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Desmistificando a radiação para fins diagnósticos

Um dos grandes desafios de compreensão que circundam a vida da maioria das pessoas é a radiação – um conceito raramente compreendido que tem o poder de aterrorizar desconhecedores e quase sempre é associado com o mal do século: o câncer. Hoje, o portal Dicas de Radiologia veio trazer para seus leitores a visão profissional de o que é a radiação e explicar de forma simplificada com o objetivo de desconstruir o temor e mostrar que ela está presente até nos mais importantes detalhes de sua vida. Fique ligado.

Créditos na imagem

 


Texto por: Ramon Pedro Pereira Santos, CENIB

O que significa “Radiação”?

Palavra da língua portuguesa derivada do latim;

Segundo o português, é um substantivo que denota o ato de espalhamento;

Segundo a física, é o deslocamento de energia de um ponto a outro;

 

  • O ato de radiar pode ser representado de muitas formas durante o dia a dia: ao lançar um punhado de terra em direção ao ar, uma criança está radiando sedimentos rochosos na atmosfera e um cozinheiro faz o mesmo ao preparar a massa de uma pizza.

 

Aonde a radiação está presente em nossas vidas?

 

  • Os campos de atuação da radiação variam conforme a necessidade humana. O mais evidente deles é o radiodiagnóstico, que é a aplicação dos conceitos radiológicos para auxiliar a detecção de enfermidades. Existe também a atuação da radiação em campos que não são de interesse humano, e que surgem ou não naturalmente em nossas vidas, como os acidentes nucleares ou a radiação solar.

 

Quais são os tipos de radiação existentes?

 

  • Há na natureza dois tipos de radiação, classificadas de acordo com quantidade de energia propagada: a radiação não-ionizante e a radiação ionizante.
    • O ato de ionizar refere-se à desestruturação da eletrosfera de um átomo por meio da ejeção de um de seus elétrons, o que pode acarretar em quebra de ligações químicas e, com isso, degradação do material exposto.
    • Quando exposta a seres vivos, a radiação ionizante pode causar comprometimento das funções fisiológicas da célula alvejada.
  • Há também o conceito de onda que, assim como a radiação, é o deslocamento de energia de um ponto a outro; porém são classificadas de acordo com a forma que se propagam:
    • Onda mecânica: precisa de um intermédio para se propagar, como a onda sonora precisa da atmosfera.
    • Onda eletromagnética: pode se propagar no vácuo, como a luz solar, que consegue chegar até a Terra, através do espaço.
      • É importante ressaltar que, apesar de não possuir massa, como a onda mecânica precisa de um meio para se propagar, a tendência é que seja mais lenta do que a onda eletromagnética, como podemos perceber facilmente ao observar um relâmpago: primeiro se vê a luz, e depois se escuta o som.

 

Quais são os tipos de radiações ionizantes existentes?

 

  • Encontramos na natureza cinco tipos de radiação ionizante: a partícula alfa, partícula beta, gama, radiação ultravioleta e radiação cósmica (neutrino).
    • Partículas alfa, beta e gama são emitidas por átomos que possuem radioatividade (excesso de energia no núcleo) e possuem um vasto espectro de utilidades, desde o tratamento oncológico até aplicação industrial.
      • A gama pode ser encontrada tanto nos elementos radioativos naturais quanto naqueles produzidos pelo homem (artificiais).
    • A radiação ultravioleta é aquela a qual somos expostos diariamente todas as vezes em que nossa pele entra em contato com a luz solar, especialmente nos horários próximos ao meio dia, porém tem a sua severidade reduzida graças a atenuação pela camada de ozônio.
    • A radiação cósmica preenche todo o universo e, embora sua existência seja comprovada desde 1965, não possui relevância direta dentro da atmosfera terrestre.

 

É importante mencionar que tudo (clique aqui) que nos rodeia possui um certo grau de radioatividade (as roupas que vestimos, o ar que respiramos, a comida que comemos, os animais e vegetais, seres humanos, peixes, etc), porém em proporções desprezíveis, que não acarretam consequência alguma para o seu convívio com seres vivos.

 

O que são os raios-X?

 

  • Os raios-X são a variação da radiação gama obtidos apenas como subproduto da corrente elétrica, por meio da interferência humana, e aplicados no radiodiagnóstico.
  • Assim como a luz, os raios-X são também ondas eletromagnéticas que não precisam de uma atmosfera ou de qualquer outro meio para se propagar (o que é fundamental para a sua produção, visto que o vácuo é um importante componente dentro da ampola da aparelhagem).
  • Suas intensidades, ou seja, a quantidade de energia transmitida, varia de acordo com os parâmetros configurados pelo operador de raios-X (regime radiográfico) em uma mesa de comando, que fica no interior de uma cúpula de proteção na sala de exames.

