peristaltismo do tubo digestivo) devem ser radiografados dentro do menor espaço de tempo possível e para isso é necessário alta mA para compensar o pouco tempo de exposição. O foco fino, não resiste a alta miliamperagem com pouco tempo de exposição; fatalmente se funde.

Os fabricantes, a fim de preservar o tubo, constroem os aparelhos com calibragem adequada, impossibilitando a aplicação de maior mA mesmo que deseje.

Órgãos cujos movimentos podemos controlar, por serem dependentes de nossa vontade, como os ossos dos membros e extremidades, da cabeça, articulações, etc., podem ser radiografados como foco fino, utilizando-se baixa miliamperagem, compensada com maior tempo de exposição, sem o risco de se fundir.

O foco grosso, apesar de não produzir raios X em condições tão boas quanto aos produzidos no foco fino, tem a vantagem de suportar alta mA, permitindo-nos radiografar o órgão em frações de segundo, sem o risco de se fundir. O prejuízo do detalhe é compensado com a vantagem de poder-se utilizar o foco grosso para todo e qualquer exame.

Os focos são controlados por um dispositivo especial, situados na mesa de comando, denominado COMUTADOR DE FOCO. Quando se liga a corrente para o filamento menor, automaticamente é desligada do filamento maior e vice-versa, não havendo possibilidade de se aquecerem ao mesmo tempo, o que certamente causaria danos a ampola.

Para termos noção do foco que está sendo utilizado, o comutador indica por meio de sinais característicos, pintados ou gravados na mesa de comando, facilmente compreensíveis, geralmente representados por números (1 e 2), por letras ( F e G), por algarismos romanos (I e II), por dois traços, sendo um mais espesso que o outro, havendo também alguns escritos por extenso (fino e grosso) e etc.

DISTÂNCIA

Como fator ótico, o FATOR DISTÂNCIA relaciona-se com o tubo. É a distância compreendida entre o FOCO e o FILME, denominada DISTÂNCIA FOCO FILME.

DISTÂNCIA FOCO FILME (D.F.F.):- A boa densidade de uma radiografia, e o que é o mais importante , a IGUALDADE DE DENSIDADE de uma para outra radiografia, principalmente em se tratando de diferentes órgãos, não será obtida, se não utilizarmos a D.F.F. adequadamente, pois , esta deverá ser utilizada de acordo com os fatores elétricos aplicados. Se aplicarmos determinado mA e KV a uma determinada D.F.F. e depois aumentarmos esta distância, logicamente a radiografia feita com maior distância e os mesmos fatores elétricos, apresentar-se-á menos densa, ou como dizemos na gíria radiológica, ficará “Flou”e se a diminuirmos, a radiografia apresentar-se-á queimada. Além disso, há de se considerar o detalhe e a distorção. Para cada órgão ou região do paciente, devemos utilizar determinada distância, a fim de que a radiografia obtida ofereça-nos o máximo em DETALHE e a mínima DISTORÇÃO. Detalhe é aproximação máxima da imagem radiográfica com o original. Radiografia detalhada é aquela que apresente todas as características possíveis do órgão, inclusive das dimensões.

A imagem do órgão gravada na película radiográfica pelos raios X, se apresenta sempre com as dimensões aumentadas, aumento este causado por diversos fatores, que em capítulos posteriores trataremos com mais minúcias. Dá se o nome de DISTORÇÃO a este aumento. Além do aumento da imagem, a distorção se apresenta sob outros aspectos, como exemplo: das linhas e formas do órgão, ou das relações entre um e outro.

A DISTORÇÃO (aumento da imagem) É INVERSAMENTE PROPORCIONAL À D.F.F UTILIZADA. Dedução: Quanto MENOR a distância, maior é a distorção. É por isso que utilizamos maior a D.F.F. quando desejamos radiografar um órgão ou uma região com a mínima distorção, como por exemplo do coração e vasos da base, mediastino, etc..

