O efeito da radioterapia sobre a qualidade de vida dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço
Fonte: SAWADA, N. O. ; ZAGO, M. M. F. . O efeito da radioterapia sobre a qualidade de vida dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 52, p. 323-329, 2006.
A radioterapia, como um dos tratamentos para o câncer de cabeça e pescoço, constitui-se numa modalidade terapêutica que utiliza as radiações ionizantes no combate a neoplasias, com o objetivo de atingir células malignas, impedindo a sua multiplicação por mitose e/ou determinando a morte celular. O tratamento radioterápico pode ser utilizado com a intenção curativa ou paliativa e o esquema de aplicação dependerá da dose total calculada e da avaliação do radioterapêuta.
Fisher et al. ressaltam que a radioterapia é considerada a primeira modalidade de tratamento nos cânceres de cabeça e pescoço e pode ser utilizada como o único tratamento ou em combinação com a cirurgia e quimioterapia. A literatura mostra que a taxa das doses de radiação entre 22,2 e 54 Gy causam danos no parênquima das glândulas salivares, causando fibrose e diminuição da secreção.
Este efeito está relacionado à dose de radiação e pode ser permanente , resultando em xerostomia pós-radiação. De acordo com o trabalho de Cooper et al., a cabeça e o pescoço são regiões complexas compostas por uma série de estruturas não similares que respondem de forma diferente à radiação, tais como: revestimento mucoso, pele, tecidos subcutâneos, tecido glandular salivar, dentes , ossos e cartilagem. Injúrias agudas produzidas pela radioterapia são observadas em vários desses tecidos, tais como: mucosite, diminuição do paladar, xerostomia e descamação da pele. Efeitos tardios podem ocorrer, tais como: ulceração da mucosa, lesões vasculares, atrofia dos tecidos, perda ou mudança do paladar, fibrose, edema, necrose dos tecidos moles, perda de dentes , diminuição do fluxo de saliva, osteonecrose e condrionecrose.
Os efeitos agudos e tardios da radioterapia causam desconfortos aos pacientes que dificultam ou limitam as suas atividades normais. Vários estudos sobre qualidade de vida, em pacientes com câncer, em tratamento quimioterápico e radioterápico, têm avaliado os efeitos colaterais do tratamento e auxiliado no
planejamento de intervenções para diminuir, tanto o estresse físico quanto o psicológico para uma melhor reabilitação.
Com o intuito de levantar a influência desses efeitos na qualidade de vida dos pacientes com câncer de cabeça
e pescoço, propomos esse trabalho que tem como objetivo avaliar os efeitos colaterais da radioterapia, nos
pacientes com câncer de cabeça e pescoço, e sua influência na qualidade de vida, por meio de instrumentos específicos.
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As pesquisas que avaliam a qualidade de vida dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço têm crescido, nas duas últimas décadas, em decorrência dos avanços tecnológicos no tratamento que têm aumentado a sobrevida. Os resultados do tratamento, sob o ponto de vista do paciente, têm auxiliado no planejamento do processo de reabilitação. Portanto, investigar os efeitos da radioterapia na qualidade de vida do paciente com câncer de cabeça e pescoço é de extrema relevância. Este estudo permitiu-nos levantar quais os principais efeitos colaterais da radioterapia, sua influência na qualidade de vida e descobrir que os domínios físicos mais afetados estão relacionados à produção de saliva e problemas na alimentação, além dos aspectos emocionais
como depressão e ansiedade.
Dessa forma, reiteramos a necessidade dos profissionais da saúde estarem atentos a esses aspectos, atuando com medidas preventivas para amenizar os efeitos colaterais da radioterapia fornecendo informações sobre o tratamento, considerarando os desconfortos e orientando medidas para aliviá-los, além de promover suporte para reduzir a ansiedade e depressão, a fim de promover melhor enfrentamento desses pacientes ao tratamento.
Sugerimos estudos futuros que avaliem a qualidade de vida em diferentes momentos do tratamento radioterápico, por acreditarmos que os efeitos colaterais dependem da dose de radiação e que os mesmos se diferenciam e podem ser amenizados ao longo do tempo.