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Arquivo do mês: janeiro 2017

As estratégias de enfrentamento de pacientes durante o tratamento de radioterapia

Fonte: LORENCETTI, Ariane; SIMONETTI, Janete Pessuto. As estratégias de enfrentamento de pacientes durante o tratamento de radioterapia. Rev Latino-am Enfermagem. nov/dez. 2005.

O câncer é uma doença que traz muitas alterações para a pessoa que passa por essa experiência, tanto alterações físicas como psicológicas, causando transtornos para a vida desses pacientes. É um tema que, apesar do grande avanço tecnológico, é pouco explorado quanto à assistência de enfermagem, alterações físicas e emocionais que os pacientes podem apresentar, estando inserido dentro de um contexto entendido pela sociedade como sinônimo de sofrimento e morte.

A palavra câncer tem sido interpretada de várias formas. Esse termo pode ser definido como um tecido celular, cujo mecanismo de controle do crescimento normal está alterado, dando lugar ao seu crescimento permanente ou, então, como uma doença que tem início quando uma célula se torna anormal devido à transformação por mutação genética do DNA celular, que começa a se proliferar anormalmente. Essas invadem tecidos circunvizinhos, acessando os vasos linfáticos e sanguíneos, através dos quais podem ser transportadas para outras áreas do corpo formando metástases.

Em nossa sociedade, o câncer continua sendo uma enfermidade muito importante, tanto qualitativa como quantitativamente. Sua incidência e índices de mortalidade são cada vez mais elevados e, embora afete todas as faixas etárias, na maioria das vezes acomete as pessoas com mais de 65 anos de idade, sendo que os homens sofrem maior incidência de câncer do que as mulheres.

Os pacientes com suspeita de câncer passam por uma série de testes diagnósticos, variando de acordo com o tipo. Os objetivos dos tratamentos possíveis podem incluir a erradicação completa da doença maligna, sobrevida prolongada e contenção do crescimento das células cancerosas, ou alívio dos sintomas associados ao processo canceroso. Podem também ser empregadas outras modalidades de tratamento, incluindo cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

Alguns tipos de câncer podem permanecer em seu local de origem, podendo também ser impossível a sua detecção em virtude de sua localização anatômica ou devido à infiltração nas estruturas vitais próximas, dificultando o tratamento, já que sua remoção pode afetar severamente a função fisiológica. Nessas circunstâncias, a radioterapia é uma das opções de tratamento curativo.

A radioterapia é um tratamento localizado, que usa radiação ionizante, produzida por aparelhos ou emitida por radioisótopos naturais. É, na sua grande maioria, feita em regime ambulatorial. A dose total é fracionada em aplicações diárias por um período variável de até dois meses.

Sua indicação no tratamento do câncer ocorre em três circunstâncias: não há outro tratamento curativo; a terapia alternativa é considerada tóxica ou como função paliativa em casos avançados. Tem como finalidade a interrupção do crescimento e reprodução de células cancerosas e normais. Como as células malignas crescem rapidamente, muitas delas estarão se dividindo e serão mais susceptíveis à radioterapia do que as células normais.

A radiação pode, às vezes, afetar o tecido normal, causando efeitos colaterais que dependem do tipo de câncer, de características do indivíduo, da quantidade de radiação aplicada, e principalmente da parte do corpo a ser tratada.

Os pacientes tratados com a radioterapia podem experimentar diversos efeitos colaterais como dor, fadiga, alterações cutâneas, perda da auto-estima e confiança, mudanças na mobilidade e sensação no lado afetado, choque emocional, confusão, ansiedade, angústia, medo, sentimentos de isolamento e mudanças na rotina.

Os pacientes oncológicos submetidos à radioterapia, também necessitam de cuidados específicos de enfermagem. O papel da enfermagem, portanto, é ajudar os pacientes não só a lidar com os efeitos colaterais como também com problemas emocionais durante a radioterapia.

Apesar dos avanços obtidos no conhecimento sobre essa doença e seu tratamento, o simples fato de se utilizar a palavra câncer para designar um conjunto de patologias tumorais já indica a necessidade da integração entre os vértices psicológico e médico, pois se observa enorme conteúdo emocional ligado à ideia câncer. É comum a associação do câncer com doença fatal, vergonhosa e comumente considerada como sinônimo de morte, o que contribui para que as pessoas mantenham sentimentos exclusivamente pessimistas sobre a doença.

A assistência de enfermagem ao paciente canceroso e familiar consiste em permitir a todos verbalizar seus sentimentos e valorizá-los; identificar áreas potencialmente problemáticas; auxiliar o paciente e familiares a identificar e mobilizar fontes de ajuda, informações, busca de soluções dos problemas; permitir tomadas de decisões sobre o tratamento proposto e levar a pessoa ao autocuidado dentro do possível.

Todo esse contexto da doença propriamente dita e do tratamento podem gerar estresse, trazendo sinais e sintomas como: apatia, depressão, desânimo, sensação de desalento, hipersensibilidade emotiva, raiva, ansiedade, irritabilidade.

Diante disso, o que pode fazer a diferença no resultado de adaptação do indivíduo é o coping, entendido como enfrentamento de uma situação. E estar em coping significa que o indivíduo está tentando superar o que lhe está causando estresse.

As alterações orgânicas ligadas ao estresse têm uma etapa que é biológica e que foge do controle do indivíduo, mas há também uma fase da qual participam algumas funções cognitivas, emocionais e comportamentais, que podem influenciar em tais alterações.

O coping é um processo através do qual o indivíduo controla as demandas da relação com o meio para satisfazer as demandas sociais, manter os estados físico, psicológico e social estáveis e controlar os estressores potenciais antes deles se tornarem uma ameaça.

Será efetivo quando o comportamento utilizado amenizar os sentimentos desconfortáveis, associados a ameaças ou perdas. Será inefetivo se a situação ameaçadora não for manejada de forma eficaz, resultando em crise e, se não for resolvida, podem ocorrer desequilíbrios psicológicos e fisiológicos.

Os métodos de coping são denominados de padrões diretos quando estão relacionados com o uso de habilidades para solucionar problemas, envolvendo o indivíduo em alguma ação que afeta a demanda de alguma forma e padrões indiretos quando incluem estratégias que não modificam as demandas na realidade, mas alteram a forma pela qual a pessoa experimenta a demanda (coping paliativo).

Os padrões indiretos são usados para que o indivíduo possa se ajustar às situações que não podem ser resolvidas. O uso do coping paliativo serve para que a pessoa tenha um tempo para que a demanda possa mudar ou para que o indivíduo seja capaz de elaborar um coping direto. As estratégias aqui usadas englobam os mecanismos de negação, repressão, isolamento ou fuga.

Podem ser classificados em físico (caminhar, nadar, uso de técnicas de relaxamento), psicointelectual (meditação, confecção de trabalhos artesanais, fantasias, reavaliação cognitiva), social (frequentar um clube, atividades de recreação em grupos, conversar com amigos) e espiritual (participar de atividades religiosas, ler livros religiosos, conversar com padres, pastores, rezar).

No que diz respeito às funções de coping, esse pode ser classificado em coping centrado no problema ou centrado na emoção. O coping centrado no problema refere-se aos esforços de administrar ou alterar os problemas, ou então melhorar o relacionamento entre as pessoas e o seu meio. São estratégias consideradas adaptativas mais voltadas para a realidade, na tentativa de remover ou abrandar a fonte estressora. Podem estar dirigidas ao ambiente na definição do problema, levantamento e avaliação de soluções, escolha de alternativas e ação.

O coping centrado na emoção descreve a tentativa de substituir ou regular o impacto emocional do estresse no indivíduo, derivando principalmente de processos defensivos, o que faz com que as pessoas evitem confrontar conscientemente com a realidade de ameaça.

Diversos estudos também utilizaram o referencial coping para analisar os enfrentamentos que podem ocorrer diante de situações de estresse, associadas a problemas de saúde. Uma pesquisa junto a indivíduos portadores de hipertensão arterial buscou quais os mecanismos de coping que são usados e se há influência de tais mecanismos no controle da doença. Foram selecionados 18 indivíduos para a realização de consulta de enfermagem e levantamento dos hábitos e estilo de vida, relacionados aos fatores de risco para a hipertensão arterial. Quando o tratamento recomendado era seguido, os comportamentos apresentados foram interpretados como mecanismos de coping eficazes e quando tais recomendações não eram executadas, como ineficazes. Observou-se que, mesmo com mecanismos eficazes de coping, a maioria dos pacientes não estava com a pressão arterial controlada e que o enfoque era centrado na emoção. A ansiedade e os mecanismos de coping utilizados por pacientes cirúrgicos ambulatoriais também foram estudados em 40 pacientes, sendo que esses apresentaram baixa ansiedade e utilizaram o suporte social como a estratégia de coping mais presente entre eles.

Pacientes idosos em condições crônicas de saúde apresentaram mecanismos de coping, tanto enfocados na emoção (participação em grupos de idosos, busca de ajuda de familiares, rejeição de perdas naturais), como no problema (busca de atendimento médico, cuidados com o corpo), demonstrando uma forma saudável de enfrentar a situação. Adaptar-se ou não a um dado acontecimento, enfrentar situações semelhantes de formas bastante diversificadas dependem de inúmeros fatores que englobam aspectos culturais, emocionais, vivências anteriores e características pessoais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A interação junto ao meio ambiente pode resultar em situações de estresse bem como respostas a tais ocorrências. Enfrentá-las é, por vezes, um grande desafio, principalmente, quando se trata de uma doença. Neste estudo pôde-se observar que os pacientes, ao enfrentarem o câncer e a radioterapia, elaboraram formas de enfrentamento tanto baseadas na emoção, como no problema. Talvez porque tenham tido medo do desconhecido e, inicialmente, não conseguiram encarar a questão e buscaram maneiras de amenizar os fatos (confiando em Deus, tendo sentimentos de medo, tristeza, revolta). Depois, com o passar das sessões, devem ter adquirido mais confiança e passaram a ver o tratamento como uma etapa a ser cumprida em suas vidas. Talvez se possa atuar junto a essa clientela, auxiliando-os nos enfrentamentos, fornecendo-lhes maiores informações sobre os efeitos da radioterapia, como serão realizadas as sessões e quais as alterações que poderão ocorrer durante esse tipo de tratamento. Além disso, pode-se também organizar os dados observados para se entender as diferentes formas de enfrentamentos.