A fidelidade da imagem obtida com maior D.F.F., deve-se ao fato de : Quanto MENOR distância, MAIOR é a DIVERGÊNCIA dos raios e quanto MAIOR a distância, tanto mais PARALELOS são os raios. Aliás, o que acabamos de afirmar, é apenas uma expressão teórica e nos apressamos a esclarece-la devidamente, pois na realidade, com a maior ou menor distância, os raios NÂO se tornarão PARALELOS ou DIVERGENTES. De modo algum mudarão seu curso. O feixe de raios X se projeta em linha reta, porem divergente, e esta divergência continuará até o infinito ou finito (não sabemos precisar) aumentando cada vez mais a área de incidência.

Exemplo típico é o projetor cinematográfico, sobejamente conhecido por todos. Quanto maior a sala de projeção, tanto maior deverá ser a tela, pois sendo maior a sala, obviamente tornar-se-á maior a distância do projetor à citada tela, o que torna por sua vez maior a área de incidência do feixe luminoso.

O que podemos afirmar sem receio de embargos é que QUANTO MAIS PRÓXIMOS DO RAIO CENTRAL (centro do feixe de raios X) MAIS PARALELOS SÃO OS RAIOS E QUANTO MAIS DISTANTES DO RAIO CENTRAL, MAIS DIVERGENTES SÃO OS RAIOS.

Observando-se o esquema abaixo, nota-se que o objeto é atingido pelos raios divergentes (raios periféricos do feixe) quando D.F.F. é pequena, sendo seu diâmetro bastante aumentado ao ser projetado no filme, e aumentando-se a D.F.F., os raios divergentes se perdem no espaça ou são absorvidos pelos anti-difusores, sendo o objeto atingido somente pelos raios mais centrai, menos divergentes e o aumento do diâmetro da imagem projetada na película será bem menor. Daí a expressão teórica muito acertada, porém mal interpretada de que: QUANTO MENOR A DISTÂNCIA, MAIS DIVERGENTES SÃO OS RAIOS E QUANTOE MAIOR A DISTÂNCIA, MAIS PARALELOS SÃO OS RAIOS.

Com exceção das técnicas especializadas, as distâncias de BOM EFEITO RADIOGRÁFICO são de 0,75m, a 1,00m para ossos e articulações.

De 1,00m para órgãos abdominais e de 1,50m a 1,83m para o tórax.
Para o coração e vasos da base, a distância ideal para que a distorção seja mínima possível, deverá ser de 2,00m.

Radiografia feita à D.F.F. de 1,83m a 2,00m, chama-se TELERADIOGRAFIA. TELE significa DISTÂNCIA, de modo que teleradiografia que quer dizer RADIOGRAFIA A DISTÂNCIA.

O EFEITO FOTOGRÁFICO DOS RAIOS X É INVERSAMENTE PROPORCIONAL AO QUADRADO DAS DISTÂNCIAS. Concluímos que: quanto MAIOR a D.F.F., MENOR é o poder de penetração dos raios X e quanto MENOR a D.F.F., MAIOR é o poder de penetração dos raios X.

A intensidade dos raios X DIMINUI à medida que é aumentada a D.F.F., assim como AUMENTA quando é diminuída a D.F.F.. Para que o EFEITO FOTOGRÁFICO não seja alterado, produzindo em conseqüência radiografia “Flou ou Grelhada”, aconselha-se compensar o aumento ou diminuição da D.F.F. com um dos fatores elétricos, de preferência o mAs. A experiência nos tem demonstrado de que compensando-se com o KV, o resultado não é tão satisfatório , principalmente porque é difícil criar-se uma fórmula que defina exatamente a quantidade de KV a ser alterada, a fim de compensar a variação das distâncias. Além disso, compensando-se o mAs, as radiografias apresenta-se mais contrastadas.

A técnica radiográfica, para ser bem sucedida, deve obedecer o seguinte critério:

1 DENSIDADE DA REGIÃO.
2 mAs ADEQUADA À REGIÃO.
3 D.F.F. ADEQUADA AO mAs APLICADO, OU VICE-VERSA.
4 KV DE ACORDO COM ESPESSURA DA REGIÃO E A CONSTANTE DO APARELHO.

