Enfermagem
Radiologia intervencionista
Fonte: Instituto de Radiologia Intervencionista do Paraná
O início eram as sangrias… Na Antiguidade, há milhares de anos, os médicos utilizavam sanguessugas para tratar de seus pacientes. O tempo passou: novas técnicas, equipamentos e tecnologias foram surgindo, facilitando o trabalho desses profissionais e garantindo uma vida mais longa para todos nós.
Mesmo com tudo o que já descobrimos a ciência não pára de trabalhar para ampliar ainda mais os horizontes da Medicina. E, dentre essas maravilhosas inovações, uma das mais impressionantes e com maior variedade de aplicações possíveis é a radiologia intervencionista, especialidade médica que, através de tubos finíssimos e de aparelhos de imagens, consegue atuar no interior de nosso corpo de forma nunca antes imaginada.
Essa especialidade diferencia-se por ser minimamente invasiva – em outras palavras, utiliza-se de cortes muito pequenos para inserir, nas veias e artérias, minúsculos catéteres, stents, molas ou agulhas para realizar procedimentos e fazer diagnósticos em diversas partes do corpo. Muitas vezes, como alternativa às cirurgias complexas, que exigem grandes cortes e anestesia mais profunda, profissional radiologista intervencionista, atua de forma menos invasiva. Os procedimentos são realizados com auxílio de um método de imagem, que pode ser o ultra-som, a tomografia computadorizada, a angiografia por subtração digital e a radioscopia, equipamento de alta resolução de imagem capaz de subtrair as imagens de osso vísceras, propiciando imagem apenas dos vasos sanguíneos e, em alguns equipamentos, a reconstrução em três dimensões e até imagens do interior do vaso.
ÚTERO
A embolização de mioma uterino é um dos procedimentos mais comuns da radiologia intervencionista. Mioma é um tipo de tumor benigno que surge na parede do útero, bastante recorrente em mulheres na faixa de 30 a 40 anos.
A embolização é a injeção de minúsculas partículas que bloqueiam o fluxo sanguíneo que alimenta o mioma, fazendo-o regredir e solucionando o problema com um grau de sucesso entre 85% a 95% dos casos. Este tratamento pode ser uma alternativa efetiva à cirurgia tradicional, na qual é retirado o mioma (miomectomia) ou todo o útero (histerectomia). Na embolização, a anestesia é local e o tempo de recuperação é menor. O retorno às atividades profissionais e pessoais é rápido.
ARTÉRIAS E VEIAS VASOS
A radiologia intervencionista conhecida como vascular envolve todos os procedimentos que utilizam artérias e veias como via de acesso para que o catéter chegue ao órgão doente. Porém, em se tratando das próprias veias e artérias, a técnica também tem muito a oferecer, principalmente no tratamento de embolia de pulmão e varicocele. Também são realizados, por meio dessa especialidade, procedimentos para reabrir ou ampliar vasos sangüíneos obstruídos, como no caso de arteriosclerose (endurecimento das artérias) e aneurisma de aorta abdominal e torácico, além da dilatação das artérias carótidas e vertebrais que levam o sangue ao cérebro. O fechamento da passagem de sangue pode levar à perda de membros, derrame cerebral ou comprometimento de órgãos vitais por ocorrência de infartos, derrames e aneurismas. A técnica também possibilita a abertura de um acesso venoso central, recomendado para pacientes que fazem tratamento de hemodiálise ou quimioterapia. Um tubo é inserido pela pele, obtendo-se um acesso simples e indolor para medicações ou coleta sanguínea, livrando o paciente da irritação e desconforto de repetitivas picadas.
CÂNCER
Para pacientes com câncer, a radiologia intervencionista é uma aliada cada vez mais importante tanto na biópsia quanto no tratamento mais rápido, seguro e indolor. Segundo o oncologista Dr. Valdir Furtado, a técnica pode ser utilizada quando o câncer não tem indicação cirúrgica, e principalmente nos casos de câncer de pulmão, mama, ovários, testículos, linfomas e leucemias.
Para alguns tipos de tumores, a quimioembolização é a técnica de tratamento indicada. Pelo catéter, é injetada uma combinação de medicações quimioterápicas para eliminar as células cancerígenas, seguida de pequenas partículas para bloquear as artérias que alimentam o tumor. Este procedimento não significa a cura, mas estudos mostram que em 70% dos casos reduz as lesões, as dores, melhora a qualidade de vida e pode aumentar a sobrevida. A quimioembolização permite evitar ou atenuar os efeitos colaterais das drogas, como quedas de cabelo, náuseas e vômitos. Outra alternativa para o tratamento dos tumores de fígado é a radioablação, realizada através da inserção de uma agulha pela parede do fígado. Esta é ligada a uma fonte geradora de radiofrequência que faz com que o tumor seja integralmente destruido através de uma energia semelhante ao forno de microondas.
CÉREBRO
Em relação à neurologia, a radiologia intervencionista volta-se para o diagnóstico e tratamento de doenças do cérebro, cabeça e pescoço, por meio de um catéter que viaja dentro do corpo através dos vasos sanguíneos. No tratamento de aneurisma cerebral, o catéter chega até o local e serve de condutor para fios muito finos de metal (as micro-molas de platina) que ocupam toda a área e isolam o aneurisma, impedindo a entrada do sangue e o rompimento da lesão, solucionando o problema sem a necessidade de cirurgia. A técnica é chamada de embolização de aneurisma cerebral.
FÍGADO
Um tipo de tumor de fígado, chamado carcinoma hepatocelular, comumente associado à cirrose e ao vírus da hepatite C, tem entre as indicações específicas de tratamento a ablação por radiofreqüência. O método consiste na introdução de uma agulha que chega ao tumor e conduz uma onda de radiofreqüência, “queimando” e destruindo células afetadas pelo câncer. Todo o procedimento é guiado por imagens geradas através de aparelhos de utra-som, tomografia computadorizada. O shunt intra-hepático porto-sistêmico, conhecido no meio médico através da sigla em inglês “tips” e realizável por poucos profissionais radiologistas intervencionistas em nosso país, também é muito comum e cria uma comunicação entre duas veias dentro do fígado, fazendo com que o estado de hipertensão dentro do sistema venoso da veia porta(veia que leva sangue ao fígado), comum em pacientes com cirrose hepática, seja descomprimido. Coloca-se um stent (tubo metálico) para garantir uma maior durabilidade deste procedimento. Outro procedimento intervencionista a drenagem biliar, em que um cateter é colocado através da pele do interior do fígado para drenar a bile. A necessidade deste procedimento é em geral devido a uma obstrução dos dutos biliares, responsáveis pelo carregamento da bile do fígado ao intestino e que, quando ocorre, leva o paciente a um quadro de indisposição e coceira (prurido) intenso, com perda significativa da qualidade de vida.
COLUNA
Na área ortopédica, a radiologia intervencionista trata principalmente dores na coluna vertebral, um dos males que mais atinge homens e mulheres em todo o mundo. Um exemplo no qual este método se aplica com alta taxa de sucesso (em torno de 80% a 90% dos casos) é no tratamento de vértebras fraturadas ou fraturas associadas a doenças como a osteoporose. Para estes pacientes, a indicação mais adequada é a vertebroplastia percutânea, um procedimento que utiliza cimento ortopédico injetado diretamente na vértebra que apresenta a lesão, criando um bloco sólido que dá sustentação e elimina dores, mesmo em pacientes muito idosos e com quadro avançado de osteoporose. A volta às atividades normais, após a intervenção, pode ser feita em dois ou três dias, acelerando não só a recuperação física como também melhorando a disposição psicológica dos pacientes, que retomam a independência e a funcionalidade dos movimentos.
Esses são apenas alguns exemplos de todos os benefícios que a radiologia intervencionista tem a oferecer. Sem dúvida, essa especialidade torna-se, a cada dia, mais relevante na medicina, envolvendo mais de cinqüenta tipos diferentes de procedimentos por todo o corpo, com as mais diversas finalidades. A melhoria constante nos equipamentos angiográficos e nos materiais possibilita, cada vez mais, o tratamento de doenças de forma menos agressiva para o paciente. “A radiologia intervencionista não é mais um diferencial nos hospitais, mas sim uma necessidade. A interdependência das várias especialidades médicas com a radiologia intervencionista chega ao ponto de tornar um fator de risco adicional a não-existência deste serviço”, considera o Dr. Corvello. Um futuro brilhante nos espera.
Densitometria óssea: o exame que detecta osteoporose
Fonte: http://www.minhavida.com.br/saude/tudo-sobre/17075-densitometria-ossea-exame-detecta-osteoporose
A densintometria óssea é o exame ideal para o diagnóstico da osteoporose e da osteopenia por detectar a redução da massa óssea de maneira precoce e precisa. Ele é o método mais utilizado para avaliar a densidade mineral dos ossos e utiliza um aparelho conhecido por utilizar a técnica de DXA (Dual-Energy X-ray Absorptiometry). A densitometria óssea avalia a coluna lombar, a região proximal do fêmur e o terço distal do rádio. Isso porque essas áreas são as que mais estão sujeitas ao risco de fraturas. Esse método utiliza aparelhos sofisticados e que apresentam duas vantagens importantes: são rápidos e produzem uma baixa exposição à radiação – até dez vezes menor que a exposição gerada por uma radiografia normal de tórax. A densitometria óssea é um teste rápido (dura cerca de 5 minutos) e indolor para a medição da densidade mineral óssea.