 

Avaliação das mamas com métodos de imagem

Fonte: CHALA, L. F.; BARROS, N.. Avaliação das mamas com métodos de imagem. Radiol Bras vol.40 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2007

 

A mamografia, a ultra-sonografia e a ressonância magnética desempenham papel central na detecção, no diagnóstico e na conduta das doenças mamárias. Além delas, outras tecnologias têm sido estudadas nas mamas, tais como a tomografia por emissão de pósitrons (PET), a espectroscopia, a tomografia computadorizada, a tomossíntese e a ultra-sonografia com contraste; o custo-benefício destas novas tecnologias, entretanto, necessita de mais estudos.

A mamografia continua a ser a mais importante técnica de imagem para as mamas. Trata-se do método de escolha para o rastreamento populacional do câncer de mama em mulheres assintomáticas e é a primeira técnica de imagem indicada para avaliar a maioria das alterações clínicas mamárias. Há uma ampla concordância de que o rastreamento mamográfico reduz a mortalidade pelo câncer de mama em mulheres assintomáticas. Outros benefícios da detecção precoce incluem o aumento das opções terapêuticas, da probabilidade de sucesso do tratamento e da sobrevida.

Atualmente existem dois tipos de formação de imagem nos equipamentos mamográficos. A primeira geração é formada pelo conjunto filme-écran e caracteriza a mamografia convencional, e a segunda geração é representada pelos receptores digitais e define a mamografia digital. O modo de obtenção da imagem mamográfica (receptor digital versus filme) determina a maioria das diferenças entre a mamografia convencional e a digital. Na mamografia convencional, o filme representa o meio de aquisição, de exposição e de armazenamento da imagem mamográfica, e apesar de gerar imagens com alta resolução espacial e contraste, há pouca margem para melhorias.

Na mamografia digital, os processos de aquisição, exposição e armazenamento são separados e podem ser aperfeiçoados individualmente; além disto, a análise das imagens mamográficas digitais em estações de trabalho com monitores da alta resolução permite uma série de processamentos que podem melhorar o contraste das imagens. A mamografia digital também facilita a incorporação de uma série de novas tecnologias como o CAD (computer aided detection), a tomossíntese, o uso de contraste intravenoso e a interpretação a distância do exame (telerradiologia).

Recentemente, Pisano et al. compararam a mamografia convencional com a digital em 42.760 mulheres e concluíram que a acurácia geral da mamografia convencional e da digital no rastreamento do câncer de mama foi similar. Porém, a mamografia digital mostrou acurácia maior em alguns subgrupos específicos de mulheres, a saber: mulheres com menos de 50 anos, mulheres com mamas radiologicamente densas e mulheres na pré-menopausa ou perimenopausa. Todavia, há muito debate a respeito do significado e das razões da maior acurácia da mamografia digital neste subgrupo de mulheres. Deve-se ressaltar que, no presente momento, tanto a mamografia convencional quanto a digital podem ser empregadas para o rastreamento populacional do câncer. Não há nenhum consenso em relação a um uso preferencial da mamografia digital ou convencional, mesmo em subgrupos específicos de mulheres.

A capacidade da mamografia em detectar o câncer de mama varia entre as mulheres de acordo com alguns fatores e o mais importante deles é a densidade radiológica da mama; a sensibilidade da mamografia é menor nas mamas densas do que naquelas com predomínio de tecido adiposo. Por esta razão, métodos de imagem suplementares para rastrear e avaliar mamas densas têm sido investigados e incluem, principalmente, a ultra-sonografia e a ressonância magnética.

A ultra-sonografia é o principal método adjunto da mamografia e do exame físico na detecção e no diagnóstico das doenças mamárias e seu uso na prática clínica vem crescendo ao longo dos anos. As principais indicações e potenciais indicações da ultra-sonografia nas mamas são: diferenciar e caracterizar nódulos sólidos e cistos identificados pela mamografia ou pelo exame clínico; orientar procedimentos intervencionistas na mama; avaliar pacientes jovens, gestantes ou lactantes com alterações clínicas na mama; pesquisar abscessos nas mastites; avaliar nódulos palpáveis em mamas radiologicamente densas; analisar implantes mamários; estadiar, locorregionalmente, o câncer de mama; caracterizar assimetrias focais que podem corresponder a nódulos; avaliar a resposta à quimioterapia neo-adjuvante; suplementar a mamografia no rastreamento do câncer de mama em mulheres com mamas radiologicamente densas.

Uma indicação muito debatida da ultra-sonografia é seu uso como método suplementar da mamografia no rastreamento do câncer de mama em mulheres com mamas radiologicamente densas, visando detectar lesões ocultas no exame físico e na mamografia. No entanto, caso seja indicada, ela não deve ser utilizada como alternativa a mamografia, devido às suas limitações na detecção e caracterização de calcificações, distorções arquiteturais e nódulos localizados em áreas nas quais predominem tecido adiposo. A limitação da ultra-sonografia para detectar microcalcificações é particularmente importante, pois esta é a forma de apresentação mais comum dos carcinomas ductais in situ.

A ressonância magnética das mamas também está sendo cada vez mais utilizada como método adjunto da mamografia e da ultra-sonografia na detecção, na caracterização e no planejamento terapêutico do câncer de mama. Muitas indicações têm sido identificadas e avaliadas e, em geral, elas baseiam-se principalmente na sua elevada sensibilidade para a detecção do câncer de mama, inclusive de lesões ocultas no exame físico e nos métodos convencionais (mamografia e ultra-sonografia). A ressonância magnética das mamas tem sido investigada no rastreamento de mulheres com alto risco para o câncer de mama; no rastreamento da mama contralateral em mulheres com diagnóstico de câncer de mama para pesquisa de neoplasias sincrônicas; na procura da lesão primária oculta em pacientes com metástases axilares; na caracterização de achados duvidosos na mamografia ou na ultra-sonografia; para determinar a extensão local do câncer de mama; para verificar a presença e a extensão de doença residual, especialmente quando margem cirúrgica é positiva no exame histológico; para avaliar a resposta à quimioterapia neo-adjuvante; na diferenciação entre cicatriz cirúrgica e recorrência tumoral nas pacientes previamente tratadas por câncer de mama; na avaliação da integridade dos implantes mamários. A ressonância magnética não deve ser empregada como critério para se indicar ou não a investigação histológica de lesões suspeitas por critérios clínicos, mamográficos ou ultra-sonográficos. Também não há estudos que forneçam base científica para o seu uso no rastreamento do câncer de mama em mulheres que não possuem alto risco para a doença.

Após a detecção de uma alteração em qualquer método de imagem é necessária a sua caracterização para estabelecer se ela representa uma alteração benigna ou uma lesão potencialmente maligna. A probabilidade de malignidade de uma alteração é determinada principalmente pela avaliação de suas características morfológicas e evolutivas (redução, estabilidade ou crescimento ao longo do tempo). A utilidade prática da mamografia, da ultra-sonografia e da ressonância magnética nas mamas muitas vezes é limitada pela especificidade relativamente baixa destes exames que implica em biópsias ou seguimentos precoces. Isto decorre da conhecida sobreposição de achados entre as lesões benignas e malignas nos métodos de imagem, mas também se relaciona à padronização e ao entendimento do valor preditivo de cada critério utilizado para a interpretação dos achados nestes exames.

Dois artigos publicados nesta edição da Radiologia Brasileira endereçam os critérios de interpretação na caracterização das lesões mamárias. Um avalia a capacidade preditiva para malignidade das categorias 3, 4 (A, B e C) e 5 do BI-RADS em lesões não-palpáveis da mama. O BI-RADS, ao padronizar a definição dos critérios empregados para caracterizar as lesões na mamografia, na ultra-sonografia e na ressonância magnética, contribuiu para facilitar a comparação entre os diferentes estudos e, por conseguinte, o entendimento deles. Além disto, ele estabeleceu categorias de avaliação final que são utilizadas para classificar os nódulos de acordo com sua probabilidade de malignidade, facilitando a conduta subseqüente.

A categoria 0 é utilizada quando a caracterização da alteração está incompleta, sendo necessária avaliação adicional. As categorias 1 e 2 indicam que não há nenhuma evidência mamográfica sugestiva de malignidade. A categoria 3 indica a presença de achados provavelmente benignos (menos de 2% de chance de malignidade), para os quais a conduta preferencial é o controle precoce. A categoria 4 refere-se a uma anormalidade suspeita para a qual a biópsia deveria ser considerada e pode ser subdividida em A, B e C. A categoria 4A deve ser utilizada para achados que necessitam de intervenção, mas com baixa suspeição de malignidade; histologia maligna não é esperada e o seguimento em seis meses ou de rotina após a biópsia ou citologia benigna é adequado. A categoria 4B inclui lesões com suspeição intermediária para malignidade; os achados nesta categoria requerem criteriosa correlação anátomo-radiológica e o seguimento de resultados benignos na biópsia destas lesões depende desta correlação. A categoria 4C inclui achados com moderada suspeição, mas não clássicos, como na categoria 5, para malignidade. A categoria 5 é reservada para achados altamente sugestivos de malignidade e a categoria 6 é utilizada quando já há uma biópsia indicando que a lesão se trata de um câncer. Não há muitos estudos que permitam definir com clareza quais lesões estão nas subcategorias 4A, 4B e 4C e qual o valor preditivo positivo delas.

O outro artigo verifica a capacidade preditiva das características ultra-sonográficas dos nódulos mamários. Atualmente sabe-se que uma série de características está associada a um maior risco de malignidade, tais como: margem não-circunscrita, forma irregular, ecogenicidade complexa, sombra acústica posterior, orientação não-paralela, halo ecogênico e alterações nos tecidos adjacentes. A identificação de nódulos provavelmente benignos na ultra-sonografia, candidatos a um controle precoce, requer a exclusão de qualquer sinal de malignidade e a presença de uma associação de critérios de benignidade. Isto implica em análise ultra-sonográfica criteriosa e a identificação de qualquer sinal sugestivo de malignidade indica a biópsia. Não se deve deixar de realizar uma biópsia de um nódulo sólido na ultra-sonografia com base em apenas uma característica benigna, por exemplo, margens circunscritas.

O consenso em relação aos nódulos sólidos que podem ser classificados como provavelmente benignos na ultra-sonografia está sendo construído. Stavros et al. demonstraram que nódulos sem sinais de malignidade e que tinham forma elipsóide e pseudocápsula, ou a presença de duas ou três lobulações e pseudocápsula ou possuíam intensa hiperecogenicidade homogênea associaram-se a um valor preditivo negativo para malignidade de 99,5%; a sensibilidade foi de 98,4%. Chala et al. relataram que nódulos redondos, ovais ou lobulados com menos de três lobulações que apresentavam margens circunscritas, orientação paralela e ausência de acentuada hipoecogenicidade, sombra acústica posterior, calcificações e alterações no tecido adjacente, independentemente da ecotextura e da presença da pseudocápsula, apresentaram sensibilidade e valor preditivo negativo para câncer, respectivamente, de 98,1% e 99%.