EFEITO FOTOGRÁFICO

LEI DO INVERSO DOS QUADRADOS:- O EFEITO FOTOGRÁFICO DOS RAIOS X, É INVERSAMENTE PROPORCIONAL AO QUADRADO DA DISTÂNCIA. Este efeito, onde a radiação cobre uma determinada área, a uma distância de 1,00m do ponto focal por exemplo, tem que se dispersar a fim de cobrir uma área QUATRO VEZES MAIOR, quando a citada distância (do foco ao objeto) passa de 1 para 2,00m; isto porque, consoante à geometria a área da base de uma pirâmide que tenha o dobro da altura de uma semelhante, é QUATRO VEZES MAIOR. Como o feixe de raios X tem o formato de uma pirâmide, pois que seus raios são divergentes, conclui-se que a intensidade da radiação (efeito fotográfico ) é QUATRO VEZES MENOR em um ponto da área correspondente à distância aumentada, igual a área da metade desta distância, representam apenas UMA QUARTA PARTE, sendo que os TRÊS QUARTOS restantes se dispersam. Daí a necessidade de se compensar a perda de intensidade dos raios X.

EFEITO ANÓDICO

O Fator Efeito refere-se ao EFEITO ANÓDICO. Efeito Anódico é o efeito causado pela ligeira diferença da radiação produzida e que atinja a película do lado do catódio com mais intensidade.

As observações e experiências, nos tem mostrado que realmente os raios X produzidos do lado do cátodo são mais intensos.

Quanto menor for D.F.F. e maior a película radiográfica, tanto mais se nota o efeito anódico. Essa diferença de intensidade nos indica a NECESSIDADE DE POSICIONARMOS O PACIENTE, sempre que possível, com a PARTE MENOS ESPESSA PARA O LADO DO ANÓDIO. Desta forma, teremos aproveitado o EFEITO ANÓDICO, conseguindo radiografias com equilíbrio de densidade.

O efeito anódico é bastante notado, principalmente nos exames torácicos de pacientes do sexo feminino, devido à superposição dos seios. Se a colocação do tubo estiver incorreta, ou melhor, se o anódio não estiver do lado de cima, indubitavelmente a radiografia apresentar-se-à defeituosa, com opacidade bastante acentuada na região da base pulmonar, impossibilitando muitas vezes um diagnóstico preciso.

Para saber onde se acham o anódio e o catódio no tubo, observa-se nos terminais dos secundários, onde estão gravados ou pintados os sinais + (positivo), e – (negativo). O POSITIVO (+) é o ânodo e o NEGATIVO (-) é o catódio.

Obrigatoriamente, em todos os aparelhos de raios X, quando o tubo esta a 90 graus (horizontal), o anódio deverá estar do lado de cima.

PRODUÇÃO

Mesmo que se dispense os maiores cuidados no manuseio do aparelho de raios X, é inevitável a tendência do tubo em diminuir sua capacidade de transformação de energias, o que vem dificultar sobremaneira a dosagem exata dos fatores elétricos, dosagem esta indispensável para manter-se o padrão radiológico. Fatores elétricos dosados, é sinônimo de Quilovoltagem e Miliaperagem EQUILIBRADOS. Para manter-se o equilíbrio , quando o tubo diminua sua capacidade de produção tem-se de recorrer às compensações na medida do necessário, a fim de MANTER-SE a uniformidade das radiografias. Aliás, não é tão fácil como apresenta ser, conseguir-se compensações adequadas, precisas, sem o risco de “grelhar” ou deixar “flou”uma radiografia.

Sabemos que os raios X são oriundos do ponto de choque dos elétrons quando caminham em grande velocidade e são detidos bruscamente. A atração e detenção dos elétrons é função do ânodo, que tem em sua extremidade uma placa de tungstênio, metal duríssimo que só se funde a uma temperatura de 3.300C., o único , aliás, que se conhece até o presente momento, capaz de resistir, até um certo ponto, repetimos, porque mesmo sendo um material duríssimo, de alto ponto de fusão, tende a formar estrias ao ponto que se dá o impacto dos elétrons (ponto focal) e quando isto sucede, o ânodo terá diminuído sua capacidade de atração, o que importa na diminuição da produção de raios X, pois os elétrons livres pelo aquecimento do filamento do cátodo, não serão aproveitados em quantidade suficiente, de modo a corresponder plenamente á quilovoltagem aplicada. Neste caso, teremos de recorrer à compensação aumentando alguns quilovolts. O aumento do KV tende a crescer com o decorrer do tempo, visto as estrias se acentuarem mais e mais pelo uso, é claro a placa se metaliza, tornando-se inútil, improdutiva, sendo por conseguinte imperiosa a substituição da ampola.