Indicações:
O exame de densitometria óssea é indicado para mulheres acima de 65 anos e homens acima de 70 anos. Entretanto, pode ser indicado para mulheres abaixo de 65 anos e homens abaixo de 70 anos que preenchem um dos critérios abaixo:
- Baixo Peso (Índice de Massa Corporal menor que 18,5 kg/m²)
- Fratura Prévia
- Medicações que aumentam o risco de osteoporose
- Doenças que aumentam o risco de osteoporose
- Monitorar osteoporose já diagnosticada
- Monitorar tratamento.
O procedimento também tem aplicação em pediatria, para acompanhar o crescimento da criança e do adolescente. Os pediatras pedem a densitometria para avaliar a massa óssea e quanto de massa magra e massa de gordura o paciente tem, funcionando como um complemento à avaliação clássica da idade óssea do Raio-X de mãos e punhos. Em crianças e adolescentes até 20 anos, os sítios usados são coluna e corpo inteiro (o fêmur ainda está em crescimento e não é avaliado). Nesse grupo, compara-se a massa óssea do paciente com crianças da mesma idade e não usamos o termo osteoporose como nos adultos.
Contraindicações:
- Mulheres grávidas ou com suspeita de gravidez, por conta da radiação
- Pessoas que fizeram exame com contraste de iodo ou bário não podem fazer a densitometria óssea durante uma a duas semanas a depender do contraste utilizado (tempo para que seja eliminado do corpo), pois este interfere no resultado. Outros exames radiológicos como os de cintilografia devem ter um intervalo de eliminação determinado pelo médico
- Cirurgia ortopédica extensa ou prótese extensa na região avaliada: no caso de pessoas que tem próteses em um fêmur, é feita a avaliação do outro. Para pessoas que tem prótese na coluna, é feita uma análise do fêmur e outra do antebraço
- Obesidade grave: a maioria dos aparelhos para a densitometria óssea suporta até até 160 kg. Alguns aparelhos suportam até 200 kg.
Como é feito?
A densitometria óssea pode ser feita por um técnico em radiografia ou médico capacitado em densitometria óssea. No momento do exame, você será solicitado a trocar sua roupa por uma vestimenta do hospital, própria para fazer exames. O técnico irá pedir para você se deitar no aparelho, sobre uma mesa acolchoada, e irá posicionar suas pernas em um suporte de esponja, alinhando sua pelve e a coluna vertebral. O laser do aparelho passará em zique-zague sobre os órgãos a serem analisados, irá digitalizar seus ossos e medir a quantidade de radiação que eles absorvem.
O teste de densitometria óssea deverá ser feito em pelo menos dois ossos diferentes, de preferência o quadril e coluna vertebral. No caso das crianças, é feito o scanner do corpo inteiro e coluna. A densitometria óssea não causa dor. Se você tem dor nas costas, pode ser desconfortável ficar parado durante a verificação.
Hemodinâmica, a Radiologia Intervencionista
Fonte: http://radiologiainfoco.blogspot.com.br/2013/12/hemodinamica-radiologia-intervencionista.html
Na Antiguidade, há milhares de anos, os médicos utilizavam sanguessugas para tratar de seus pacientes. O tempo passou: novas técnicas, equipamentos e tecnologias foram surgindo, facilitando o trabalho desses profissionais e garantindo uma vida mais longa para todos nós.
Mesmo com tudo o que já descobrimos a ciência não pára de trabalhar para ampliar ainda mais os horizontes da Medicina. E, dentre essas maravilhosas inovações, uma das mais impressionantes e com maior variedade de aplicações possíveis é a radiologia intervencionista, especialidade médica que, através de tubos finíssimos e de aparelhos de imagens, consegue atuar no interior de nosso corpo de forma nunca antes imaginada.
Essa especialidade diferencia-se por ser minimamente invasiva – em outras palavras, utiliza-se de cortes muito pequenos para inserir, nas veias e artérias, minúsculos cateteres, stents, molas ou agulhas para realizar procedimentos e fazer diagnósticos em diversas partes do corpo. Muitas vezes, como alternativa às cirurgias complexas, que exigem grandes cortes e anestesia mais profunda, profissional radiologista intervencionista, atua de forma menos invasiva. Os procedimentos são realizados com auxílio de um método de imagem, que pode ser o ultra-som, a tomografia computadorizada, a angiografia por subtração digital e a radioscopia, equipamento de alta resolução de imagem capaz de subtrair as imagens de osso vísceras, propiciando imagem apenas dos vasos sanguíneos e, em alguns equipamentos, a reconstrução em três dimensões e até imagens do interior do vaso.
ÚTERO
A embolização de mioma uterino é um dos procedimentos mais comuns da radiologia intervencionista. Mioma é um tipo de tumor benigno que surge na parede do útero, bastante recorrente em mulheres na faixa de 30 a 40 anos.
A embolização é a injeção de minúsculas partículas que bloqueiam o fluxo sanguíneo que alimenta o mioma, fazendo-o regredir e solucionando o problema com um grau de sucesso entre 85% a 95% dos casos. Este tratamento pode ser uma alternativa efetiva à cirurgia tradicional, na qual é retirado o mioma (miomectomia) ou todo o útero (histerectomia). Na embolização, a anestesia é local e o tempo de recuperação é menor. O retorno às atividades profissionais e pessoais é rápido.
ARTÉRIAS E VEIAS VASOS
A radiologia intervencionista conhecida como vascular envolve todos os procedimentos que utilizam artérias e veias como via de acesso para que o catéter chegue ao órgão doente. Porém, em se tratando das próprias veias e artérias, a técnica também tem muito a oferecer, principalmente no tratamento de embolia de pulmão e varicocele. Também são realizados, por meio dessa especialidade, procedimentos para reabrir ou ampliar vasos sangüíneos obstruídos, como no caso de arteriosclerose (endurecimento das artérias) e aneurisma de aorta abdominal e torácico, além da dilatação das artérias carótidas e vertebrais que levam o sangue ao cérebro. O fechamento da passagem de sangue pode levar à perda de membros, derrame cerebral ou comprometimento de órgãos vitais por ocorrência de infartos, derrames e aneurismas. A técnica também possibilita a abertura de um acesso venoso central, recomendado para pacientes que fazem tratamento de hemodiálise ou quimioterapia. Um tubo é inserido pela pele, obtendo-se um acesso simples e indolor para medicações ou coleta sanguínea, livrando o paciente da irritação e desconforto de repetitivas picadas.
CÂNCER
Para pacientes com câncer, a radiologia intervencionista é uma aliada cada vez mais importante tanto na biópsia quanto no tratamento mais rápido, seguro e indolor. Segundo o oncologista Dr. Valdir Furtado, a técnica pode ser utilizada quando o câncer não tem indicação cirúrgica, e principalmente nos casos de câncer de pulmão, mama, ovários, testículos, linfomas e leucemias.
Para alguns tipos de tumores, a quimioembolização é a técnica de tratamento indicada. Pelo catéter, é injetada uma combinação de medicações quimioterápicas para eliminar as células cancerígenas, seguida de pequenas partículas para bloquear as artérias que alimentam o tumor. Este procedimento não significa a cura, mas estudos mostram que em 70% dos casos reduz as lesões, as dores, melhora a qualidade de vida e pode aumentar a sobrevida. A quimioembolização permite evitar ou atenuar os efeitos colaterais das drogas, como quedas de cabelo, náuseas e vômitos. Outra alternativa para o tratamento dos tumores de fígado é a radioablação, realizada através da inserção de uma agulha pela parede do fígado. Esta é ligada a uma fonte geradora de radiofrequência que faz com que o tumor seja integralmente destruido através de uma energia semelhante ao forno de microondas.
CÉREBRO
Em relação à neurologia, a radiologia intervencionista volta-se para o diagnóstico e tratamento de doenças do cérebro, cabeça e pescoço, por meio de um catéter que viaja dentro do corpo através dos vasos sanguíneos. No tratamento de aneurisma cerebral, o catéter chega até o local e serve de condutor para fios muito finos de metal (as micro-molas de platina) que ocupam toda a área e isolam o aneurisma, impedindo a entrada do sangue e o rompimento da lesão, solucionando o problema sem a necessidade de cirurgia. A técnica é chamada de embolização de aneurisma cerebral.
FÍGADO
Um tipo de tumor de fígado, chamado carcinoma hepatocelular, comumente associado à cirrose e ao vírus da hepatite C, tem entre as indicações específicas de tratamento a ablação por radiofreqüência. O método consiste na introdução de uma agulha que chega ao tumor e conduz uma onda de radiofreqüência, “queimando” e destruindo células afetadas pelo câncer. Todo o procedimento é guiado por imagens geradas através de aparelhos de utra-som, tomografia computadorizada. O shunt intra-hepático porto-sistêmico, conhecido no meio médico através da sigla em inglês “tips” e realizável por poucos profissionais radiologistas intervencionistas em nosso país, também é muito comum e cria uma comunicação entre duas veias dentro do fígado, fazendo com que o estado de hipertensão dentro do sistema venoso da veia porta(veia que leva sangue ao fígado), comum em pacientes com cirrose hepática, seja descomprimido. Coloca-se um stent (tubo metálico) para garantir uma maior durabilidade deste procedimento. Outro procedimento intervencionista a drenagem biliar, em que um cateter é colocado através da pele do interior do fígado para drenar a bile. A necessidade deste procedimento é em geral devido a uma obstrução dos dutos biliares, responsáveis pelo carregamento da bile do fígado ao intestino e que, quando ocorre, leva o paciente a um quadro de indisposição e coceira (prurido) intenso, com perda significativa da qualidade de vida.