Avanços no entendimento do valor preditivo dos diversos critérios, isolados ou combinados, utilizados na caracterização das lesões mamárias detectadas nos diferentes métodos de imagem são um passo importante para reduzir o número de biópsias com resultados benignos. Entretanto, deve-se ressaltar que as técnicas de imagem não são técnicas de diagnóstico histológico. Assim, a biópsia para investigação histológica continuará a ser necessária para muitas lesões mamárias e, a maioria delas, felizmente, será benigna.

 

Radioterapia – lesões inflamatórias e funcionais de órgãos pélvicos

Fonte: SANTOS, J. C. M. S., Radioterapia – lesões inflamatórias e funcionais de órgãos pélvicos. Rev bras. colo-proctol. vol 26. nº 3. Rio de Janeiro. Jul/Set 2006.

A operação cirúrgica desde que feita por meio de técnica adequada é requisito fundamental no tratamento do câncer do reto, não só objetivando a cura como também para evitar a recidiva local que é um evento catastrófico no qual os sintomas são debilitantes e a cura quase que impossível.

Nessa questão, a abordagem do câncer do reto insere aspectos anatômicos, cujos interesses cirúrgicos e clínicos ficaram bem definidos após a divulgação da técnica da excisão total do mesorreto (ETM)

Os resultados obtidos com essa técnica cirúrgica têm índices de confrontação melhores que os observados com os métodos cirúrgicos convencionais. Nessa situação, a recidiva local foi descrita variando de 20 a 40%, diminuídos, posteriormente, para cerca de 10% quando o procedimento cirúrgico foi antecipadamente complementado com a 5 radioterapia. Todavia, acima do esperado, já que, somente com ETM, Heald e col. e outros autores  relataram valores de recidiva local abaixo de 4%. Além disso, o aprimoramento técnico proposto , sem perder o caráter oncológico das técnicas onvencionais, tem um desenvolvimento que preserva as funções urogenitais e anais por conservar as estruturas nervosas regionais e manter intactos os esfíncteres do ânus.

A técnica ETM ocupou, no século passado, sem dúvida alguma, lugar de destaque entre as mais notáveis conquistas no tratamento do câncer do reto, não só por congrega novos conhecimentos a respeito da “patologia e da história natural da doença”, como por permitir melhor avaliação do estágio da lesão introduzir novos conceito a respeito de margem distal segura de resseção, diminuir substancialmente a recidiva local e poupar um grande número de pacientes dos inconvenientes da amputação abdômino-perineal do reto.

Outra conquista notável no campo do tratamento do câncer do reto originou com o avanço técnico-científico dos aparelhos de radioterapia – origem e modalidade de emissão dos raios e a avaliação tridimensional do alvo – e a crescente utilização dessa modalidade como adjuvante na terapêutica do câncer do reto.

A radioterapia pré-operatória foi introduzida para melhorar os índices de recidiva e tornou-se excitante, não só por poder ser associada à quimioterapia como por complementar a efetividade de tratamento da nova técnica cirúrgica, como pela evolução tecnológica que proporcionou melhor “penetração” e definição de alvo, aliviando os tecidos periféricos dos efeitos da radiação, e, também por outras razões tais como: avantagem teórica de irradiar um tecido não manipulado cirurgicamente e, portanto sob condições naturais de oxigenação, o que efetiva a ação da radiação; pela possibilidade de aumentar a chance de preservação do esfíncter anal, diminuindo as amputações, com as mesmas vantagens e sem as múltiplas desvantagens da radical mutilação ano-retal; pela menor possibilidade de lesão por radiação de alças intestinais; acrescido do fato de que o segmento irradiado seria cirurgicamente excisado e reposto por um segmento de cólon sadio com uma anastomose segura, proporcionando, a longo prazo, uma aceitável função evacuatória; e, finalmente, por acréscimo, pela crescente precisão no estadiamento da lesão neoplástica obtida pela ultra-sonografia endorretal e pela ressonância magnética que melhor definiram as margens livres de tumor.

A maior importância dos dados ultra-sonográficos (US) – avaliação prévia precisa – e da ressonância magnética (RM) entre os citados, decorre do fato de se poder apreciar com segurança os riscos e benefícios do tratamento radioterápico pré-operatório e, portanto, melhor selecionar os pacientes para o tratamento complementar lembrando que se nesses casos a proctite por radiação pode ser superada pelo excisão do órgão alvo, restam, ainda, a exposição dos nervos dos plexos sacrais e o obrigatório envolvimento do canal anal no campo de aplicação com a possível deterioração esfincteriana e as indesejáveis pertubações funcionais, que poderiam ser evitadas em casos bem selecionados, eleitos para o tratamento cirúrgico exclusivo.

Além dos recursos de US e RM, há o indispensável exame protológico e outros exames complementares obrigatórios na definição da neoplasia e das possibilidades de cura por meio, apenas, da abordagem cirúrgica.

As representações gráficas de alta resolução espacial obtidas pela RM têm sido propostas e aceitas como um método de estadiamento do câncer do reto, com vantagens, em alguns aspectos, sobre o ultra-som pela possibilidade de plena avaliação dos tumores, mesmo nos mais volumosos e ou mais estruturados.

Além disso, o maior campo de visão proporcionado pela RM permite acesso a toda espessura do mesorreto e, nesse caso, a relação estrutural entre o tumor e a fácsia mesorretal nos eu aspecto radial e crânio-caudal. Sua resolução de alto contraste permite distinguir entre tecido tumoral e fibrose peritumoral o que facilita a demonstração da invasão profunda da lesão. Esses dados são pertinentes e relevantes e devem ser explorados para que possamos definir clinicamente grupos de pacientes que seriam beneficiados com a abordagem terapêutica neo-adjuvante, principalmente a radioterapia e os que poderiam ser operados, dispensando o complemento da radiação.

A preocupação com essa seleção é subsidiada pela observação de que a radioterapia é acompanhada de efeitos colaterais nocivos. Tem-se observado, cada vez mais, com o emprego da radioterapia pélvica, a crescente incidência de lesões actínicas agudas ou crônicas, retais, vesicais e para outros órgãos pélvicos, não só representadas pelas mucosites como também pelas pertubações funcionais, sejam elas da atividade erétil, da continência vesical ou da retal, por lesão direta sobre os esfíncteres e pelas radioneurites envolvendo os plexos e nervos sacrais.

Estima-se que cerca de 5% dos casos graves, portanto que necessitam de internação, por causas que promovem a hemorragia digestiva baixa são especificamente decorrentes de proctocolites induzidas pela radiação.

Todovia, não é só no tratamento neo-adjuvante do câncer do reto que vamos encontrar as piores conseqüências da radioterapia, excluindo a situação em que o canal anal fica dentro do campo com eventual prejuízo da função dos esfíncteres, mas também, na complementação de tratamento e no tratamento de outras moléstias malignas locais que podem envolver o sistema genitual-urinário feminino e o masculino. Naquele as neoplasias de útero, ovário e bexiga para mencionar apenas os mais comuns e, nesse, o câncer de próstata de bexiga.

Nas duas circunstâncias, o reto presente pode ser envolvido, mais ou menos – esse mais ou menos significa pelo menos 40% da parede anterior do reto – no campo irradiado e apresentar alterações agudas e crônicas, das quais não se exclui a neoplasia embora as mais comuns sejam as proctites por irradiação – aguda ou crônica – de variado grau de gravidade.

As lesões agudas são freqüentes, compromete virtualmente todos os pacientes irradiados, de forma variável e dependente tanto da sensibilidade tecidual aos efeitos da radiação como da dose de radiação aplicada. Os sintomas agudos não perduram por muito tempo, mas são às vezes, de gravidade tal que obriga, em cerca de 20% dos pacientes em tratamento,a suspensão temporária da aplicação da radiação.

A incidência de proctite crônica após a radioterapia é desconhecida principalmente pela falta de estudos prospectivos, sejam os programados pelos radioterapeutas, sejam os planejados pelos urologistas e ginecologistas, mas pode variar de 5 a 20%, como mencionado por alguns autores.

No entanto, é possível sabe que as proctites graves, de difícil tratamento, compreendem cerca de 2 a 5% dos casos sintomáticos. A lesão é dose dependente e aumenta substancialmente de incidência quando a dose de radiação excede 5000 cGy e pode chegar a 30% quando o valor se aproxima de 7000 cGy. Esse aumento tem ocorrido e tem sido a tônica nos últimos ensaios terapêuticos, principalmente estimulado pela radioterapia conformal, circunstância em que é possível expor menor área do reto à radiação, mas elevando a incidência da proctite hemorrágica, por causa da “seguraça” em aumentar a dose total de irradiação aplicada.

Nos ensaios feitos por Moore e col. a predisposição ao sangramento retal após o tratamento radioterápico definitivo do câncer de próstata atinge 80% em 3 anos, valor bem acima do que foi anteriormente registrado mostrando que o sangramento ocorreria em somente 60% ao cabo de 3 anos se mais de 40% da parede anterior do reto ficasse exposta no campo irradiado.

Os números citados de incidência de proctite tornam-se, no entanto, significativos considerando que, nos USA, há há cerca de 200.000 novos casos de câncer de próstata por ano, 82% dos quais em homens acima dos 65 anos de idade, com o agravante de que o problema é crônico e de resolução.

Moore e col .analisando a importância clínica dos efeitos da radioterapia conformal no tratamento do câncer de próstata fizeram os seguintes destaques, entre os 63 pacientes irradiados: 30 deles (48%) permaneceram assintomáticos, 33 (52%) tinham sintomas retais de proctite e, desses, 26 foram sistematicamente acompanhados. Dezenove (73%) desenvolveram hematoquezia e 7 (27%) tinham sangramento quando submetidos ao toque retal. Entre os pacientes com sangramento, 6 pacientes não tinham prectite e o sangramento era por causa e outras doenças colorretais.

Eles concluíram que a hematoquezia ou achado de sangue ma luva durante o toque retal, decorrente de seqüela da radioterapia, é evento comum no tratamento do câncer de próstata, mas não muito diferente da incidência de outras lesões que podem ser responsabilizadas pelo sangue notável e que são facilmente diagnosticadas pelo exame endoscópico.

Em suma, a radioterapia convencional foi bem-vinda, a teleradioterapia com acelerador linear foi melhor e a radioterapia tridimensional conformal é uma técnica inquestionavelmente avançada. Trata-se de um método pelo qual é possível a mais precisa seleção de direção e de intensidade de raios emitidos para alvos pontuais, objetivando quase que exclusivamente o tumor, com a conseqüente preservação dos tecidos vizinhos, portanto com maior efetividade e com o mínimo de efeitos colaterais crônicos e insolúveis.