Com intuito de tornar a placa do anódio mais resistente ao impacto dos elétrons, os fabricantes idealizaram um sistema de ampola dotada do anódio rotativo. O ANÓDIO ROTATIVO, quando é excitado o tubo gira a uma velocidade surpreendente e por ser giratório, apresenta sempre à corrente catódica (feixe eletrônico) uma porção diferente de pontos focais, sendo destarte maior sua capacidade de resistência, em virtude de se aquecer infinitamente menos que os anódios fixos.

Além dos inconvenientes das estrias, o ânodo fixo se aquece em demasia e como sabemos que um corpo aquecido passa a liberar elétrons, é óbvio que nestas condições a atração anódica tornar-se-à bastante reduzida, caindo sensivelmente a produção de raios X. O anódio fixo é por assim dizer, INCONSTANTE; ora produz satisfatoriamente, ora não produz. Durante as primeiras radiografias o tubo se comporta muito bem, porém, depois de aquecido, passa a não corresponder a dosagem dos fatores elétricos aplicados. Já com o ânodo rotativo tal não se dá; sua produção é CONSTANTE da primeira á ultima radiografia, mesmo sendo elevado o número delas. Por isso os raios X produzidos no ânodo rotativo, são considerados melhores que os produzidos no ânodo fixo.
A maioria dos aparelhos atualizados são dotados de ampola com anódio rotativo.

Obtém-se a rotação do anódio por meio de um MOTOR DE INDUÇÃO.

ANGULAÇÃO

O Fator Angulação relaciona-se com a ANGULAÇÃO ou POSIÇÃO do tubo. Quando não se trata de técnica especializada, a angulação do tubo deve ser de maneira que os raios X, ao atravessarem o objeto, atinjam a película em sentido PERPENDICULAR e que o R.C., incida no CENTRO da região a ser radiografada e no centro do filme. Quando o R.C. não incide no centro da região a ser radiografada, o lado que se acha mais distante do mesmo será projetado no filme bastante aumentado, aumento este causado pelos raios divergentes. Os raios mais próximos do R.C. são mais paralelos e consequentemente o lado da região correspondente será projetado na película com menos aumento. Uma radiografia tirada nestas condições, por certo apresentará as linhas do contorno do órgão deformadas, maior de um lado que de outro e a isto podemos chamar de DISTORÇÃO. Procuremos lembrar sempre que: QUANTO MAIS PRÓXIMOS DO RAIO CENTRAL, MAIS PARALELOS SÃO OS RAIOS E QUANTO MAIS DISTANTES, MAIS DIVERGENTES.

ANGULAÇÃO DO TUBO, refere-se à posição do tubo em determinado ÂNGULO, destinado a radiografar limitado órgão ou órgãos de uma região, notadamente do crânio, sem interferência de órgãos vizinhos SOB ou SOBREPOSTOS. Em outras palavras: a angulação do tubo, ou do paciente, em certos casos, destina-se a SUPRIMIR a SUPERPOSIÇÃO de órgãos, para que o órgão desejado se torne mais visível na radiografia.

É evidente que em conseqüência da angulação do tubo, a imagem se revele distorcida porém nestas circunstâncias, a distorção poderá ser considerada normal pelo fato de não haver outra alternativa. A imagem do objeto é projetada na película radiográfica, no sentido da angulação bastante aumentada. Quanto mais é angulado o tubo, maior será a distorção.

Só em casos excepcionais deverá ser angulado o tubo. Fora isso a angulação do tubo deve ser tal que o R.C. incida no centro da região a ser radiografada e no centro do filme e em sentido PERPENDICULAR.