COLUNA
Na área ortopédica, a radiologia intervencionista trata principalmente dores na coluna vertebral, um dos males que mais atinge homens e mulheres em todo o mundo. Um exemplo no qual este método se aplica com alta taxa de sucesso (em torno de 80% a 90% dos casos) é no tratamento de vértebras fraturadas ou fraturas associadas a doenças como a osteoporose. Para estes pacientes, a indicação mais adequada é a vertebroplastia percutânea, um procedimento que utiliza cimento ortopédico injetado diretamente na vértebra que apresenta a lesão, criando um bloco sólido que dá sustentação e elimina dores, mesmo em pacientes muito idosos e com quadro avançado de osteoporose. A volta às atividades normais, após a intervenção, pode ser feita em dois ou três dias, acelerando não só a recuperação física como também melhorando a disposição psicológica dos pacientes, que retomam a independência e a funcionalidade dos movimentos.
Esses são apenas alguns exemplos de todos os benefícios que a radiologia intervencionista tem a oferecer. Sem dúvida, essa especialidade torna-se, a cada dia, mais relevante na medicina, envolvendo mais de cinquenta tipos diferentes de procedimentos por todo o corpo, com as mais diversas finalidades. A melhoria constante nos equipamentos angiográficos e nos materiais possibilita, cada vez mais, o tratamento de doenças de forma menos agressiva para o paciente. “A radiologia intervencionista não é mais um diferencial nos hospitais, mas sim uma necessidade. A interdependência das várias especialidades médicas com a radiologia intervencionista chega ao ponto de tornar um fator de risco adicional a não-existência deste serviço”, considera o Dr. Corvello. Um futuro brilhante nos espera.
Complicações pulmonares após uso de crack: achados na tomografia computadorizada de alta resolução do tórax
Fonte: Mançano A, Marchiori E, Zanetti G, Escuissato DL, Duarte BC, Apolinário LA. Complicações pulmonares após uso de crack: achados na tomografia computadorizada de alta resolução do tórax. Relato de caso. J Bras Pneumol. 2008;34(5):323-327.
Nos Estados Unidos, calcula-se que a população usuária de cocaína esteja entre 5 e 8 milhões, sendo a principal forma utilizada a de cocaína fumada (crack). No Brasil, embora as estatísticas sejam bastante falhas, vem sendo observado um importante e progressivo aumento no número de usuários deste tipo de droga. A inalação de crack pode induzir uma variedade de alterações pulmonares agudas, incluindo hemorragia alveolar, edema pulmonar agudo e infiltrações pulmonares de diversas naturezas. Os sintomas mais comumente observados são dor torácica, dispnéia, tosse produtiva, febre e hemoptise. Embora alguns artigos na literatura relatem os achados nas radiografias de tórax, raros são os estudos descrevendo especificamente as alterações tomográficas neste grupo de pacientes. Neste trabalho, os autores descrevem um caso de comprometimento pulmonar após uso de crack, enfatizando os achados de tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR).
Relato do caso
Paciente do sexo masculino, 24 anos, previamente sadio e assintomático, foi admitido em unidade de urgência com queixa de dor torácica, tipo pleurítica, nos terços inferiores de ambos os hemitóraces, acompanhada de dispnéia e tosse com escarro hemoptóico, 12 h após o uso de crack. O paciente negava febre, convulsão, perda da consciência, vômitos ou aspiração. Não havia relato de sintomas cardiovasculares ou urinários. Negava o uso de drogas injetáveis. Tabagista de 8 anos/maço.
Ao exame físico, o paciente estava em bom estado geral, sem sinais de agitação psicomotora, corado, hidratado, acianótico, sem rash cutâneo ou petéquias, sendo observada a presença de queimaduras nas pontas dos dedos, fato que levantou suspeita quanto ao uso da droga. As pupilas estavam isocóricas e fotorreagentes, com restante do exame neurológico normal. Pressão arterial de 120/70 mmHg, sem alterações posturais, freqüência respiratória 20 ipm, freqüência cardíaca de 80 bpm. O exame do precórdio estava normal, pulsos regulares com boa amplitude. À ausculta pulmonar, o murmúrio vesicular estava audível universalmente sem ruídos adventícios. O eletrocardiograma era normal.
Os exames laboratoriais à admissão mostravam: hemograma e plaquetas normais; velocidade de hemossedimentação 27 mm na primeira hora; proteína C reativa 192 mg/dL; creatinina 0,8 mg/dL; aspartate aminotransferase 21 U/L; alanine aminotransferase 20 U/L; fosfatase alcalina 61 UI/L; gama-glutamil transpeptidase 20 UI/L; proteínas totais 6,40 g/dL; albumina 3,91 g/dL; globulinas 2,49 g/dL; hemocultura, três amostras negativas; pesquisa de anticorpos anticitoplasma de neutrófilos negativa; pesquisa de anticorpos para HIV I e II negativa; pesquisa de bacilos álcool- ácido resistentes e fungos no escarro negativa, em três amostras. Foi realizada pesquisa de substâncias ilícitas na urina (método cromatografia de camada delgada), que foi positiva.
As radiografias de tórax mostravam consolidações heterogêneas, predominando em campos pulmonares superior e médio bilateralmente, sem sinais de derrame pleural (Figura 1). O paciente foi internado para investigação, sendo então solicitada TCAR (Figura 2), que evidenciou consolidações, nódulos do espaço aéreo e opacidades em vidro fosco, comprometendo de maneira mais evidente os campos pulmonares médios e superiores. Não havia escavações parenquimatosas, nem comprometimento pleural ou mediastinal.
Na internação, o paciente foi tratado com oxigenoterapia por cateter nasal e corticosteróide endovenoso, evoluindo bem, e recebendo alta hospitalar em 4 dias, assintomático, sendo orientado quanto à suspensão da droga e realização de controle tomográfico em duas semanas.
A TCAR de controle, feita 15 dias após o primeiro exame (Figura 3), evidenciou grande melhora radiológica, com persistência de algumas opacidades em vidro fosco esparsas, e aparecimento de algumas escavações onde antes existiam consolidações. O paciente permanece em acompanhamento ambulatorial, sem queixas, e relata ter suspendido definitivamente o uso da droga.
Exposição pulmonar marcada e repetida à cocaína fumada tem sido associada a um largo espectro de complicações pulmonares, incluindo edema pulmonar, hemorragia alveolar difusa, exacerbações agudas graves de asma, barotrauma, infiltrações pulmonares com eosinofilia, pneumonia intersticial não específica e bronquiolite obliterante com pneumonia em organização, bem como infiltrações pulmonares agudas associadas a um espectro de achados clínicos e patológicos, referidas como “pulmão de crack”. O mecanismo pelo qual o crack causa estes variados tipos de agressão pulmonar não está bem estabelecido. Uma vez que hemorragia pulmonar e lesão pulmonar aguda de outras naturezas são radiologicamente indistinguíveis, o desenvolvimento de falência respiratória com opacidades bilaterais que aparecem logo após o uso do crack e clareiam rapidamente após a interrupção do uso também tem sido denominado “pulmão de crack”.
As alterações pulmonares mais comuns são o edema e a hemorragia alveolar. O edema pode ser de natureza cardiogênica ou não cardiogênica, por aumento da permeabilidade capilar pulmonar. Achados de necropsia mostram que a hemorragia alveolar é muito freqüente neste grupo, não só de forma aguda, como muitas vezes de forma crônica, sem a ocorrência de hemoptise, cursando de forma assintomática.
O barotrauma pode se desenvolver, como resultado do acentuado esforço inspiratório, freqüentemente seguido por manobra de Valsalva prolongada e tosse violenta, que acompanha a inalação dos vapores de cocaína. O súbito aumento da pressão intrabrônquica e intra-alveolar, com ruptura alveolar e penetração do ar no interstício, pode acarretar pneumomediastino, pneumotórax ou pneumopericárdio.
Embora não possa ser definido com exatidão que a cocaína seja a responsável pela síndrome pulmonar aguda observada em nosso paciente, a relação temporal entre o ato de fumar o crack e o início do quadro, a ausência clínica e laboratorial de outras afecções que justificassem a sintomatologia e a resolução rápida das lesões pulmonares após a interrupção do uso da droga permitiram que tal relação pudesse ser feita. Tem sido observado, nos últimos anos, um aumento muito grande no uso de cocaína fumada. O médico assistente deve estar atento a essa possibilidade diagnóstica, e conhecer suas múltiplas manifestações clínicas e radiológicas, devendo ser ressaltado que, muitas vezes, a história do uso da droga é omitida pelos pacientes.
Diagnósticos de enfermagem mais prevalentes em pacientes oncológicos em tratamento radioterápico
Fonte: MOREIRA, C.B.; SILVA, A. M. L.; SANTOS, M. C. L.; FERNANDES, A. F. C.. SAE: Diagnósticos de enfermagem mais prevalentes em pacientes oncológicos em tratamento radioterápico. In: I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO UECE/CE/BRASIL E UCAM/MURCIA/ESPANHA E XVIII ENFERMAIO, 2014, FORTALEZA. I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO UECE/CE/BRASIL E UCAM/MURCIA/ESPANHA E XVIII ENFERMAIO, 2014.