Essas são as possibilidades teóricas que precisam ser comprovadas na prática, num campo de observação cujos resultados reais tem sido subestimados, principalmente quando referidos a efeitos colaterais nocivos que não se limitam exclusivamente as mucosites, mas envolvem, também, aspectos funcionais numa esfera em que, alguns deles, de caracteres incapacitantes que vão além do que se supõe ser devido à síndrome da resseção anterior (perda do reservatório retal) para abranger os danos diretos da radiação sobre os complexos esfincterianos e os plexos lombo-sacrais.

Por enquanto, seja para o câncer ginecológico e para o câncer de próstata, somos conclamados a investir no modelo mais preventivo do que curativo, mesmo sendo o “preventivo” apenas a mais precoce ação. Vale considerar que, para esses doenças de significativas incidências e altas mortalidades, “prevenir”, no sentido de ação mais precoce, é, sem dúvida alguma, bem melhor que remediar. Isso é mais relevante principalmente quando consideramos a necessidade do uso das terapias neo-adjuvantes que, com certeza, podem somar ao desconforto emocional de quem já é portador do câncer todo o desalento das iatrogênias inerentes ao tratamento que objetiva a cura.

Assim, precisamos encontrar os fatores preditivos que nos permitam escolher os pacientes com alta probabilidade de cura apenas com o tratamento cirúrgico, para que eles fiquem livres da radioterapia, e, por outro lado, buscar aperfeiçoar a técnica de radiação para aplicação nos casos cujas necessidades excedam a abrangência do tratamento cirúrgico exclusivo.

Avaliação dos custos para a implantação de um serviço de mamografia

Fonte: ASEVEDO, F. M.;KOCH, H.A. Avaliação dos custos para a implantação de um serviço de mamografia. Radiol. Bras. Vol. 37. no 2. São Paulo. Mar./Abr. 2004.

Introdução

Custo pode ser definido como a avaliação em numerário dos bens materiais e serviços a serem produzidos, adquiridos ou consumidos por uma organização empresarial ou instituição(1).

Um serviço de mamografia constitui-se numa organização, que além de oferecer às mulheres maior benefício em termos de detecção precoce do câncer de mama, tem caráter empresarial.

A determinação de seus custos é de grande utilidade para se saber quanto efetivamente custa produzir os serviços a serem ofertados para a sociedade(2).

É sempre bom lembrar que os custos têm várias funções importantes, entre elas, as de fornecer subsídios para ajudar no planejamento, na formulação de avaliações, no controle e também auxiliar no estudo de viabilidade econômica, da mesma forma que interfere significativamente nos processos decisórios, dando-lhes maior precisão(3).

As clínicas dedicadas à mamografia têm sofrido o impacto do recente aumento dos custos causado pela incorporação de avançada tecnologia, aumentos da carga tributária, custo de mão-de-obra, encargos e outros.

Para melhor avaliar os custos de implantação de um serviço de mamografia, torna-se necessário discriminá-los por partes, em virtude da complexidade e da variedade dos equipamentos, materiais e serviços existentes.

Neste sentido, os custos podem ser distribuídos em categorias: investimentos em bens de produção, custos operacionais e custos de estrutura.

Objetivos

Gerais: A proposta do presente trabalho é levantar as necessidades financeiras para implantação de um serviço de mamografia de pequeno porte.

Específicos: 1 – Levantar os custo de implantação de um serviço de mamografia quanto aos investimentos em equipamentos, materiais e produtos utilizados, mão-de-obra, encargos sociais, tributos e outros; 2 – analisar os processos de viabilização econômica para o seu funcionamento e para fazer face às obrigações contraídas, remunerar os recursos investidos e obter lucro; 3 – estabelecer e formular o preço de um exame de mamografia.

MATERIAIS E METODOS

Foram realizadas consultas junto às organizações empresariais, fornecedoras de produtos e serviços relacionados à mamografia. Em todas as consultas foram registradas diversas informações: o custo do item pesquisado, os prazos de entrega, a política de crédito ao consumidor adotada pela empresa e as demais condições de fornecimento.

Amostra: Empresas nacionais e internacionais com filial no Brasil, fornecedoras de equipamentos, materiais, produtos e prestadoras de serviços, entre elas as clínicas de mamografia, num total de 62 entidades pesquisadas.

Da amostragem, 23 empresas (61,29%) eram fornecedoras de equipamentos — mamógrafos, processadoras, misturadores, equipamentos de informática, telefonia e outros —, seis empresas (9,68%) eram fornecedoras de materiais e de produtos de consumo na área de produção e produtos diversos — filmes, fixador, químicos e produtos em geral —, e as 18 empresas restantes (29,03%) eram fornecedoras de serviços — manutenção de equipamentos, contabilidade, propaganda e anúncios e locação de equipamentos.

Delimitação do estudo: A coleta de dados deste trabalho foi realizada no período de 16/7/1999 a 18/7/2000.

Devido às constantes variações de preços e custos dos bens e serviços pesquisados no mercado nacional, foi efetuada a conversão para o dólar americano, usando-se a taxa de US$/R$ 1,93, de 1/9/1999.

RESULTADOS

1 – Investimentos em bens de produção

1.1 – São conhecidos como bens de produção ou bens de capital os equipamentos utilizados no processo de produção de outros bens ou serviços. São equipamentos e instalações que as entidades empresariais adquirem para efetuar a produção de seus bens ou serviços.

Um sistema de produção em um serviço de mamografia pode ser caracterizado como: equipamentos de produção, revelação e documentação de imagem com as quantidades dimensionadas para o serviço de mamografia proposto.

Pode-se juntar aos equipamentos do sistema de produção o “kit controle de qualidade” (“phantom”, densitômetro, sensitômetro, balança, químico e mala de transporte), que é vital no controle e na calibração dos equipamentos do sistema de produção como um todo.

1.2 – Equipamentos de informática, “softwares”, móveis e utensílios. Os investimentos, para a implantação de um serviço de mamografia, contemplam também outros equipamentos que devem fazer parte do setor administrativo e que a entidade empresarial tanto necessitará para poder operar.

2 – Materiais e produtos utilizados no processo de produção, revelação e documentação de imagem (matérias-primas)

Com base nos dados obtidos junto às empresas pesquisadas, frente ao consumo previsto diário, mensal e anual para o serviço de mamografia proposto, foram calculados os níveis de matérias-primas a serem gastos para o processo de produção deste serviço de mamografia.

3 – Demais materiais e produtos de consumo

3.1 – Materiais e produtos de higienização, descartáveis e alimentos. São materiais e produtos utilizados no setor administrativo e também em outras áreas da empresa, como, por exemplo, na limpeza e conservação e vestuário.

4 – Serviços terceirizados e não terceirizados

Dizem respeito, entre outros, a manutenção de equipamentos, utilização de serviços contábeis, treinamento profissional, controle de qualidade, locação de linha telefônica, assinaturas de jornais e revistas, postagem, seguros, propaganda, anúncios, publicidade, locação de dosimetria, etc.

Não podem ser esquecidos outros serviços de fornecimentos de diversas origens. É o caso, por exemplo, do aluguel do imóvel onde deverá funcionar o serviço de mamografia, caso a pessoa não possua o bem em questão, condomínio, IPTU, energia elétrica, água e esgoto e telefone.

5 – Mão-de-obra e encargos sociais

5.1 – Funcionários para o serviço de mamografia. Foi estabelecido para o serviço de mamografia proposto 11 funcionários, 45,83% da média pesquisada nas entidades empresariais, como, por exemplo: um diretor, um administrador, dois médicos radiologistas, duas recepcionistas, dois técnicos em radiologia, um funcionário para limpeza e conservação, dois técnicos em câmara escura. Foi considerado também que certos funcionários desse grupo podem ser prestadores de serviços.

5.2 – Encargos sociais diretos e indiretos sobre a folha de pagamento. Os encargos sociais diretos incidem sobre a folha de pagamento com os seguintes porcentuais: FGTS, 8%; INSS, 25,8%; seguro acidente, 1%. Os encargos sociais indiretos, conhecidos também como “provisões”, incidem da seguinte forma: rescisão contratual, 3,2%; férias anuais, 11,1%; 13º salário, 8,33%. Trata-se de uma reserva que a entidade necessita fazer para cumprir as obrigações trabalhistas.

6 – Tributos e encargos que incidem sobre o faturamento

Os encargos sobre o faturamento são: a Cofins, o PIS, o ISS, o IRRF e a CPMF. Eles são calculados sobre o faturamento bruto. Há, ainda, o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro real e o lucro bruto ajustado das empresas.

DISCUSSÃO

Houve algumas dificuldades na realização deste trabalho, oriundas das particularidades que geralmente são encontradas em um estudo de levantamento de custo.

O processo de pesquisa em si (contatar empresas, pessoas, levantar dados, etc.) fez parte desse leque de dificuldades. Isto se deu em função de algumas razões, como, por exemplo, o fato de não sermos conhecidos no mercado distribuidor e não estarmos cadastrados junto às empresas fornecedoras (nem junto às clínicas). Algumas questões que buscávamos resposta (por exemplo, custo de salários de funcionários e de diretores) foram, por isso, tratadas com muitas reservas pelos entrevistados.

Essa investigação mostrou, também, que no custo final de um serviço de mamografia pode haver certas variações de preços, as quais se explicam em face de alguns itens terem custos maiores ou menores, a depender do modelo e marca do equipamento estudado, origem e outros.

Esse é o caso dos mamógrafos pesquisados no mercado internacional. Em que pese serem considerados como de mesmo nível técnico, existem, porém, variações importantes entre os preços de venda de cada um deles e isto tem influência no custo final de implantação de um serviço de mamografia.

Não obstante, o frete e o seguro transporte internacional, a modalidade de negociação, as taxas de juros cobradas no financiamento, os “spreads”, as condições de pagamento e os impostos influem também no preço final de um mamógrafo e, consequentemente, no custo final de um serviço de mamografia.

São cobrados sobre os mamógrafos importados e mamógrafos adquiridos no mercado nacional impostos elevados. A carga tributária para um mamógrafo importado é, em média, 47,19% (II, IPI e ICMS) em relação ao preço de venda e isto também tem influência capital no custo de um serviço de mamografia, já que os impostos são cobrados sobre o custo CIF (FOB + frete + seguro) de cada equipamento, e quanto maior o custo FOB ou preço de venda do mamógrafo, frete e seguro, maiores serão os impostos a serem pagos.

Essas variações para mais ou para menos também são encontradas para os equipamentos e acessórios do sistema de revelação e documentação de imagem e de outros equipamentos de fabricação nacional.