Para se ter um sentido mais exato de que foi exposto, observa-se os esquemas abaixo, onde se notam as distorções, causadas uma pela NÃO centralização do R.C. e outra pela angulação DESNECESSÁRIA do tubo.

No sentido de evitar que as técnicas especializadas venham sofrer variações, em conseqüência de angulações incertas, o tubo é provido de um angulador, à semelhança do Goniômetro, dividido em GRAUS, de 0 do vertical, girando para a direita até 90 horizontal, girando para a esquerda, também até 90 do horizontal.

Tipos de Écrans Intensificadores

Contituem de uma camada de micro cristais de fósforo aglutinados. Toda vez que um cristal de fósforo absorve um foton de raios-x, ele emite  um “jato” de luz. Durante a exposição ocorrem milhares de “jatos” em cada milimetro quadrado.Quanto maior for a intensidade dos raios-x, maior a intensidade de luz emitida.

Os écrans reforçadores são compostos por uma lâmina de cartolina ou plástico cobero por uma camada de cristais.

Tipos de ÉCRANS

  1. Tungstato de cálcio: Serve para filme de luz azul.
  2. Elementos de “TERRAS RARAS”: serve para os filmes de luz  verde e azul.

O termo “Terras Raras” descreve elementos minerais pouco encontrados na natureza:

  • Oxibrometo de Lanthanum;
  • Oxisulfato de Lanthanum térbio ativado;
  • Oxisulfato de Gadolinum térbio ativado;
  • Oxisulfato de Ytrium térbio ativado;

Os écrans de “Terras Raras” tem uma vantagem sobre os écrans convencionais  de Tungstato de cálcio: A Velocidade.

São fabricados para atuar em varios niveis de velocidade,mas sem duvida , são duplamente mais velozes que os de Tungstato de calcio.

As vantagens desses écrans são obtidas, pois sendo mais rapidos, tecnicas radiograficas mais rapidas podem ser empregadas, resultando, portanto, em doses mais baixas. A tecnica radiografica mais baixa tambem resulta no dobro de vida útil da ampola.

Formação de Registro de Imagem

  • Filme Radiográfico

O filme radiográfico é um conversor de imagem. Converte luz em diversos tons de cinza. A quantidade de exposição necessária para produzir uma imagem depende da sensibilidade ou velocidade do filme. A velocidade é escolhida tendo-se em mente dois fatores importantes: exposição do paciente e qualidade daimagem. O filme de alta velocidade reduz a dose no paciente, mas, por outro lado degrada a qualidade da imagem.
A estrutura básica de um filme radiográfico é composto de base, emulsão e camada protetora.

  • Estrutura básica de filmes radiográficos de emulsão simples e dupla

A base é feita geralmente de material plástico transparente (em geral de poliéster) ou acetato de celulose e serve para dar suporte à emulsão. A emulsão e a parte principal do filme. Consiste de uma mistura homogênea de gelatina e sais (brometo de prata).
Atualmente o método mais usado para a obtenção de imagens em radiografia convencional é fazendo uso do sistema tela-filme.

  • Telas Intensificadoras

As telas intensificadoras também são chamadas de écrans (origem francesa da palavra tela). As telas intensificadoras são constituídas por 3 camadas : a base, geralmente de plástico, serve de suporte; a camada fluorescente, que consiste de oxisulfitos de terras raras e uma camada final cuja função é proteger o material fluorescente. Este material
fluorescente tem a propriedade de emitir luz quando irradiado por um feixe de raios X. É esta luz que vai impressionar o filme radiográfico. Apenas cerca de 5 % da imagem será formada pela ação direta dos raios X 95 % será formada pela ação da luz proveniente das telas intensificadoras. Daí resulta seu alto rendimento.
A tela é um conversor de energia. O filme radiográfico é muito mais sensível à luz do que aos raios X, consequentemente o uso da tela possibilita uma substancial redução do tempo de exposição o que acarreta uma diminuição da dose transmitida ao paciente (cerca de 100 vezes !).

Monitoração de Area e Monitoração Ocupacional

Monitoração Ocupacional

  • Monitor de Área: Faz a monitoração e o controle ambiental dos niveis de radiação.
  • Monitor Individual: Faz a monitoração de profissionais ocupacionalmente expostos ( Torax e Extremidades).