INTRODUÇÃO
O câncer se tornou em um evidente problema de saúde pública mundial, e no Brasil ocorrerão aproximadamente 576 mil casos novos de câncer em 2014. Considerando o aumento da incidência de câncer no país e a necessidade dos profissionais de saúde estarem habilitados a atuar no processo de cuidado ao paciente oncológico, o enfermeiro destaca-se nesse cenário com um diferencial, pois atua com uma visão holística do paciente, cuidando além da doença que o trouxe ao serviço de saúde. Dentre as modalidades de tratamento do câncer, a radioterapia é uma das mais utilizadas. Apesar de ser um tratamento localizado, pode gerar danos às células normais circunvizinhas ao tumor gerando reações agudas ou tardias que são comumente observadas nos pacientes que se submetem a este tipo de tratamento. O enfermeiro tem um papel importante diante do cliente submetido à radioterapia prestando cuidados direcionados que venham a prevenir as complicações durante e após o tratamento e tratá-las quando não puderem ser evitadas. Neste contexto, a identificação dos diagnósticos de enfermagem (DE’s) mais prevalentes nessa população especifica é crucial para a implementação de uma prática de enfermagem sistematizada em oncologia visando à qualidade assistencial e segurança do paciente dentro do processo de cuidar.
OBJETIVO
Avaliar as evidências disponíveis na literatura sobre os DE’s mais prevalentes relacionados a pacientes oncológicos em tratamento radioterápico.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Seguiram-se as seguintes etapas para a elaboração deste estudo: estabelecimento da hipótese e objetivos da revisão integrativa; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de artigos (seleção da amostra); definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados; análise dos resultados; discussão e apresentação dos resultados e a última etapa consistiu na apresentação da revisão. Elaborou-se a questão norteadora: “Quais os principais diagnósticos de enfermagem descritos na literatura para pacientes oncológicos em tratamento radioterápico?”. Foram utilizadas as bases de dados LILACS, SCiELO e BDENF. Utilizaram-se os descritores controlados (DeCS): Processos de enfermagem, cuidados de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, radioterapia e oncologia. Após percorrer a etapas descritas, obteve-se amostra final composta por sete artigos.
RESULTADOS
Metade dos artigos foram publicados há um período superior a 10 anos o que mostra a escassez de estudos relacionando DE’s e pacientes com câncer. Os DE’s mais citados pelos autores foram: Dor (n=5); Fadiga (n=3), Nutrição alterada: menos que as necessidades corporais (n=3), Risco de infecção (n=3), déficit de conhecimento (n=3), Integridade tissular prejudicada (n=3), Ansiedade (n=3), Diarreia (n=3), Eliminação urinaria alterada (n=3), Prejuízo na mobilidade física (n=3), Constipação (n=3), Medo (n=3), Processo familiar alterado (n=3) e Integridade da pele prejudicada (n=2). Em menor prevalência (n=1), foram encontrados os DE’s relacionados a fatores psicológicos.
CONCLUSÃO
Os DE’s mais prevalentes são os relacionados aos aspectos físicos e deve-se atentar para seu cuidado/manejo na implementação da assistência de enfermagem ao paciente oncológico submetido à radioterapia. Percebe-se a necessidade de se fazerem mais estudos abordando os DE’s e pacientes com câncer, onde a atuação da enfermagem tem se expandido nos últimos anos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Instituto Nacional do Câncer. Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama/cancer_mama>. Acesso em: 09 maio 2014.
DENARDI, H.A. et al. Enfermagem em Radioterapia. 1ª edição. São Paulo: LEMAR, 2008. 436p.
SILVA, M.M.; MOREIRA, M.C. Sistematização da assistência de enfermagem em cuidados paliativos na oncologia: visão dos enfermeiro. Acta Paul Enferm. v. 24, n.2, p. 172-8, 2011.
XV Congreso de Radiologia e Diagnósticopor Imagem do HC-FMUSP
As estratégias de enfrentamento de pacientes durante o tratamento de radioterapia
Fonte: LORENCETTI, Ariane; SIMONETTI, Janete Pessuto. As estratégias de enfrentamento de pacientes durante o tratamento de radioterapia. Rev Latino-am Enfermagem. nov/dez. 2005.
O câncer é uma doença que traz muitas alterações para a pessoa que passa por essa experiência, tanto alterações físicas como psicológicas, causando transtornos para a vida desses pacientes. É um tema que, apesar do grande avanço tecnológico, é pouco explorado quanto à assistência de enfermagem, alterações físicas e emocionais que os pacientes podem apresentar, estando inserido dentro de um contexto entendido pela sociedade como sinônimo de sofrimento e morte.
A palavra câncer tem sido interpretada de várias formas. Esse termo pode ser definido como um tecido celular, cujo mecanismo de controle do crescimento normal está alterado, dando lugar ao seu crescimento permanente ou, então, como uma doença que tem início quando uma célula se torna anormal devido à transformação por mutação genética do DNA celular, que começa a se proliferar anormalmente. Essas invadem tecidos circunvizinhos, acessando os vasos linfáticos e sanguíneos, através dos quais podem ser transportadas para outras áreas do corpo formando metástases.
Em nossa sociedade, o câncer continua sendo uma enfermidade muito importante, tanto qualitativa como quantitativamente. Sua incidência e índices de mortalidade são cada vez mais elevados e, embora afete todas as faixas etárias, na maioria das vezes acomete as pessoas com mais de 65 anos de idade, sendo que os homens sofrem maior incidência de câncer do que as mulheres.
Os pacientes com suspeita de câncer passam por uma série de testes diagnósticos, variando de acordo com o tipo. Os objetivos dos tratamentos possíveis podem incluir a erradicação completa da doença maligna, sobrevida prolongada e contenção do crescimento das células cancerosas, ou alívio dos sintomas associados ao processo canceroso. Podem também ser empregadas outras modalidades de tratamento, incluindo cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
Alguns tipos de câncer podem permanecer em seu local de origem, podendo também ser impossível a sua detecção em virtude de sua localização anatômica ou devido à infiltração nas estruturas vitais próximas, dificultando o tratamento, já que sua remoção pode afetar severamente a função fisiológica. Nessas circunstâncias, a radioterapia é uma das opções de tratamento curativo.
A radioterapia é um tratamento localizado, que usa radiação ionizante, produzida por aparelhos ou emitida por radioisótopos naturais. É, na sua grande maioria, feita em regime ambulatorial. A dose total é fracionada em aplicações diárias por um período variável de até dois meses.
Sua indicação no tratamento do câncer ocorre em três circunstâncias: não há outro tratamento curativo; a terapia alternativa é considerada tóxica ou como função paliativa em casos avançados. Tem como finalidade a interrupção do crescimento e reprodução de células cancerosas e normais. Como as células malignas crescem rapidamente, muitas delas estarão se dividindo e serão mais susceptíveis à radioterapia do que as células normais.
A radiação pode, às vezes, afetar o tecido normal, causando efeitos colaterais que dependem do tipo de câncer, de características do indivíduo, da quantidade de radiação aplicada, e principalmente da parte do corpo a ser tratada.
Os pacientes tratados com a radioterapia podem experimentar diversos efeitos colaterais como dor, fadiga, alterações cutâneas, perda da auto-estima e confiança, mudanças na mobilidade e sensação no lado afetado, choque emocional, confusão, ansiedade, angústia, medo, sentimentos de isolamento e mudanças na rotina.
Os pacientes oncológicos submetidos à radioterapia, também necessitam de cuidados específicos de enfermagem. O papel da enfermagem, portanto, é ajudar os pacientes não só a lidar com os efeitos colaterais como também com problemas emocionais durante a radioterapia.
Apesar dos avanços obtidos no conhecimento sobre essa doença e seu tratamento, o simples fato de se utilizar a palavra câncer para designar um conjunto de patologias tumorais já indica a necessidade da integração entre os vértices psicológico e médico, pois se observa enorme conteúdo emocional ligado à ideia câncer. É comum a associação do câncer com doença fatal, vergonhosa e comumente considerada como sinônimo de morte, o que contribui para que as pessoas mantenham sentimentos exclusivamente pessimistas sobre a doença.
A assistência de enfermagem ao paciente canceroso e familiar consiste em permitir a todos verbalizar seus sentimentos e valorizá-los; identificar áreas potencialmente problemáticas; auxiliar o paciente e familiares a identificar e mobilizar fontes de ajuda, informações, busca de soluções dos problemas; permitir tomadas de decisões sobre o tratamento proposto e levar a pessoa ao autocuidado dentro do possível.
Todo esse contexto da doença propriamente dita e do tratamento podem gerar estresse, trazendo sinais e sintomas como: apatia, depressão, desânimo, sensação de desalento, hipersensibilidade emotiva, raiva, ansiedade, irritabilidade.
Diante disso, o que pode fazer a diferença no resultado de adaptação do indivíduo é o coping, entendido como enfrentamento de uma situação. E estar em coping significa que o indivíduo está tentando superar o que lhe está causando estresse.
As alterações orgânicas ligadas ao estresse têm uma etapa que é biológica e que foge do controle do indivíduo, mas há também uma fase da qual participam algumas funções cognitivas, emocionais e comportamentais, que podem influenciar em tais alterações.
O coping é um processo através do qual o indivíduo controla as demandas da relação com o meio para satisfazer as demandas sociais, manter os estados físico, psicológico e social estáveis e controlar os estressores potenciais antes deles se tornarem uma ameaça.
Será efetivo quando o comportamento utilizado amenizar os sentimentos desconfortáveis, associados a ameaças ou perdas. Será inefetivo se a situação ameaçadora não for manejada de forma eficaz, resultando em crise e, se não for resolvida, podem ocorrer desequilíbrios psicológicos e fisiológicos.