As avaliações efetuadas conduziram a uma estimativa, conforme pode ser encontrada abaixo, para os custos dos investimentos em bens de produção, custos operacionais, custos de estrutura, custos dos salários e seus respectivos encargos e custo dos tributos.

Os custos dos investimentos em bens de produção, caracterizados aqui pelos equipamentos importados e de origem nacional acrescidos dos seus respectivos impostos, taxas diversas, juros e outros, representam 26,91% do total dos custos.

Os custos operacionais, representados pelos materiais e produtos do sistema de revelação e documentação de imagem, representam um porcentual de 8,26% em relação ao custo total.

Os custos da estrutura, que envolvem uma série de itens, como, por exemplo, aluguel de imóvel, IPTU, condomínio, telefone, energia elétrica, água e esgoto e serviços adquiridos de terceiros (treinamento profissional, controle de qualidade, manutenção de equipamentos, assinatura de jornais e revistas, propaganda, seguro dos equipamentos, inclusive da ampola e muitos outros), têm também peso muito importante nos itens de custo de um serviço de mamografia e representam 18,28% do custo total.

Os salários e os encargos sociais diretos, ou seja, o FGTS, o INSS, o Seguro Acidente de Trabalho e os encargos sociais indiretos, isto é, a provisão que deve ser feita ao longo de um ou mais anos para a cobertura de custos como rescisões contratuais, férias anuais e 13º salário, têm peso muito grande nos custos de um serviço de mamografia, cujo porcentual é de 36,01%. Os tributos sobre o faturamento bruto da empresa (PIS, Cofins, ISS, etc.) também representam um custo importante para ela, de 10,54% em média.

A formulação do preço final de um exame de mamografia deve considerar diversas questões. Por exemplo, esse preço deverá ser estabelecido com base nas condições de mercado, isto é, levar em conta aspectos sócio-econômicos e o nível de renda da população alvo. Analisar previamente se o retorno permite fazer face aos custos e à remuneração dos recursos investidos deverá ser um outro aspecto a ser contemplado.

CONCLUSÕES

A primeira conclusão diz respeito aos investimentos necessários que devem ser feitos, em um período de três anos, para a montagem e funcionamento de um serviço de mamografia de pequeno porte, conforme as opções relacionadas no Quadro 1 e no Gráfico 1.

A segunda conclusão versa sobre os processos de viabilização econômica do(s) referido(s) serviço(s) de mamografia, considerando os gastos, a remuneração dos recursos investidos, os recursos obtidos de terceiros e o lucro.

O lucro médio nos três primeiros anos de funcionamento de cada uma das opções de serviço de mamografia fica assim estabelecido: a) serviço de mamografia equipado com mamógrafo Senographe DMR, US$ 21.593,00; b) serviço de mamografia equipado com mamógrafo Mammomat 3000, US$ 25.584,00; c) serviço de mamografia equipado com mamógrafo Mammo Diagnost 4000, US$ 10.962,00; d) serviço de mamografia equipado com mamógrafo Graph Mammo AF, US$ 50.627,00. O preço de venda (unitário) deve acompanhar as condições de mercado e ser adequado aos custos que a entidade empresarial irá incorrer, de modo a viabilizar economicamente o empreendimento. A estimativa de preço unitário para este serviço de mamografia considerou todos os aspectos já citados, e teve em sua base um volume de 25 exames/dia (29,41% menor do que a média pesquisada), a um preço unitário de venda de R$ 98,00 (19,9% menor do que o preço médio unitário pesquisado cobrado de pacientes particulares). Isto significa, com base no volume estimado de produção mensal (550 exames), receita mensal de R$ 53.900,00 e anual de R$ 646.800,00. Tais condições podem proporcionar uma taxa média de retorno sobre os investimentos, num período de tempo de três anos, de: a) para o serviço de mamografia da primeira opção, 8,53%; b) para o serviço de mamografia da segunda opção, 10,82%; c) para o serviço de mamografia da terceira opção, -3,31% (negativo); d) para o serviço de mamografia da quarta opção, 28,65%.

 

Avaliação das mamas com métodos de imagem

Fonte: CHALA, L. F. ; BARROS, N.. Avaliação das mamas com métodos de imagem. Editorial. Radiol Bras 2007;40(1):IV–VI

A mamografia, a ultra-sonografia e a ressonância magnética desempenham papel central na detecção, no diagnóstico e na conduta das doenças mamárias. Além delas, outras tecnologias têm sido estudadas nas mamas, tais como a tomografia por emissão de pósitrons (PET), a espectroscopia, a tomografia computadorizada, a tomossíntese e a ultra-sonografia com contraste; o custo-benefício destas novas tecnologias, entretanto, necessita de mais estudos.

A mamografia continua a ser a mais importante técnica de imagem para as mamas. Trata-se do método de escolha para o rastreamento populacional do câncer de mama em mulheres assintomáticas e é a primeira técnica de imagem indicada para avaliar a maioria das alterações clínicas mamárias. Há uma ampla concordância de que o rastreamento mamográfico reduz a mortalidade pelo câncer de mama em mulheres assintomáticas. Outros benefícios da detecção precoce incluem o aumento das opções terapêuticas, da probabilidade de sucesso do tratamento e da sobrevida.

Atualmente existem dois tipos de formação de imagem nos equipamentos mamográficos. A primeira geração é formada pelo conjunto filme-écran e caracteriza a mamografia convencional, e a segunda geração é representada pelos receptores digitais e define a mamografia digital. O modo de obtenção da imagem mamográfica (receptor digital versus filme) determina a maioria das diferenças entre a mamografia convencional e a digital. Na mamografia convencional, o filme representa o meio de aquisição, de exposição e de armazenamento da imagem mamográfica, e apesar de gerar imagens com alta resolução espacial e contraste, há pouca margem para melhorias.

Na mamografia digital, os processos de aquisição, exposição e armazenamento são separados e podem ser aperfeiçoados individualmente; além disto, a análise das imagens mamográficas digitais em estações de trabalho com monitores da alta resolução permite uma série de processamentos que podem melhorar o contraste das imagens. A mamografia digital também facilita a incorporação de uma série de novas tecnologias como o CAD (computer aided detection), a tomossíntese, o uso de contraste intravenoso e a interpretação a distância do exame (telerradiologia).

Recentemente, Pisano et al. compararam a mamografia convencional com a digital em 42.760 mulheres e concluíram que a acurácia geral da mamografia convencional e da digital no rastreamento do câncer de mama foi similar. Porém, a mamografia digital mostrou acurácia maior em alguns subgrupos específicos de mulheres, a saber: mulheres com menos de 50 anos, mulheres com mamas radiologicamente densas e mulheres na pré-menopausa ou perimenopausa. Todavia, há muito debate a respeito do significado e das razões da maior acurácia da mamografia digital neste subgrupo de mulheres. Deve-se ressaltar que, no presente momento, tanto a mamografia convencional quanto a digital podem ser empregadas para o rastreamento populacional do câncer. Não há nenhum consenso em relação a um uso preferencial da mamografia digital ou convencional, mesmo em subgrupos específicos de mulheres.

A capacidade da mamografia em detectar o câncer de mama varia entre as mulheres de acordo com alguns fatores e o mais importante deles é a densidade radiológica da mama; a sensibilidade da mamografia é menor nas mamas densas do que naquelas com predomí- nio de tecido adiposo. Por esta razão, métodos de imagem suplementares para rastrear e avaliar mamas densas têm sido investigados e incluem, principalmente, a ultra-sonografia e a ressonância magnética.

A ultra-sonografia é o principal método adjunto da mamografia e do exame físico na detecção e no diagnóstico das doenças mamárias e seu uso na prática clínica vem crescendo ao longo dos anos. As principais indicações e potenciais indicações da ultra-sonografia nas mamas são: diferenciar e caracterizar nódulos sólidos e cistos identificados pela mamografia ou pelo exame clínico; orientar procedimentos intervencionistas na mama; avaliar pacientes jovens, gestantes ou lactantes com alterações clínicas na mama; pesquisar abscessos nas mastites; avaliar nódulos palpáveis em mamas radiologicamente densas; analisar implantes mamários; estadiar, locorregionalmente, o câncer de mama; caracterizar assimetrias focais que podem corresponder a nódulos; avaliar a resposta à quimioterapia neo-adjuvante; suplementar a mamografia no rastreamento do câncer de mama em mulheres com mamas radiologicamente densas.

Uma indicação muito debatida da ultra-sonografia é seu uso como método suplementar da mamografia no rastreamento do câncer de mama em mulheres com mamas radiologicamente densas, visando detectar lesões ocultas no exame físico e na mamografia. No entanto, caso seja indicada, ela não deve ser utilizada como alternativa a mamografia, devido às suas limitações na detecção e caracterização de calcificações, distorções arquiteturais e nódulos localizados em áreas nas quais predominem tecido adiposo. A limitação da ultra-sonografia para detectar microcalcificações é particularmente importante, pois esta é a forma de apresentação mais comum dos carcinomas ductais in situ.

A ressonância magnética das mamas também está sendo cada vez mais utilizada como método adjunto da mamografia e da ultra-sonografia na detecção, na caracterização e no planejamento terapêutico do câncer de mama. Muitas indicações têm sido identificadas e avaliadas e, em geral, elas baseiam-se principalmente na sua elevada sensibilidade para a detecção do câncer de mama, inclusive de lesões ocultas no exame físico e nos métodos convencionais (mamografia e ultra-sonografia). A ressonância magnética das mamas tem sido investigada no rastreamento de mulheres com alto risco para o câncer de mama; no rastreamento da mama contralateral em mulheres com diagnóstico de câncer de mama para pesquisa de neoplasias sincrônicas; na procura da lesão primária oculta em pacientes com metástases axilares; na caracterização de achados duvidosos na mamografia ou na ultra-sonografia; para determinar a extensão local do câncer de mama; para verificar a presença e a extensão de doença residual, especialmente quando margem cirúrgica é positiva no exame histológico; para avaliar a resposta à quimioterapia neo-adjuvante; na diferenciação entre cicatriz cirúrgica e recorrência tumoral nas pacientes previamente tratadas por câncer de mama; na avaliação da integridade dos implantes mamários. A ressonância magnética não deve ser empregada como critério para se indicar ou não a investigação histológica de lesões suspeitas por critérios clínicos, mamográficos ou ultrasonográficos. Também não há estudos que forneçam base científica para o seu uso no rastreamento do câncer de mama em mulheres que não possuem alto risco para a doença.