OBS: TIPOS DE MONITORES: DOSIMETRO TLD E FILME, CANETA DOSIMÉTRICA.

Niveis Mensais

  • Nivel de Registro: até 1,0 mSv;
  • Nivel de Investigação: entre 1,0 mSv e 4mSv;
  • Nivel de Intervenção: acima de 4 mSv.

Monitoração de Área

  • Área Livre: isenta de regras especiais de Segurança.
  • Área Restrita: > 1mSv; (ex: sala de Exames e cabine de comando)
  1. SUPERVISIONADA = 1 mSv – 3 mSv.
  2. CONTROLADA > 3 mSv.

PORTARIA 301_04 (CNEN)- Baixar

Maior Acidente Nuclear no Brasil (Goiânia)

Em setembro de 1987 aconteceu o acidente com o Césio-137 (137Cs) em Goiânia, capital do Estado de Goiás, Brasil. O manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, gerou um acidente que envolveu direta e indiretamente centenas de pessoas. A fonte, com radioatividade de 50.9 TBq (1375 Ci) continha cloreto de césio, composto químico de alta solubilidade. O 137Cs, isótopo radioativo artificial do Césio tem comportamento, no ambiente, semelhante ao do potássio e outros metais alcalinos, podendo ser concentrado em animais e plantas. Sua meia vida física é de 33 anos.

Com a violação do equipamento, foram espalhados no meio ambiente vários fragmentos de 137Cs, na forma de pó azul brilhante, provocando a contaminação de diversos locais, especificamente naqueles onde houve manipulação do material e para onde foram levadas as várias partes do aparelho de radioterapia. Por conter chumbo, material de valor financeiro, a fonte foi vendida para um depósito de ferro-velho, cujo dono a repassou a outros dois depósitos, além de distribuir os fragmentos do material radioativo a parentes e amigos que por sua vez os levaram para suas casas.

As pessoas que tiveram contato com o material radioativo – contato direto na pele (contaminação externa), inalação, ingestão, absorção por penetração através de lesões da pele (contaminação interna) e irradiação -apresentaram, desde os primeiros dias, náuseas, vômitos, diarréia, tonturas e lesões do tipo queimadura na pele. Algumas delas buscaram assistência médica em hospitais locais até que a esposa do dono do depósito de ferro-velho, suspeitando que aquele material tivesse relação com o mal-estar que se abateu sobre sua família, levou a peça para a Divisão de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde, onde finalmente o material foi identificado como radioativo. Devido às características do acidente de Goiânia, as vias potenciais de exposição da população à radiação foram: inalação de material ressuspenso, ingestão de frutas, verduras e animais domésticos e irradiação externa devido ao material depositado no ambiente.

A fonte radioativa foi removida e manipulada indevidamente no dia 13 de setembro, porém o acidente radioativo só foi identificado como tal no dia 29 do mesmo mês, quando foi feita a comunicação à Comissão Nacional de Energia Nuclear –CNEN, que notificou a Agência Internacional de Energia Atômica –AIEA. Foi acionado um plano de emergência do qual participaram CNEN, Furnas Centrais Elétricas S/A –FURNAS, Empresas Nucleares Brasileiras S/A -NUCLEBRÁS, DEFESA CIVIL, ala de emergência nuclear do Hospital Naval Marcílio Dias –HNMD, Secretaria
Estadual de Saúde de Goiás – SES/GO, Hospital Geral de Goiânia –HGG, além de outras instituições locais, nacionais e internacionais que se incorporaram ou auxiliaram a “Operação Césio-137”.

As primeiras providências foram identificar, monitorar, descontaminar e tratar a população envolvida; as áreas consideradas como focos principais de contaminação foram isoladas e iniciou-se a triagem de pessoas no Estádio Olímpico. A descontaminação dos focos principais foi feita removendo-se grandes quantidades de solo e de construções que foram demolidas. Ao mesmo tempo era realizada a monitoração para quantificar a dispersão do 137Cs no ambiente, além de análise de solo, vegetais, água e ar.
Foram identificados e isolados sete focos principais, onde houve a contaminação de pessoas e do ambiente e onde havia altas taxas de exposição.