Os métodos de coping são denominados de padrões diretos quando estão relacionados com o uso de habilidades para solucionar problemas, envolvendo o indivíduo em alguma ação que afeta a demanda de alguma forma e padrões indiretos quando incluem estratégias que não modificam as demandas na realidade, mas alteram a forma pela qual a pessoa experimenta a demanda (coping paliativo).
Os padrões indiretos são usados para que o indivíduo possa se ajustar às situações que não podem ser resolvidas. O uso do coping paliativo serve para que a pessoa tenha um tempo para que a demanda possa mudar ou para que o indivíduo seja capaz de elaborar um coping direto. As estratégias aqui usadas englobam os mecanismos de negação, repressão, isolamento ou fuga.
Podem ser classificados em físico (caminhar, nadar, uso de técnicas de relaxamento), psicointelectual (meditação, confecção de trabalhos artesanais, fantasias, reavaliação cognitiva), social (frequentar um clube, atividades de recreação em grupos, conversar com amigos) e espiritual (participar de atividades religiosas, ler livros religiosos, conversar com padres, pastores, rezar).
No que diz respeito às funções de coping, esse pode ser classificado em coping centrado no problema ou centrado na emoção. O coping centrado no problema refere-se aos esforços de administrar ou alterar os problemas, ou então melhorar o relacionamento entre as pessoas e o seu meio. São estratégias consideradas adaptativas mais voltadas para a realidade, na tentativa de remover ou abrandar a fonte estressora. Podem estar dirigidas ao ambiente na definição do problema, levantamento e avaliação de soluções, escolha de alternativas e ação.
O coping centrado na emoção descreve a tentativa de substituir ou regular o impacto emocional do estresse no indivíduo, derivando principalmente de processos defensivos, o que faz com que as pessoas evitem confrontar conscientemente com a realidade de ameaça.
Diversos estudos também utilizaram o referencial coping para analisar os enfrentamentos que podem ocorrer diante de situações de estresse, associadas a problemas de saúde. Uma pesquisa junto a indivíduos portadores de hipertensão arterial buscou quais os mecanismos de coping que são usados e se há influência de tais mecanismos no controle da doença. Foram selecionados 18 indivíduos para a realização de consulta de enfermagem e levantamento dos hábitos e estilo de vida, relacionados aos fatores de risco para a hipertensão arterial. Quando o tratamento recomendado era seguido, os comportamentos apresentados foram interpretados como mecanismos de coping eficazes e quando tais recomendações não eram executadas, como ineficazes. Observou-se que, mesmo com mecanismos eficazes de coping, a maioria dos pacientes não estava com a pressão arterial controlada e que o enfoque era centrado na emoção. A ansiedade e os mecanismos de coping utilizados por pacientes cirúrgicos ambulatoriais também foram estudados em 40 pacientes, sendo que esses apresentaram baixa ansiedade e utilizaram o suporte social como a estratégia de coping mais presente entre eles.
Pacientes idosos em condições crônicas de saúde apresentaram mecanismos de coping, tanto enfocados na emoção (participação em grupos de idosos, busca de ajuda de familiares, rejeição de perdas naturais), como no problema (busca de atendimento médico, cuidados com o corpo), demonstrando uma forma saudável de enfrentar a situação. Adaptar-se ou não a um dado acontecimento, enfrentar situações semelhantes de formas bastante diversificadas dependem de inúmeros fatores que englobam aspectos culturais, emocionais, vivências anteriores e características pessoais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A interação junto ao meio ambiente pode resultar em situações de estresse bem como respostas a tais ocorrências. Enfrentá-las é, por vezes, um grande desafio, principalmente, quando se trata de uma doença. Neste estudo pôde-se observar que os pacientes, ao enfrentarem o câncer e a radioterapia, elaboraram formas de enfrentamento tanto baseadas na emoção, como no problema. Talvez porque tenham tido medo do desconhecido e, inicialmente, não conseguiram encarar a questão e buscaram maneiras de amenizar os fatos (confiando em Deus, tendo sentimentos de medo, tristeza, revolta). Depois, com o passar das sessões, devem ter adquirido mais confiança e passaram a ver o tratamento como uma etapa a ser cumprida em suas vidas. Talvez se possa atuar junto a essa clientela, auxiliando-os nos enfrentamentos, fornecendo-lhes maiores informações sobre os efeitos da radioterapia, como serão realizadas as sessões e quais as alterações que poderão ocorrer durante esse tipo de tratamento. Além disso, pode-se também organizar os dados observados para se entender as diferentes formas de enfrentamentos.
Desenvolvimento de Módulos Dosimétricos para Radiologia
Fonte: SOUZA, D.N.. Desenvolvimento de Módulos Dosimétricos para Radiologia. In: II Seminário de Pesquisa FAP-SE – Edital FAP-SE/ FUNTEC 2002, 2004, Aracaju. Anais Seminário de Pesquisa. Aracaju: FAP-SE, 2004. v. 1.
A principal fonte de exposição da população às radiações ionizantes artificiais são os exames radiológicos na área da saúde. Entretanto, as doses absorvidas em decorrência dos procedimentos nesta área são pequenas, quando comparadas com procedimentos radioterapêuticos, normalmente, não oferecendo riscos para a indução de efeitos determinísticos (De Werd et al, 1999). Mesmo assim, muitos dos procedimentos utilizados na radiologia clínica podem contribuir com uma dose de radiação significante ao paciente, até mesmo quando executados por operadores treinados no uso de tecnologias de redução de dose e de equipamentos modernos (Kron, 1999).
Diretrizes de proteção radiológica, com relevância para a proteção da saúde dos usuários de radiologia médica, têm sido editadas por órgãos nacionais e internacionais com o objetivo básico de estabelecer de otimização de serviços radiológicos, no que se refere ao controle de qualidade, a fim de estabelecer critérios para o uso da dose mínima necessária para alcançar uma boa qualidade da imagem (Ministério da Saúde, 1998; European Council Directive, 1997).
Uma das formas de investigação das doses absorvidas em procedimentos radiológicos é por meio de análises com módulos simuladores de partes do corpo humano. Estes módulos são compostos por material equivalente a tecido e dosímetros termoluminescentes (TLD). Os TLD são muito úteis em dosimetria médica, devido a qualidades como tamanho reduzido dos detectores e a possibilidade de serem produzidos com material de número atômico semelhante ao tecido biológico, tornando-os tecido equivalente.
O objetivo deste trabalho foi testar uma possibilidade de utilizar módulos simuladores dosimétricos, constituídos de acrílico e TLD, para aferição de dose em exames radiológicos de tórax de crianças e coluna espinhal de adultos realizados Aracaju, SE.
A investigação das doses absosrvidas por crianças em procedimentos radiológicos tem sido objeto de nvestigação em diversos trbalhos. Como as crianças estão sujeitas a sofrer, com um maior risco que os adultos, efeitos prejudiciais de exposição à radiação ionizante, é importante que a dose de radiação para crianças, decorrentes de exposição médica, seja criteriosamente analisada (Mooney e colaboradores, 1999; Oliveira e Khoury, 2003).
Embora não sejam encontrados na literatura trabalhos sobre dosimetria em densitometria óssea, é importante mensurar as doses absorvidas por indivíduos que se submetem a este tipo de exame. A medida da densidade mineral do osso, chamada densitometria óssea, pode ser realizada por um aparelho especial que utilize raios X de baixa energia. Este método é baseado no princípio da absorção de radiação pelos ossos. Seu objetivo é a comparação dos valores das densidades minerais de determinados ossos, obtidas por meio do exame densitométrico, com valores padrões para idade e sexo. Esta comparação possibilitará a obtenção da curva de perda óssea através do tempo para cada indivíduo (Heidekker et al, 2004).
Materiais e métodos
Fantomas (módulos simuladores) foram projetados e construídos para simular as dimensões dos tórax de crianças de dois, seis e dez anos de idade. Para cada idade foram construídos dois blocos de acrílico, preenchidos com água. Juntos, o par adquiria as dimensões relativas a cada idade (espessura, largura e altura). A espessura define o diâmetro ântero-posterior e a largura, o diâmetro látero-lateral dos módulos. Cada um dos blocos componentes do módulo simulador para a idade de dois anos possui 8,0 cm de espessura, 13,0 cm de largura e 16,5 cm de altura. Para a idade de seis anos estas dimensões são 10,0 cm, 14,0 cm, e 17,5 cm, respectivamente. O módulo simulador para a idade de dez anos tem a espessura de 12,0 cm, as demais dimensões são iguais as do módulo para a idade de seis anos.
Nos módulos simuladores de tórax, foram posicionados grupos de TLD-100 (LiF:Mg;Ti) na superfície de entrada e de saída do feixe e na meiaespessura. Uma câmara de ionização (MDH X-ray 2025) equivalente-ar foi utilizada para medidas de dose na superfície de entrada do feixe nos módulos. A dose na superfície de entrada foi expressa em termos de dose absorvida no ar, que é equivalente ao kerma no ar para as energias utilizadas em radiodiagnóstico (European Council Directive, 1997). As incertezas nas medidas com câmara de ionização foram de ± 3%.
Antes dos procedimentos de irradiação os TLD passaram por tratamentos térmicos para restaurar sua capacidade dosimétrica.
As medidas de termoluminescência foram feitas em uma leitora comercial Harshaw 3500, utilizando-se um programa de aquecimento linear com uma taxa de 5ºC/s no intervalo de temperatura entre 40 e 350 ºC.