Após a detecção de uma alteração em qualquer mé- todo de imagem é necessária a sua caracterização para estabelecer se ela representa uma alteração benigna ou uma lesão potencialmente maligna. A probabilidade de malignidade de uma alteração é determinada principalmente pela avaliação de suas características morfoló- gicas e evolutivas (redução, estabilidade ou crescimento ao longo do tempo). A utilidade prática da mamografia, da ultra-sonografia e da ressonância magnética nas mamas muitas vezes é limitada pela especificidade relativamente baixa destes exames que implica em biópsias ou seguimentos precoces. Isto decorre da conhecida sobreposição de achados entre as lesões benignas e malignas nos métodos de imagem, mas também se relaciona à padronização e ao entendimento do valor preditivo de cada critério utilizado para a interpretação dos achados nestes exames.

Dois artigos publicados nesta edição da Radiologia Brasileira endereçam os critérios de interpretação na caracterização das lesões mamárias. Um avalia a capacidade preditiva para malignidade das categorias 3, 4 (A, B e C) e 5 do BI-RADS em lesões não-palpáveis da mama. O BI-RADS, ao padronizar a definição dos critérios empregados para caracterizar as lesões na mamografia, na ultra-sonografia e na ressonância magné- tica, contribuiu para facilitar a comparação entre os diferentes estudos e, por conseguinte, o entendimento deles. Além disto, ele estabeleceu categorias de avalia- ção final que são utilizadas para classificar os nódulos de acordo com sua probabilidade de malignidade, facilitando a conduta subsequente.

A categoria 0 é utilizada quando a caracterização da alteração está incompleta, sendo necessária avaliação adicional. As categorias 1 e 2 indicam que não há nenhuma evidência mamográfica sugestiva de malignidade. A categoria 3 indica a presença de achados provavelmente benignos (menos de 2% de chance de malignidade), para os quais a conduta preferencial é o controle precoce. A categoria 4 refere-se a uma anormalidade suspeita para a qual a biópsia deveria ser considerada e pode ser subdividida em A, B e C. A categoria 4A deve ser utilizada para achados que necessitam de intervenção, mas com baixa suspeição de malignidade; histologia maligna não é esperada e o seguimento em seis meses ou de rotina após a biópsia ou citologia benigna é adequado. A categoria 4B inclui lesões com suspeição intermediária para malignidade; os achados nesta categoria requerem criteriosa correlação anátomo-radiológica e o seguimento de resultados benignos na biópsia destas lesões depende desta correlação. A categoria 4C inclui achados com moderada suspeição, mas não clássicos, como na categoria 5, para malignidade. A categoria 5 é reservada para achados altamente sugestivos de malignidade e a categoria 6 é utilizada quando já há uma biópsia indicando que a lesão se trata de um câncer. Não há muitos estudos que permitam definir com clareza quais lesões estão nas subcategorias 4A, 4B e 4C e qual o valor preditivo positivo delas.

O outro artigo verifica a capacidade preditiva das características ultra-sonográficas dos nódulos mamá- rios. Atualmente sabe-se que uma série de características está associada a um maior risco de malignidade, tais como: margem não-circunscrita, forma irregular, ecogenicidade complexa, sombra acústica posterior, orientação não-paralela, halo ecogênico e alterações nos tecidos adjacentes. A identificação de nódulos provavelmente benignos na ultra-sonografia, candidatos a um controle precoce, requer a exclusão de qualquer sinal de malignidade e a presença de uma associação de critérios de benignidade. Isto implica em análise ultra-sonográ- fica criteriosa e a identificação de qualquer sinal sugestivo de malignidade indica a biópsia. Não se deve deixar de realizar uma biópsia de um nódulo sólido na ultra-sonografia com base em apenas uma característica benigna, por exemplo, margens circunscritas.

O consenso em relação aos nódulos sólidos que podem ser classificados como provavelmente benignos na ultra-sonografia está sendo construído. Stavros et al. demonstraram que nódulos sem sinais de malignidade e que tinham forma elipsóide e pseudocápsula, ou a presença de duas ou três lobulações e pseudocápsula ou possuíam intensa hiperecogenicidade homogênea associaram-se a um valor preditivo negativo para malignidade de 99,5%; a sensibilidade foi de 98,4%. Chala et al. relataram que nódulos redondos, ovais ou lobulados com menos de três lobulações que apresentavam margens circunscritas, orientação paralela e ausência de acentuada hipoecogenicidade, sombra acústica posterior, calcificações e alterações no tecido adjacente, independentemente da ecotextura e da presença da pseudocápsula, apresentaram sensibilidade e valor preditivo negativo para câncer, respectivamente, de 98,1% e 99%.

Avanços no entendimento do valor preditivo dos diversos critérios, isolados ou combinados, utilizados na caracterização das lesões mamárias detectadas nos diferentes métodos de imagem são um passo importante para reduzir o número de biópsias com resultados benignos. Entretanto, deve-se ressaltar que as técnicas de imagem não são técnicas de diagnóstico histológico. Assim, a biópsia para investigação histológica continuará a ser necessária para muitas lesões mamárias e, a maioria delas, felizmente, será benigna.

 

 

 

Desenvolvimento de Módulos Dosimétricos para Radiologia

Fonte: SOUZA, D.N.. Desenvolvimento de Módulos Dosimétricos para Radiologia. In: II Seminário de Pesquisa FAP-SE – Edital FAP-SE/ FUNTEC 2002, 2004, Aracaju. Anais Seminário de Pesquisa. Aracaju: FAP-SE, 2004. v. 1.

A principal fonte de exposição da população às radiações ionizantes artificiais são os exames radiológicos na área da saúde. Entretanto, as doses absorvidas em decorrência dos procedimentos nesta área são pequenas, quando comparadas com procedimentos radioterapêuticos, normalmente, não oferecendo riscos para a indução de efeitos determinísticos (De Werd et al, 1999). Mesmo assim, muitos dos procedimentos utilizados na radiologia clínica podem contribuir com uma dose de radiação significante ao paciente, até mesmo quando executados por operadores treinados no uso de tecnologias de redução de dose e de equipamentos modernos (Kron, 1999).

Diretrizes de proteção radiológica, com relevância para a proteção da saúde dos usuários de radiologia médica, têm sido editadas por órgãos nacionais e internacionais com o objetivo básico de estabelecer de otimização de serviços radiológicos, no que se refere ao controle de qualidade, a fim de estabelecer critérios para o uso da dose mínima necessária para alcançar uma boa qualidade da imagem (Ministério da Saúde, 1998; European Council Directive, 1997).

Uma das formas de investigação das doses absorvidas em procedimentos radiológicos é por meio de análises com módulos simuladores de partes do corpo humano. Estes módulos são compostos por material equivalente a tecido e dosímetros termoluminescentes (TLD). Os TLD são muito úteis em dosimetria médica, devido a qualidades como tamanho reduzido dos detectores e a possibilidade de serem produzidos com material de número atômico semelhante ao tecido biológico, tornando-os tecido equivalente.

O objetivo deste trabalho foi testar uma possibilidade de utilizar módulos simuladores dosimétricos, constituídos de acrílico e TLD, para aferição de dose em exames radiológicos de tórax de crianças e coluna espinhal de adultos realizados Aracaju, SE.

A investigação das doses absosrvidas por crianças em procedimentos radiológicos tem sido objeto de nvestigação em diversos trbalhos. Como as crianças estão sujeitas a sofrer, com um maior risco que os adultos, efeitos prejudiciais de exposição à radiação ionizante, é importante que a dose de radiação para crianças, decorrentes de exposição médica, seja criteriosamente analisada (Mooney e colaboradores, 1999; Oliveira e Khoury, 2003).

Embora não sejam encontrados na literatura trabalhos sobre dosimetria em densitometria óssea, é importante mensurar as doses absorvidas por indivíduos que se submetem a este tipo de exame. A medida da densidade mineral do osso, chamada densitometria óssea, pode ser realizada por um aparelho especial que utilize raios X de baixa energia. Este método é baseado no princípio da absorção de radiação pelos ossos. Seu objetivo é a comparação dos valores das densidades minerais de determinados ossos, obtidas por meio do exame densitométrico, com valores padrões para idade e sexo. Esta comparação possibilitará a obtenção da curva de perda óssea através do tempo para cada indivíduo (Heidekker et al, 2004).

Materiais e métodos

Fantomas (módulos simuladores) foram projetados e construídos para simular as dimensões dos tórax de crianças de dois, seis e dez anos de idade. Para cada idade foram construídos dois blocos de acrílico, preenchidos com água. Juntos, o par adquiria as dimensões relativas a cada idade (espessura, largura e altura). A espessura define o diâmetro ântero-posterior e a largura, o diâmetro látero-lateral dos módulos. Cada um dos blocos componentes do módulo simulador para a idade de dois anos possui 8,0 cm de espessura, 13,0 cm de largura e 16,5 cm de altura. Para a idade de seis anos estas dimensões são 10,0 cm, 14,0 cm, e 17,5 cm, respectivamente. O módulo simulador para a idade de dez anos tem a espessura de 12,0 cm, as demais dimensões são iguais as do módulo para a idade de seis anos.

Nos módulos simuladores de tórax, foram posicionados grupos de TLD-100 (LiF:Mg;Ti) na superfície de entrada e de saída do feixe e na meiaespessura. Uma câmara de ionização (MDH X-ray 2025) equivalente-ar foi utilizada para medidas de dose na superfície de entrada do feixe nos módulos. A dose na superfície de entrada foi expressa em termos de dose absorvida no ar, que é equivalente ao kerma no ar para as energias utilizadas em radiodiagnóstico (European Council Directive, 1997). As incertezas nas medidas com câmara de ionização foram de ± 3%.

Antes dos procedimentos de irradiação os TLD passaram por tratamentos térmicos para restaurar sua capacidade dosimétrica.

As medidas de termoluminescência foram feitas em uma leitora comercial Harshaw 3500, utilizando-se um programa de aquecimento linear com uma taxa de 5ºC/s no intervalo de temperatura entre 40 e 350 ºC.

Os parâmetros para as exposições radiográficas foram selecionados por radiologistas das duas instituições onde foram realizados os procedimentos, na Clínica de Medicina Nuclear, Endocrinologia e Diabetes (CLIMEDI) e no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe. Os equipamentos de raios X eram de marca Siemens. A Tabela 1 mostra os parâmetros técnicos utilizados nos exames radiográficos dos módulos simuladores de tórax.

 

 

As análises em densitometria óssea também foram realizadas utilizando-se um módulo dosimétrico de acrílico construído com placas de 9,0 mm de espessura. Após a montagem e colagem das placas, o módulo adquiriu o formato de paralelepípedo, com 3,0 cm de espessura, 3,0 cm de largura e 30,0 cm de comprimento (figura 1). Uma placa adicional de acrílico foi colocada sobre o módulo. Os dosímetros foram colocados sobre a placa adicional (na entrada do feixe), sob a placa adicional, na profundidade de 9.0 mm, e sob o módulo simulador.