No total, foram monitoradas 112.800 pessoas, das quais 249 apresentaram significativa contaminação interna e/ou externa, sendo que em 120 delas a contaminação era apenas em roupas e calçados, sendo as mesmas liberadas após a
descontaminação. Os 129 que constituíam o grupo com contaminação interna e/ou externa passaram a receber acompanhamento médico regular. Destes, 79 com contaminação externa receberam tratamento ambulatorial; dos outros 50 radioacidentados e com contaminação interna, 30 foram assistidos em albergues, em semi-isolamento, e 20 foram encaminhados ao Hospital Geral de Goiânia; destes últimos, 14 em estado grave foram transferidos para o Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, onde quatro deles foram a óbito, oito desenvolveram a Síndrome Aguda da Radiação – SAR -, 14 apresentaram falência da medula óssea e 01 sofreu amputação do antebraço. No total, 28 pessoas desenvolveram em maior ou menor intensidade, a Síndrome Cutânea da Radiação (as lesões cutâneas também eram ditas “radiodermites”). Os casos de óbito ocorreram cerca de 04 a 05 semanas após a exposição ao material radioativo, devido a complicações esperadas da SAR – hemorragia (02 pacientes) e infecção generalizada (02 pacientes).

O acidente de Goiânia gerou 3500m3 de lixo radioativo, que foi acondicionado em containeres concretados. O repositório definitivo deste material localiza-se na cidade de Abadia de Goiás, a 23 km de Goiânia, onde a CNEN instalou o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste, que executa a monitoração dos rejeitos radioativos
e controle ambiental.

Para executar o monitoramento sobre os efeitos da exposição à radiação ionizante nas pessoas que foram vítimas deste acidente, o governo do Estado de Goiás criou, em fevereiro de 1988, a Fundação Leide das Neves Ferreira, posteriormente transformada em Superintendência Leide das Neves Ferreira – SULEIDE. Foram definidos grupos de pacientes, de acordo com normas internacionais, que consideram como critérios de classificação a gravidade das lesões cutâneas e a intensidade da contaminação interna e externa, e que determinou a metodologia dos protocolos de
acompanhamento médico.

Os cálculos de dose das pessoas foram feitos com base nos resultados dos exames de dosimetria citogenética, para avaliação da exposição externa; e de análise de excretas e contador de corpo inteiro para avaliação da contaminação
interna. Pela técnica de dosimetria citogenética estima-se a dose recebida através de aberrações cromossomiais causadas pela radiação. A dose estimada é proporcional ao número de aberrações existentes. A técnica de análise de
excretas é chamada de monitoração in vitro e a de contador de corpo inteiro – detectores de radiação são colocados próximos ao corpo e inferem a quantidade de material radioativo incorporado e subseqüentemente a dose – monitoração in vivo.

Das várias lições aprendidas neste acidente, podemos nos referir àquela que trata da nossa responsabilidade em conhecer as conseqüências de se lidar com ciência e tecnologia, e ampliarmos os cuidados que priorizam a ética e o respeito à vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN (1988): Relatório do Acidente Radiológico em Goiânia

Irradiação X Contaminação

Uma contaminação radioativa , caracteriza-se pela presença indesejável de um material em determinado local, onde não deveria estar.
A irradiação é a exposição de um objeto ou um corpo à radiação, o que pode ocorrer a alguma distância, sem necessidade de ocorrer um contato íntimo.
Irradiar, portanto, não significa contaminar. Contaminar com material radioativo, no entanto, implica em irradiar o local, onde esse material estiver.
Por outro lado, a descontaminação consiste em retirar o contaminante (material indesejável) da região onde se localizou. A partir do momento da remoção do contaminante, não há mais irradiação.
Irradiação não contamina mas contaminação irradia.

  • Ex: Contaminação – Contato direto com a Fonte Radioativa (césio-137, cobalto-60, etc.)
  • Ex: Irradiação – o objeto é exposto a radiação da Fonte… mas não entra em contato direto com  a mesma.