Os parâmetros para as exposições radiográficas foram selecionados por radiologistas das duas instituições onde foram realizados os procedimentos, na Clínica de Medicina Nuclear, Endocrinologia e Diabetes (CLIMEDI) e no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe. Os equipamentos de raios X eram de marca Siemens. A Tabela 1 mostra os parâmetros técnicos utilizados nos exames radiográficos dos módulos simuladores de tórax.
As análises em densitometria óssea também foram realizadas utilizando-se um módulo dosimétrico de acrílico construído com placas de 9,0 mm de espessura. Após a montagem e colagem das placas, o módulo adquiriu o formato de paralelepípedo, com 3,0 cm de espessura, 3,0 cm de largura e 30,0 cm de comprimento (figura 1). Uma placa adicional de acrílico foi colocada sobre o módulo. Os dosímetros foram colocados sobre a placa adicional (na entrada do feixe), sob a placa adicional, na profundidade de 9.0 mm, e sob o módulo simulador.
As irradiações em densitometria foram feitas em um aparelho de marca PRODIGY pertencente à CLIMEDI. Como dosímetro, foram utilizadas pastilhas de CaSO4:Dy, por apresentar boa resposta termoluminescente quando expostas a energia do densitômetro e por serem de menor custo que os dosímetros TLD-100.
Resultados
Foram verificadas as doses absorvidas pelos módulos simuladores em exames radiológicos de tórax de criança e em análises densitométricas de coluna lombar.
A dose na superfície de entrada do módulo simulador de tórax de criança de dois anos, medida com uma câmara de ionização, foi de 78µGy. Tomando-se este valor como referência, foram estimadas as doses absorvidas na meia espessura e na superfície de saída do módulo, utilizando-se a resposta à dose dos TLD, foram calculadas as doses nas demais posições. Na meia espessura e na superfície de saída do módulo as doses foram 62,8% e 74,1% menores, respectivamente, que a dose absorvida pela superfície do módulo.
As doses absorvidas nos simuladores de crianças de seis e dez anos foram obtidas seguindo os mesmos procedimentos realizados para o módulo simulador de criança de dois anos. Para o módulo simulador de tórax de criança de seis anos, a dose na superfície de entrada foi de 74,4µGy espessura e na superfície de saída do feixe as doses foram 73,9% e 83,8% menores, respectivamente, do que a dose na superfície de entrada do feixe. O módulo simulador para tórax de criança de dez anos mostrou resultados similares aos observados no de seis anos.
As análises com o módulo de coluna lombar mostraram que a menor dose absorvida na entrada do módulo foi de 36.7 µGy. As doses sob a placa de 9 mm foram 42% menores que na superfície de entrada. As doses na saída tiveram seus valores reduzidos em 63%.
Conclusões
Os resultados analisados neste trabalho indicam que os módulos simuladores de tórax para uso em procedimentos de aferição de doses em radiologia pediátrica, construídos com acrílico, são potencialmente utilizáveis em controle de qualidade nestes procedimentos. Devido à facilidade de montagem destes módulos e ao baixo custo de produção, podem ser facilmente construídos com dimensões variadas.
O módulo da coluna lombar mostrou-se eficiente para dosimetria de feixes de raios-X utilizados em densitometria óssea. Como esperado, os dosímetros de CaSO4:Dy apresentaram uma resposta TL proporcional às doses liberadas pelo densitômetro.
Complicações bucais da radioterapia em cabeça e pescoço
Fonte: JHAM, B. C.; FREIRE, A. R. S. Complicações bucais da radioterapia em cabeça e pescoço. Rev Bras Otorrinolaringol 2006;72(5):704-8.
Anualmente, são diagnosticados no mundo cerca de 870 mil novos casos de tumores malignos das vias aerodigestivas superiores. As taxas de incidência destas neoplasias em países não-desenvolvidos são superadas somente pelas taxas do câncer do colo uterino. O tratamento de escolha para essas neoplasias é a cirurgia, associada ou não à radioterapia. Cirurgia e radioterapia são formas de tratamento para a doença localizada ou regional.
Muitos dos pacientes que apresentam câncer de cabeça e pescoço são submetidos a altas doses de radioterapia em extensos campos de radiação que irão incluir a cavidade bucal, maxila, mandíbula e glândulas salivares. A radioterapia, apesar de apresentar a vantagem de preservar a estrutura dos tecidos, acarreta em inúmeras reações adversas que se manifestam na cavidade bucal. Tendo em vista que as complicações bucais decorrentes da radioterapia resultam em alta morbidade e queda da qualidade de vida, o objetivo desta revisão é abordar os principais efeitos adversos bucais decorrentes da radioterapia.
Aspectos biológicos da radioterapia
Radioterapia é uma modalidade de tratamento para tumores malignos cujo agente terapêutico é a radiação ionizante, ou seja, aquela que promove ionização no meio onde incide, tornando-o eletricamente instável. As radiações ionizantes são divididas em corpusculares e eletromagnéticas. As radiações corpusculares são representadas pelos elétrons, prótons e nêutrons; as radiações eletromagnéticas são chamadas de fótons, sendo representadas pelos raios X e pelos raios gama. Na prática clínica, a maior parte dos tratamentos radioterápicos é feita através do uso de fótons.
As radiações ionizantes agem sobre o DNA nuclear levando à morte ou à perda da sua capacidade reprodutiva. Como o conteúdo de DNA duplica durante a mitose, células com alto grau de atividade mitótica são mais radiossensíveis do que aquelas com baixa taxa de mitose. A ação da radiação pode ser direta ou indireta. Na ação direta, a molécula de DNA é clivada, o que interfere no processo de duplicação. No efeito indireto, a água é dissociada em seus dois elementos, H+ e OH-, sendo que este último reage com as bases de DNA, interferindo no processo de duplicação. Como a água representa a maior parte do conteúdo celular, o efeito indireto é proporcionalmente mais importante que o direto.
Por estarem em contínuo processo de multiplicação, as células neoplásicas são passíveis de sofrerem os efeitos da radiação. Entretanto, a capacidade de multiplicação varia de acordo com o tipo celular. Desta forma, existe uma escala de radiossensibilidade tanto para células tumorais como para células normais. Neoplasias embrionárias e linfomas são tumores radiossensíveis, enquanto que carcinomas são moderadamente radiossensíveis.
Para expressar a quantidade de radiação absorvida pelos tecidos, foi proposta inicialmente uma unidade internacional, o rad (radiation absorbed dose), isto é, a diferença entre a radiação aplicada e a que atravessou os tecidos. Recentemente, esta unidade foi substituída pelo Gray, definido como 1 joule por quilograma. O Gray é abreviado como Gy, sendo que: 1 Gy = 100 cGy =100 rad.
A radioterapia pode ser realizada em esquemas de curta duração até esquemas extremamente protraídos, durante várias semanas. A justificativa das aplicações em pequenas frações diárias tem sua fundamentação nos “5 Rs” da radiobiologia: reoxigenação, redistribuição, recrutamento, repopulação e regeneração.6 A maioria dos pacientes submetidos à radioterapia recebe uma dose total de 50-70 Gy como dose curativa. Essas doses são fracionadas em um período de 5-7 semanas, uma vez ao dia, 5 dias por semana, com dose diária de aproximadamente 2 Gy. Nos tratamentos adjuvantes, 45 Gy são empregados no pré-operatório e 55-60 Gy no pós-operatório.
Complicações bucais da radioterapia
Reações adversas à radioterapia irão depender do volume e do local irradiados, da dose total, do fracionamento, da idade e condições clínicas do paciente e dos tratamentos associados. Uma pequena elevação na dose tumoral é suficiente para aumento expressivo na incidência de complicações. Reações agudas ocorrem durante o curso do tratamento e em geral são reversíveis. Complicações tardias são comumente irreversíveis, resultando em incapacidade permanente e em piora da qualidade de vida , e variam em intensidade, sendo, em geral, classificadas em leves, moderadas e graves.
Muitos dos pacientes que apresentam câncer de cabeça e pescoço são submetidos a altas doses de radioterapia em extensos campos de radiação que irão incluir a cavidade bucal, maxila, mandíbula e glândulas salivares. Desta forma, a terapia anticâncer está associada a diversas reações adversas. Essas reações podem ocorrer em uma fase aguda (durante ou nas semanas imediatas ao tratamento) ou em uma fase crônica (meses ou anos após a radioterapia). A gravidade das complicações bucais agudas irá depender do grau de inclusão dessas estruturas no campo de irradiação.
A mucosite é definida como uma irritação da mucosa.5 A mucosite induzida pela terapia antineoplásica é uma importante reação adversa, podendo interferir no curso da radioterapia e alterar o controle local do tumor e, conseqüentemente, a sobrevida do paciente.
Os pacientes irradiados têm maior tendência ao desenvolvimento de infecções bucais causadas por fungos e bactérias. Estudos têm demonstrado que pacientes que foram submetidos à radioterapia apresentam maior número de espécies microbianas, tais como Lactobacillus spp., Streptococcos aureus e Candida albicans. A candidose bucal é uma infecção comum em pacientes sob tratamento de neoplasias malignas das vias aero-digestivas superiores. A colonização da mucosa bucal pode ser encontrada em até 93% desses pacientes, enquanto que infecção por Candida pode ser vista em 17-29% dos indivíduos submetidos à radioterapia. O risco aumentado para a candidose bucal decorre provavelmente da queda do fluxo salivar conseqüente da radioterapia.
A disgeusia acomete os pacientes a partir da segunda ou terceira semana de radioterapia, podendo durar vá- rias semanas ou mesmo meses. Ela ocorre já que os botões gustativos são radiossensíveis, ocorrendo degeneração da arquitetura histológica normal dos mesmos. O aumento da viscosidade do fluxo salivar e a alteração bioquímica da saliva formam uma barreira mecânica de saliva que dificulta o contato físico entre a língua e os alimentos. A recuperação a níveis quase normais normalmente ocorre de 60 a 120 dias após o término da irradiação.