As irradiações em densitometria foram feitas em um aparelho de marca PRODIGY pertencente à CLIMEDI. Como dosímetro, foram utilizadas pastilhas de CaSO4:Dy, por apresentar boa resposta termoluminescente quando expostas a energia do densitômetro e por serem de menor custo que os dosímetros TLD-100.

Resultados

Foram verificadas as doses absorvidas pelos módulos simuladores em exames radiológicos de tórax de criança e em análises densitométricas de coluna lombar.

A dose na superfície de entrada do módulo simulador de tórax de criança de dois anos, medida com uma câmara de ionização, foi de 78µGy. Tomando-se este valor como referência, foram estimadas as doses absorvidas na meia espessura e na superfície de saída do módulo, utilizando-se a resposta à dose dos TLD, foram calculadas as doses nas demais posições. Na meia espessura e na superfície de saída do módulo as doses foram 62,8% e 74,1% menores, respectivamente, que a dose absorvida pela superfície do módulo.

As doses absorvidas nos simuladores de crianças de seis e dez anos foram obtidas seguindo os mesmos procedimentos realizados para o módulo simulador de criança de dois anos. Para o módulo simulador de tórax de criança de seis anos, a dose na superfície de entrada foi de 74,4µGy espessura e na superfície de saída do feixe as doses foram 73,9% e 83,8% menores, respectivamente, do que a dose na superfície de entrada do feixe. O módulo simulador para tórax de criança de dez anos mostrou resultados similares aos observados no de seis anos.

As análises com o módulo de coluna lombar mostraram que a menor dose absorvida na entrada do módulo foi de 36.7 µGy. As doses sob a placa de 9 mm foram 42% menores que na superfície de entrada. As doses na saída tiveram seus valores reduzidos em 63%.

Conclusões

Os resultados analisados neste trabalho indicam que os módulos simuladores de tórax para uso em procedimentos de aferição de doses em radiologia pediátrica, construídos com acrílico, são potencialmente utilizáveis em controle de qualidade nestes procedimentos. Devido à facilidade de montagem destes módulos e ao baixo custo de produção, podem ser facilmente construídos com dimensões variadas.

O módulo da coluna lombar mostrou-se eficiente para dosimetria de feixes de raios-X utilizados em densitometria óssea. Como esperado, os dosímetros de CaSO4:Dy apresentaram uma resposta TL proporcional às doses liberadas pelo densitômetro.

 

Complicações bucais da radioterapia em cabeça e pescoço

Fonte:  JHAM, B. C.; FREIRE, A. R. S. Complicações bucais da radioterapia em cabeça e pescoço. Rev Bras Otorrinolaringol 2006;72(5):704-8.

Anualmente, são diagnosticados no mundo cerca de 870 mil novos casos de tumores malignos das vias aerodigestivas superiores. As taxas de incidência destas neoplasias em países não-desenvolvidos são superadas somente pelas taxas do câncer do colo uterino. O tratamento de escolha para essas neoplasias é a cirurgia, associada ou não à radioterapia. Cirurgia e radioterapia são formas de tratamento para a doença localizada ou regional.

Muitos dos pacientes que apresentam câncer de cabeça e pescoço são submetidos a altas doses de radioterapia em extensos campos de radiação que irão incluir a cavidade bucal, maxila, mandíbula e glândulas salivares. A radioterapia, apesar de apresentar a vantagem de preservar a estrutura dos tecidos, acarreta em inúmeras reações adversas que se manifestam na cavidade bucal. Tendo em vista que as complicações bucais decorrentes da radioterapia resultam em alta morbidade e queda da qualidade de vida, o objetivo desta revisão é abordar os principais efeitos adversos bucais decorrentes da radioterapia.

Aspectos biológicos da radioterapia

Radioterapia é uma modalidade de tratamento para tumores malignos cujo agente terapêutico é a radiação ionizante, ou seja, aquela que promove ionização no meio onde incide, tornando-o eletricamente instável. As radiações ionizantes são divididas em corpusculares e eletromagnéticas. As radiações corpusculares são representadas pelos elétrons, prótons e nêutrons; as radiações eletromagnéticas são chamadas de fótons, sendo representadas pelos raios X e pelos raios gama. Na prática clínica, a maior parte dos tratamentos radioterápicos é feita através do uso de fótons.

As radiações ionizantes agem sobre o DNA nuclear levando à morte ou à perda da sua capacidade reprodutiva. Como o conteúdo de DNA duplica durante a mitose, células com alto grau de atividade mitótica são mais radiossensíveis do que aquelas com baixa taxa de mitose. A ação da radiação pode ser direta ou indireta. Na ação direta, a molécula de DNA é clivada, o que interfere no processo de duplicação. No efeito indireto, a água é dissociada em seus dois elementos, H+ e OH-, sendo que este último reage com as bases de DNA, interferindo no processo de duplicação. Como a água representa a maior parte do conteúdo celular, o efeito indireto é proporcionalmente mais importante que o direto.

Por estarem em contínuo processo de multiplicação, as células neoplásicas são passíveis de sofrerem os efeitos da radiação. Entretanto, a capacidade de multiplicação varia de acordo com o tipo celular. Desta forma, existe uma escala de radiossensibilidade tanto para células tumorais como para células normais. Neoplasias embrionárias e linfomas são tumores radiossensíveis, enquanto que carcinomas são moderadamente radiossensíveis.

Para expressar a quantidade de radiação absorvida pelos tecidos, foi proposta inicialmente uma unidade internacional, o rad (radiation absorbed dose), isto é, a diferença entre a radiação aplicada e a que atravessou os tecidos. Recentemente, esta unidade foi substituída pelo Gray, definido como 1 joule por quilograma. O Gray é abreviado como Gy, sendo que: 1 Gy = 100 cGy =100 rad.

A radioterapia pode ser realizada em esquemas de curta duração até esquemas extremamente protraídos, durante várias semanas. A justificativa das aplicações em pequenas frações diárias tem sua fundamentação nos “5 Rs” da radiobiologia: reoxigenação, redistribuição, recrutamento, repopulação e regeneração.6 A maioria dos pacientes submetidos à radioterapia recebe uma dose total de 50-70 Gy como dose curativa. Essas doses são fracionadas em um período de 5-7 semanas, uma vez ao dia, 5 dias por semana, com dose diária de aproximadamente 2 Gy. Nos tratamentos adjuvantes, 45 Gy são empregados no pré-operatório e 55-60 Gy no pós-operatório.

Complicações bucais da radioterapia

Reações adversas à radioterapia irão depender do volume e do local irradiados, da dose total, do fracionamento, da idade e condições clínicas do paciente e dos tratamentos associados. Uma pequena elevação na dose tumoral é suficiente para aumento expressivo na incidência de complicações. Reações agudas ocorrem durante o curso do tratamento e em geral são reversíveis. Complicações tardias são comumente irreversíveis, resultando em incapacidade permanente e em piora da qualidade de vida , e variam em intensidade, sendo, em geral, classificadas em leves, moderadas e graves.

Muitos dos pacientes que apresentam câncer de cabeça e pescoço são submetidos a altas doses de radioterapia em extensos campos de radiação que irão incluir a cavidade bucal, maxila, mandíbula e glândulas salivares. Desta forma, a terapia anticâncer está associada a diversas reações adversas. Essas reações podem ocorrer em uma fase aguda (durante ou nas semanas imediatas ao tratamento) ou em uma fase crônica (meses ou anos após a radioterapia). A gravidade das complicações bucais agudas irá depender do grau de inclusão dessas estruturas no campo de irradiação.

A mucosite é definida como uma irritação da mucosa.5 A mucosite induzida pela terapia antineoplásica é uma importante reação adversa, podendo interferir no curso da radioterapia e alterar o controle local do tumor e, conseqüentemente, a sobrevida do paciente.

Os pacientes irradiados têm maior tendência ao desenvolvimento de infecções bucais causadas por fungos e bactérias. Estudos têm demonstrado que pacientes que foram submetidos à radioterapia apresentam maior número de espécies microbianas, tais como Lactobacillus spp., Streptococcos aureus e Candida albicans. A candidose bucal é uma infecção comum em pacientes sob tratamento de neoplasias malignas das vias aero-digestivas superiores. A colonização da mucosa bucal pode ser encontrada em até 93% desses pacientes, enquanto que infecção por Candida pode ser vista em 17-29% dos indivíduos submetidos à radioterapia. O risco aumentado para a candidose bucal decorre provavelmente da queda do fluxo salivar conseqüente da radioterapia.

A disgeusia acomete os pacientes a partir da segunda ou terceira semana de radioterapia, podendo durar vá- rias semanas ou mesmo meses. Ela ocorre já que os botões gustativos são radiossensíveis, ocorrendo degeneração da arquitetura histológica normal dos mesmos. O aumento da viscosidade do fluxo salivar e a alteração bioquímica da saliva formam uma barreira mecânica de saliva que dificulta o contato físico entre a língua e os alimentos. A recuperação a níveis quase normais normalmente ocorre de 60 a 120 dias após o término da irradiação.

Mesmo indivíduos que já há algum tempo não apresentavam atividade cariosa podem desenvolver cáries de radiação ao serem submetidos à radioterapia. O principal fator para que tais lesões de desenvolvam é a diminuição da quantidade de saliva, bem como alterações qualitativas da mesma. Além disso, a radiação exerce um efeito direto sobre os dentes, tornando-os mais susceptíveis à descalcificação

A osteorradionecrose (ORN) é a necrose isquêmica do osso decorrente da radiação, sendo uma das mais sérias conseqüências da radioterapia, resultando em dor bem como possíveis perdas substanciais da estrutura óssea.5,28 Em decorrência da terapia anti-câncer, as células ósseas e a vascularização do tecido ósseo podem sofrer lesões irreversíveis. A ORN pode ocorrer de forma espontânea ou, mais comumente, após trauma (normalmente extrações dentárias). Em 95% dos casos a ORN está associada à necrose de tecido mole e exposição óssea subsequente.

Outra possível consequência da radioterapia é a necrose de tecido mole, que pode ser definida como uma úlcera localizada no tecido irradiado, sem presença de neoplasia residual. A incidência da necrose de tecido mole está relacionada com a dose, tempo e volume da glândula irradiada, sendo que o risco é maior quando a braquiterapia é usada. A necrose de tecido mole é uma condição normalmente dolorosa e boa higiene bucal, bem como o uso de analgésicos e muitas vezes de antibióticos são necessários para a resolução da condição.