 

É importante mencionar que, embora seja uma decisão do operador, a intensidade de energia aplicada ao paciente deve ser calculada com precisão, a partir dos parâmetros de produção de imagem, para que seja a mínima possível ao passo de que o exame radiográfico fique com a melhor qualidade possível, segundo o princípio ALARA, previsto na portaria 453/98 de proteção radiológica.

 

  • Assim como a radiação ultravioleta é parcialmente atenuada pela camada de ozônio, todos os outros tipos de radiação ionizante são atenuados pelos obstáculos que encontram durante a sua trajetória, e não seria diferente com a radiação X. Para que haja perfeição na confecção da imagem radiográfica, é necessário que haja um cálculo matemático para determinar a quantidade e a potência da energia aplicada no paciente.
  • Devemos sempre nos referir a radiação x no plural, pois há incontáveis fótons de luz presentes em um feixe radiográfico

 

Como as imagens de raios-X são geradas?

Você já deve ter feito aquele experimento de entrar em um ambiente com pouca iluminação, acender uma lanterna em sua mão e movimenta-la para ver como a sombra projetada varia de tamanho e forma. E é exatamente isso que acontece com os raios-X, com duas diferenças: a primeira, é invisível a olho humano; a segunda, ocorre ionização do corpo estudado (que, na analogia, seria a mão).

  • Quando um exame radiográfico de tórax é confeccionado, aquela imagem na película radiográfica nada mais é que uma “sombra” das estruturas anatômicas do tórax que revela também um mapa de densidade dessas estruturas do paciente.
  • Segundo a escala Hounsfield, há 256 tons de cinza possíveis de se encontrar em um exame radiográfico, sendo “0” o branco e o “255” o preto, e cada sutil diferença na variação da cor representa uma diferença na densidade do tecido estudado, sendo os tecidos de maior densidade representados por uma escala de cinza com numeração menor do que um tecido de menor densidade.
    • Dessa forma, quando pegamos uma radiografia de tórax para avaliar, por exemplo, podemos reconhecer o tecido ósseo facilmente em relação aos pulmões devido a diferença de tonalidade de cinza apresentada.

 

Como a radiação x pode ser nociva no dia a dia do operador de raios x?

 

  • Diferente da luz, os raios-X não seguem estritamente o percurso que lhe foi conferido: há a probabilidade de que ocorra o fenômeno chamado “espalhamento Compton”, que acontece quando o fóton de radiação x sofre uma leve variação da angulação do seu percurso ao ionizar um átomo da estrutura radiografada.
  • O fóton pode sofrer tanto nenhum quanto infinitos espalhamentos Compton e, caso sofra espalhamentos suficientes, pode ser que o grau de variação da angulação seja tão intenso que o coloque um percentual na direção do profissional da radiologia.
  • Os incontáveis fótons de raios x produzidos durante a feitura de uma radiografia podem ou não sofrer esse efeito (variando com o regime radiográfico). Portanto, o operador do equipamento de raios x que não cumpre as normas e boas práticas de segurança está se submetendo a um risco considerável a cada exame realizado.
  • Para a proteção do operador, há os chamados Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ou Vestimentas (VPIs) que abrangem luvas, aventais e óculos plumbíferos (com teor de chumbo), a cúpula de proteção (que é feita de um material de alta densidade), etc.

 

Na imagem apresentada, vemos o operador totalmente barricado, enquanto o paciente está “desprotegido”; mas não se preocupe! A intensidade do feixe de raios-X aplicada pelo operador foi calculada de acordo com a sua necessidade e o fato de ele estar utilizando equipamentos de proteção individual se dá pela exposição desnecessária e inevitável que ele pode sofrer por efeito Compton ao longo de todos os exames radiográficos que ele realizará durante a sua carreira profissional.

 


 

SE MANTENHAM LIGADOS, POIS CONTINUAREMOS COM ESSES E OUTROS ASSUNTOS DE INTERESSE.
Portal Dicas de Radiologia
http://dicasderadiologia.com.br/

Escola politécnica CENIB – Centro de Ensinos Integrado Brasil

http://cenib.com.br/site/

E-mail para contato

ramon.ppsantos@hotmail.com

Referências bibliográficas:

Tratado de Posicionamento Radiográfico e Anatomia Associada; por Kenneth L. Bontrager (Autor), John P. Lampignano (Autor)

Técnicas Radiográficas: Princípios Físicos, Anatomia Básica, Posicionamento, Radiologia Digital, Tomografia Computadorizada; por Antônio Biasoli Jr. (Autor)

 

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