Mesmo indivíduos que já há algum tempo não apresentavam atividade cariosa podem desenvolver cáries de radiação ao serem submetidos à radioterapia. O principal fator para que tais lesões de desenvolvam é a diminuição da quantidade de saliva, bem como alterações qualitativas da mesma. Além disso, a radiação exerce um efeito direto sobre os dentes, tornando-os mais susceptíveis à descalcificação
A osteorradionecrose (ORN) é a necrose isquêmica do osso decorrente da radiação, sendo uma das mais sérias conseqüências da radioterapia, resultando em dor bem como possíveis perdas substanciais da estrutura óssea.5,28 Em decorrência da terapia anti-câncer, as células ósseas e a vascularização do tecido ósseo podem sofrer lesões irreversíveis. A ORN pode ocorrer de forma espontânea ou, mais comumente, após trauma (normalmente extrações dentárias). Em 95% dos casos a ORN está associada à necrose de tecido mole e exposição óssea subsequente.
Outra possível consequência da radioterapia é a necrose de tecido mole, que pode ser definida como uma úlcera localizada no tecido irradiado, sem presença de neoplasia residual. A incidência da necrose de tecido mole está relacionada com a dose, tempo e volume da glândula irradiada, sendo que o risco é maior quando a braquiterapia é usada. A necrose de tecido mole é uma condição normalmente dolorosa e boa higiene bucal, bem como o uso de analgésicos e muitas vezes de antibióticos são necessários para a resolução da condição.
A xerostomia, ou “boca seca”, pode ser decorrente de certas doenças ou ser uma reação adversa a alguns medicamentos. Entre os pacientes irradiados na região de cabeça e pescoço, é uma dais mais frequentes queixas. Chencharick e Mossman verificaram que 80% dos pacientes irradiados queixam-se de xerostomia. Entretanto, a relação entre a percepção individual de boca seca e os reais valores dos fluxos salivares ainda não foi totalmente definida. Em algumas situações, existe correlação entre fluxo salivar reduzido e queixa de xerostomia. Porém, em muitos casos não existe associação entre a xerostomia e os achados objetivos de disfunção das glândulas salivares – ou seja, pacientes sem alterações no fluxo salivar podem se queixar de secura na boca.
Conclusões
A radioterapia tem sido amplamente utilizada no tratamento das lesões malignas da cabeça e pescoço, com melhora da sobrevida dos pacientes. Entretanto, esta forma de terapêutica ainda está associada a diversas reações adversas, que afetam de forma significativa a qualidade de vida dos pacientes, podendo afetar inclusive o andamento do tratamento. Levando em conta que as taxas de incidência do câncer de cabeça e pescoço provavelmente vão se manter as mesmas das últimas décadas, é de suma importância que profissionais da área de saúde estejam familiarizados com as complicações que podem advir do tratamento antineoplásico. O tratamento multidisciplinar, incluindo a equipe médica, o cirurgião-dentista, o fonoaudiólogo, o nutricionista e o psicólogo é a melhor alternativa para minimizar ou mesmo prevenir tais complicações.
A equipe de enfermagem e Maslow: (in)satisfações no trabalho
Fonte: VITORIA-REGIS, Lorena Fagundes Ladeia; PORTO, I. S. . A Equipe de Enfermagem e Maslow: (In)satisfações no trabalho. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 59, p. 565-568, 2006
A Enfermagem vem apontando em pesquisas científicas visões e considerações sobre a profissão de maneira que lhe permita atualizar e construir um caminho profissional mais consistente.
O cuidado em edificar uma história para Enfermagem com mais coerência cientifica permite aos enfermeiros um crescimento intenso e apurado, capaz de alcançar um futuro mais atuante e decisivo.
Neste contexto, este artigo tem a finalidade de expor e refletir sobre uma nova proposta de estudo aplicada a Enfermagem, que envolve as (in)satisfações no trabalho dos integrantes da equipe de enfermagem, como ponto fundamental na realização e desenvolvimento de suas atividades. A retomada das necessidades humanas básicas é um instrumento essencial para compreender fatores que motivam essas atividades gerando (in)satisfação e bom desempenho desta equipe no trabalho.
No decorrer de nossas trajetórias profissionais pudemos perceber que a insatisfação da equipe de enfermagem no trabalho era marcante e visível. Desde então, começamos a questionar o motivo de tantas insatisfações e se havia comprometimento da assistência aos pacientes. Estava claro para nós que o cuidado prestado reside em cada um dos integrantes da equipe de enfermagem sendo influenciado através dos nossos desejos, necessidades e satisfações.
“Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir e a viver”. Então, entendemos que as ações na Enfermagem estavam além das aparências e repousavam na sua essência. Os valores, fundamentos, sentimentos e ações dos integrantes da equipe refletiamse na prática. Assim, o ambiente passava a ser espelho das relações pessoais e sociais. “O ambiente é como um sistema biológico, social, político e econômico que se organiza, desorganiza-se e reorganiza-se”.
Neste ambiente as pessoas criam identidade própria, modos de viver e cuidar, no qual suas (in)satisfações estão totalmente implícitas no processo de vivência influenciando as relações existentes neste espaço. Diante destes questionamentos, a (in)satisfação dos integrantes da equipe de enfermagem apresenta uma relação com a interação necessária à realização do cuidado podendo comprometer a assistência que será prestada.
A satisfação é “ação ou efeito de realizar-se; prazer, contentamento; corresponder às expectativas, corresponder ao que se deseja”. Em psicologia, “satisfação é o resultado de uma variedade de atitudes da pessoa perante fatores associados ao seu trabalho e atitude no trabalho designa o sentimento que o empregado experimenta a propósito do seu emprego”.
Poucas propostas relativas aos integrantes da equipe de enfermagem e sua influência sobre o cuidado são discutidas no sentido de abordar suas (in)satisfação e estresse dentro do trabalho, salvo a proposta que envolve o saber – fazer da enfermagem. Sendo assim, o nível de satisfação profissional vem tornando-se fator essencial, determinante e discutível para melhor entendimento do cuidado. O cuidar deve ser entendido como a realização de ações na enfermagem considerando-se inevitável à satisfação de um conjunto de necessidades tanto da clientela, como dos integrantes da equipe de enfermagem que executam este cuidado envolvendo mais interação e autonomia. Para tal, esta reflexão propõe uma discussão acerca da teoria da motivação humana ou hierarquia das necessidades humanas básicas de Abraham Maslow correlacionandoa com as ações dentro da Enfermagem. Nessa hierarquia os indivíduos estão em processo contínuo de desenvolvimento tendendo a transitar por entre as necessidades e em busca da auto-realização.
- A TEORIA DAS NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS
Ao atingirem as necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e auto-realização os seres humanos atingem também a satisfação necessária para desempenharem melhor as suas atividades. Maslow é um psicólogo e pesquisador do comportamento humano bastante conhecido na Enfermagem, pois Wanda Horta, em seus estudos como enfermeira pioneira no Brasil adaptou a teoria das necessidades humanas básicas para a Enfermagem, aplicando as idéias de Maslow ao processo de cuidar. Nesta abordagem da teoria aplicada a profissão, a enfermeira é o agente responsável que realiza o processo de planejamento para cuidar das necessidades básicas do cliente, estabelecendo uma ação direta e atuante da Enfermagem diante dos problemas apresentados por ele. Com esta adaptação, Wanda Horta trouxe para a Enfermagem a observação, interação e intervenção junto ao cliente para satisfazer suas necessidades humanas básicas.
Por outro lado, Maslow concebeu a teoria da motivação humana baseada na hierarquia das necessidades humanas básicas. Esta teoria parte do princípio de que todo ser humano tem necessidades comuns que motivam seu comportamento no sentido de satisfazê-las, associandoas a uma hierarquia. O ser humano, como está sempre buscando satisfação, quando experimenta alguma satisfação em um dado nível, logo se desloca para o próximo e assim sucessivamente. Na sua teoria Maslow classifica, hierarquicamente, as necessidades em cinco níveis, a saber:
- Necessidades básicas ou fisiológicas: aquelas diretamente relacionadas à existência e a sobrevivência do ser humano, estando neste grupo as necessidades de alimento, água, vestuário, sexo e saneamento. Para Maslow, as necessidades fisiológicas são o ponto de partida para a teoria, pois elas são primordiais. As necessidades fisiológicas se referem às necessidades biológicas do indivíduo. São as mais prementes, dominando a direção do comportamento do ser humano quando esta se encontra insatisfeito. Assim, uma pessoa dominada por tal necessidade tende a perceber apenas os estímulos que visam satisfazê-las, sua visão de futuro fica limitada e determinada por tal necessidade.
- Necessidades de segurança: estão nesse grupo as necessidades relacionadas à proteção individual contra perigos e ameaças como, por exemplo, a necessidade de saúde, trabalho, seguro, previdência social e ordem social. Maslow ressalta que a necessidade de segurança permite o indivíduo dar preferência pelas coisas familiares, tender por uma religião ou filosofia de vida e pelas rotinas do dia a dia. Porém, a necessidade de segurança só pode ser considerada um motivador ativo e dominante caso encontre-se em momentos de urgência. Sobre este pensamento: “as necessidades de segurança têm grande importância, de vez que na vida organizacional as pessoas tem uma relação de dependência com a organização e onde as ações gerenciais arbitrárias ou as decisões inconsistentes e incoerentes podem provocar incerteza ou insegurança nas pessoas quanto a sua permanência no trabalho”.
- Necessidades sociais: relacionadas à vida em sociedade, englobando necessidades de convívio, amizade, respeito amor, lazer e participação. Estas são as necessidades de convívio social referindo as necessidades de afeto das pessoas que convivemos tais como; amigos, noiva, esposa e filhos. O ser humano tenderá a construir relacionamentos afetivos com o intuito de se sentir integrado, parte de um grupo em sociedade. Assim, “quando as necessidades sociais não estão suficientemente satisfeitas, a pessoa se torna resistente, antagônica e hostil com relação às pessoas que a cercam. A frustração dessas necessidades conduz geralmente a falta de adaptação social e a solidão. A necessidade de dar e receber afeto é uma importante ativadora do comportamento humano quando se utiliza a administração participativa”.
- Necessidades do ego (estima): guardam relação com a autosatisfação, caracterizando-se como necessidades de independência, apreciação, dignidade, reconhecimento, igualdade subjetiva, respeito e oportunidades. Elas expressam as necessidades ou desejos das pessoas de alcançarem uma auto-avaliação estável, bem como uma auto-estima firmemente baseada em sua personalidade. A satisfação destas necessidades conduz a sentimentos de autoconfiança, valor, força, capacidade, suficiência e utilidade ao mundo. “Pero la frustración de estas necesidades, produce sentimientos de inferioridad, debilidad o impotencia, puede conseguirse fácilmente un estímulo de la neurosis traumática grave”.
- Necessidades de auto-realização: expressam o mais alto nível das necessidades estando diretamente relacionadas à realização integral do indivíduo. Neste grupo estão as necessidades de utilização plena das potencialidades, de capacidade e da existência de ideologias. São necessidades de crescimento revelando uma tendência de todo ser humano para realizar plenamente o seu potencial. Essa tendência pode ser expressa como o desejo de a pessoa tornar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser. Neste sentido: “Un músico tiene que hacer música, un artista tiene que pintar, un poeta tiene que escribir, si quieren estar en paz con sus respectivas personalidades. Un hombre tiene que ser lo que puede ser”.
A necessidade de auto-realização não se extingue pelo pleno ato de saciar. Quanto maior for a satisfação experimentada, tanto maior e mais importante parecerá à necessidade. O surgimento claro desta necessidade descansa na satisfação anterior das necessidades fisiológicas, de segurança, de amor e estima.
Além das cinco necessidades citadas, acrescentou-se à teoria, o desejo de todo ser humano de saber e conhecer. Há assim, uma necessidade natural do ser humano de buscar o sentido das coisas, de forma a organizar o mundo em que vive. São as necessidades denominadas cognitivas, que incluem os desejos de saber, de compreender, sistematizar, organizar, analisar e procurar relações e sentidos. Estas necessidades viriam antes da auto-realização. A necessidade de ajudar os outros a se desenvolverem e a realizarem seu potencial foi denominada como transcendente e viria posteriormente à auto-realização.
Existem certas pré-condições para que as necessidades básicas possam ser satisfeitas e sem essas precondições seria impossível a satisfação das necessidades. São elas: liberdade de falar, liberdade de expressão, liberdade para investigar e buscar informação, liberdade para se defender e buscar justiça, equidade, honestidade e permanência garantida dentro do grupo. “Al frustrarse estas libertades, el individuo reaccionará con una respuesta de amenaza o emergencia” .
Nesta teoria, a hierarquia entre as necessidades está ligada às características do ser humano, independente do sistema de produção. Este sistema precisa satisfazê-las, sob pena de criar/ampliar a pressão por parte dos sujeitos envolvidos. Para Maslow, o comportamento é motivado por necessidades a que ele deu o nome de necessidades fundamentais.
As necessidades fundamentais podem ser classificadas em necessidades superiores e necessidades inferiores que se orientam sob a base do principio de potencia relativa. “Las necesidades básicas se ordenan por si mismas en una jerarquía perfectamente definitiva, sobre la base del principio de potencia relativa”. Podemos então descrever que as necessidades inferiores dependem de condições internas do próprio indivíduo, por isto estão muito mais localizadas, são instintivas, animais, perceptíveis, mais numerosas, fáceis de serem medidas (tangíveis) e mais limitadas que as superiores.
As necessidades superiores requerem condições externas favoráveis que estejam mais acessíveis à satisfação. São menos numerosas, por isto menos perceptíveis, menos controláveis, desenvolvem conseqüências cívicas e sociais importantes e produzem melhores resultados subjetivos tendo como exemplo, a felicidade, serenidade e riqueza da vida interna. Quando estas necessidades estão satisfeitas significa que o indivíduo alcançou maior eficiência biológica, maior longevidade, menos enfermidades. Sendo assim, elas são mais humanas e refletem a auto-realização. Sobre estas afirmações: “Usualmente, dan mayor importancia a la necesidad superior que a la inferior aquellos que han satisfecho las dos. Aquellos que han conocido ambas consideran el autorrespeto más importante, subjetivamente, que un estómago lleno. Tales personas podrán sacrificarse más fácilmente por contentar apetitos superiores y estarán fácilmente dispuestas a resistir la privación inferior”.
O intuito em satisfazer as necessidades básicas está também associado a uma série ascendente de níveis de saúde psicológica. Um homem que ganha respeito e admiração dos que estão a sua volta, podendo desenvolver sua auto-estima, favorece progressivamente o próprio equilíbrio psicológico. “Tal hipótesis nos lleva a estudiar hechos antes descuidados y plantear de nuevo muchas cuestiones antiguas que no han sido contestadas”.
Assim foram levantados os seguintes pressupostos da Teoria das Necessidades Humanas Básicas:
- O princípio mais importante da vida motivacional é a organização das necessidades em uma hierarquia de prioridade ou potencial;
- O comportamento humano está determinado pelas necessidades básicas e conseqüentemente motivado por elas;
- Existem pré-condições para que as necessidades sejam satisfeitas;
- Quando parcialmente ou satisfeita uma necessidade aparece outra do tipo superior;
- As necessidades inferiores são mais internas, estimuladas por questões do próprio indivíduo; e as necessidades superiores são mais externas, estimuladas por questões de fora do indivíduo;
- Quando o indivíduo atinge parcialmente suas necessidades, atinge também uma série ascendente de graus de saúde psicológica e satisfação;
- Um individuo insatisfeito é um homem enfermo (doente);
- A não satisfação das necessidades básicas, com o tempo pode significar o surgimento de patologias graves;
- A insatisfação das necessidades leva o individuo a não desenvolver o máximo de suas potencialidades.
Esta teoria não é a única que explica o comportamento humano, pois nem todo comportamento é determinado pelas necessidades. As necessidades fundamentais são em grande parte inconscientes e por outro lado, os fatores sócio-culturais também influenciam na forma ou objetos, nos quais os homens buscam satisfazer suas necessidades.
- A TEORIA DA MOTIVAÇÃO HUMANA E A ENFERMAGEM
Considerando-se o conteúdo exposto, é preciso reavaliar constantemente esse conhecimento, essa prática pela diversidade e essa singularidade do sujeito que cuida, durante as suas atividades. A prática em algumas instituições de saúde tem mostrado que as insatisfações que afetam seus funcionários afetam também o processo de seu desenvolvimento no trabalho e devem ser levadas à reflexão, possibilitando ações coletivas para minimizar ou resolver tais problemas.
A Enfermagem é uma profissão a serviço do ser humano e da dinâmica que envolve quem cuida e quem é cuidado (seus clientes). O cuidado é, antes de tudo, um exercício dos seres humanos e uma arte de observar, saber e fazer. Por isto, não se trata de uma ação técnica a ser estudada e desenvolvida, tal como uma função braçal. Na profissão estão implícitas as relações humanas e as implicações que definem sua prática e tudo a sua volta. Jamais analisar-se-á a Enfermagem, sem antes reconhecer que dela nasce um universo humano extraordinário, revelador e original. A respeito desta afirmativa:
A Enfermagem é uma atividade de cuidado aos seres humanos e, como processo de trabalho, tem um objetivo e uma direção. Tem uma finalidade de trabalho que ao ser caracterizado define a tendência da sua ação. Tais afirmações significam que a prática da Enfermagem revela mais do que apenas um fazer técnico, revela a origem e consequência desse fazer.
Diante dessas argumentações fica fácil compreender porque a Enfermagem traz em si um movimento humano, pois ela é uma ciência em construção capaz de gerar relações e reações humanas. Partindo desta afirmativa, podemos utilizar a retomada das necessidades humanas básicas, como uma abordagem capaz de identificar as necessidades da equipe de enfermagem, suas (in)satisfações no trabalho.
A Enfermagem sempre foi uma profissão que concebeu seres humanos cuidando de outros seres humanos, que interagem reagindo a cada (des)encontro e demonstrando (in)satisfações. Ao contato entre quem cuida e quem é cuidado, que se materializa com a realização do cuidado de enfermagem oferecido, aparecem as conseqüências de um desempenho de trabalho excelente ou frustrado.
A interação entre a teoria da motivação humana de Maslow e algumas características da prática da enfermagem leva a perceber que as necessidades humanas podem influenciar o desenvolvimento das atividades da equipe de enfermagem no trabalho. Portanto, a teoria pode ser utilizada tanto para fundamentar esta pesquisa, quanto a outras pesquisas de enfermagem que busquem compreender o comportamento dos indivíduos no trabalho.