A xerostomia, ou “boca seca”, pode ser decorrente de certas doenças ou ser uma reação adversa a alguns medicamentos. Entre os pacientes irradiados na região de cabeça e pescoço, é uma dais mais frequentes queixas. Chencharick e Mossman verificaram que 80% dos pacientes irradiados queixam-se de xerostomia. Entretanto, a relação entre a percepção individual de boca seca e os reais valores dos fluxos salivares ainda não foi totalmente definida. Em algumas situações, existe correlação entre fluxo salivar reduzido e queixa de xerostomia. Porém, em muitos casos não existe associação entre a xerostomia e os achados objetivos de disfunção das glândulas salivares – ou seja, pacientes sem alterações no fluxo salivar podem se queixar de secura na boca.

Conclusões

A radioterapia tem sido amplamente utilizada no tratamento das lesões malignas da cabeça e pescoço, com melhora da sobrevida dos pacientes. Entretanto, esta forma de terapêutica ainda está associada a diversas reações adversas, que afetam de forma significativa a qualidade de vida dos pacientes, podendo afetar inclusive o andamento do tratamento. Levando em conta que as taxas de incidência do câncer de cabeça e pescoço provavelmente vão se manter as mesmas das últimas décadas, é de suma importância que profissionais da área de saúde estejam familiarizados com as complicações que podem advir do tratamento antineoplásico. O tratamento multidisciplinar, incluindo a equipe médica, o cirurgião-dentista, o fonoaudiólogo, o nutricionista e o psicólogo é a melhor alternativa para minimizar ou mesmo prevenir tais complicações.

 

Terminologia Para A Descrição De Tomografia Computadorizada Do Tórax

Fonte: Jasinovodolinsky, D. et alii. Terminologia Para A Descrição De Tomografia Computadorizada Do Tórax. Radiol Bras vol.35 no.2 São Paulo Mar. 2002.

INTRODUÇÃO

Uma das grandes preocupações da ciência sempre foi estabelecer uma linguagem universal, a fim de facilitar a comunicação entre pessoas de diferentes nacionalidades e culturas. Isto permite, entre outras coisas, a comparação de resultados de trabalhos científicos e a troca de informações sobre um determinado assunto.

No Brasil, de proporções continentais, com uma cultura rica e variada, há a necessidade de se estabelecer um consenso de terminologia para se descrever os exames de imagem.

Especialmente em relação aos exames de imagem, isto não é tarefa fácil, pois na formação do radiologista em geral não há a preocupação de saber como se deve descrever uma lesão pulmonar. Esta situação se deve a vários fatores, como existir uma literatura muito variada, aprender “ouvindo” os radiologistas mais experientes, existir vícios de linguagem, que foram passados de geração em geração, as próprias características regionais, que influenciam no linguajar médico, e o uso indiscriminado de termos em inglês, sem uma real preocupação com a sua adequada tradução.

Além disso, ao se fazer um relatório, este passa a ser um documento, que será lido, no mínimo, por outro médico, que muitas vezes não entende o que está escrito, acarretando conseqüências ruins para todos os envolvidos neste processo, especialmente para a figura central do processo, o paciente.

Foi com essa preocupação que o Grupo de Tórax do Colégio Brasileiro de Radiologia, em conjunto com a Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, resolveram fazer uma primeira proposta para um consenso brasileiro de terminologia em tórax, com base em consensos internacionais já existentes. Nesta primeira fase, é abordada a terminologia usada para os exames de tomografia computadorizada de alta resolução do tórax.

É muito importante que todos participem com sugestões e críticas, para que num futuro próximo possamos estabelecer um consenso que seja referendado por todas as sociedades representantes afins, as escolas médicas, os congressos, as universidades, as residências médicas e seja utilizado pela maioria dos radiologistas, para que se use uma linguagem em comum, compreensível tanto para o radiologista como para o pneumologista.

A partir desta publicação, durante um prazo de dois meses aguardaremos idéias e sugestões dos colegas radiologistas e pneumologistas de todo o País, para posteriormente divulgarmos o Consenso Brasileiro em TCAR do Tórax, que, esperamos, passe a ser usado no Brasil. As sugestões devem ser enviadas para o Dr. Arthur Soares Souza Jr (e-mail: asouzajr@terra.com.br).

 

GLOSSÁRIO EM TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ALTA RESOLUÇÃO DO TÓRAX

Aprisionamento (seqüestro) aéreo. S. m. 1. (Fisiopatol.) Retenção de excesso de gás (“ar”) em todo ou em parte do pulmão, especialmente durante a expiração, tanto como resultado de obstrução parcial ou completa de vias aéreas, como também resultante de anormalidades focais da complacência pulmonar. Apesar de não ser de uso habitual, o termo “aprisionamento gasoso” é mais preciso. 2. (TC) Diminuição da atenuação do parênquima pulmonar, evidenciada especialmente por uma atenuação menor que o normal durante a expiração. Deve ser diferenciada de diminuição da atenuação por hipoperfusão secundária ao aumento da resistência da artéria pulmonar.

Banda parenquimatosa. S. f. Opacidade alongada, usualmente com vários milímetros de largura e com cerca de 5 cm de comprimento, freqüentemente estendendo-se até a pleura, a qual pode estar espessada e retraída no local do contato. Em geral corresponde a fibrose focal de causa não específica.

Bola fúngica. S. f. Coleção lembrando massa e representando enovelado de hifas, usualmente da espécieAspergillus, associado com muco, fibrina e restos celulares, colonizando uma cavidade pulmonar causada por uma doença prévia (ex.: tuberculose). Poderá mover-se com a mudança de posição do paciente. Sin.:micetoma.

Bolha. S. f. 1. (Patol.) Espaço aéreo dilatado, bem demarcado, que mede 1 cm ou mais de diâmetro e possui paredes que habitualmente não ultrapassam 1 mm de espessura. 2. (TC) Espaço aéreo focal, arredondado, com 1 cm ou mais de diâmetro, demarcado por parede fina, habitualmente múltiplo ou associado com outros sinais de enfisema pulmonar. É o termo preferido para descrever todos os espaços contendo ar no pulmão, com exceção de pneumatocele.

Broncograma aéreo. S. m. (Radiol.) Imagem radiográfica de brônquio contendo ar, periférico ao hilo e circundado por pulmão desaerado (devido à absorção de ar, substituição de ar ou ambas). Este achado é geralmente reservado como evidência de permeabilidade das vias aéreas mais proximais. Qualquer imagem semelhante a uma faixa que reduz de calibre ou luscência, ramificada no interior de pulmão opacificado, correspondendo ao tamanho e distribuição de um brônquio ou brônquios, presume-se que represente um segmento da árvore brônquica.

Bronquiectasia. S. f. 1. (Patol.) Aumento irreversível do calibre de brônquio ou brônquios, que freqüentemente apresentam espessamento de suas paredes. Quando moderada, a dilatação é cilíndrica (isto é, a redução progressiva normal do calibre do brônquio está ausente). Quando mais grave, a dilatação torna-se sacular e constrições irregulares podem estar presentes. Quando muito grave, o brônquio pode estar acentuadamente dilatado, especialmente em suas porções distais. 2. (TC) Dilatação dos brônquios, que freqüentemente apresentam espessamento de suas paredes.

Bronquiectasia de tração. S. f. Dilatação brônquica, geralmente irregular, em associação com opacidades justabrônquicas, que é interpretada como fibrose pulmonar retrátil.

Bronquiolectasia. S. f. 1. (Patol.) Dilatação de um bronquíolo ou bronquíolos, que freqüentemente apresentam espessamento parietal. 2. (TC) Dilatação bronquiolar. Ver também bronquiolectasia de tração.

Bronquiolectasia de tração. S. f. Dilatação bronquiolar em associação com opacidade peribronquiolar, que é interpretada como fibrose pulmonar retrátil.

Cavidade. S. f. 1. (Patol.) Massa no interior do parênquima pulmonar, cuja porção central apresentou necrose de liquefação, a qual foi expelida pela árvore brônquica, deixando espaço com conteúdo aéreo, contendo ou não líquido. 2. (Radiol.) Espaço contendo gás no interior do pulmão, com paredes com espessura acima de 1 mm e geralmente de contornos irregulares.

Cisto. S. m. 1. (Patol.) Espaço arredondado, circunscrito, cercado por parede epitelial ou fibrosa, cuja espessura pode ser uniforme ou variável e que no pulmão habitualmente contém ar, mas que pode conter material sólido, semi-sólido ou líquido. 2. (Radiol.) Espaço parenquimatoso, arredondado, com paredes bem definidas, usualmente contendo ar, quando está no pulmão, mas sem enfisema associado; comumente utilizado para descrever espaço aéreo aumentado no estágio final de fibrose pulmonar idiopática ou sarcoidose, assim como na histiocitose de células de Langerhans e na linfangioliomiomatose. É o termo preferido para descrever qualquer espaço contendo gás de paredes finas no pulmão, que possua paredes com espessura maior que 1 mm.

Cistos de faveolamento. S. m. Cistos aéreos, usualmente com diâmetros semelhantes, medindo de 0,3 a 1 cm de diâmetro, vistos na fibrose pulmonar idiopática e em outras doenças pulmonares fibrosantes.

Consolidação. S. f. 1. (Patol.) É a substituição do ar alveolar por transudato, exsudato ou tecido. 2. (TC) Aumento homogêneo da atenuação do parênquima pulmonar, que obscurece as margens dos vasos e as paredes das vias aéreas. Pode estar presente broncograma aéreo.

Difuso. Adj. 1. (Patofisiol.) Difusamente distribuído por todo um órgão ou tipo de tecido. 2. (Radiol.) Contínuo e difusamente distribuído (denominam-se as imagens e, por inferência, o estado ou processo que as produz). Sin.: disseminado, generalizado, sistêmico.

Termo útil e aceitável. No contexto de radiografia de tórax, “difuso” tem conotação de disseminado, anatomicamente contínuo, mas não necessariamente envolvendo todo o pulmão, ou outra estrutura torácica ou tecido; “disseminado” conota disseminação, porém com envolvimento anatomicamente descontínuo; “generalizado” conota envolvimento completo ou quase completo; “sistêmico” conota envolvimento de tecido ou estrutura torácica como parte do processo envolvendo todo o corpo.

Disseminado. Adj. (Patofisiol.) Disseminado, mas descontinuamente distribuído por um órgão ou tipo de tecido. 2. (Radiol.) Disseminado, mas anatomicamente descontínuo (é dito de imagens e, por inferência, de um estado ou processo que as produz).

Distorção arquitetural. S. f. Manifestação de doença pulmonar em que os brônquios, vasos pulmonares, fissura ou fissuras ou septos de lóbulos pulmonares secundários estão deslocados anormalmente.

Enfisema. S. m. 1. (Patol.) Aumento permanente do espaço aéreo distal ao bronquíolo terminal, acompanhado de destruição das paredes alveolares. A ausência de “fibrose óbvia” historicamente tem sido considerada como um critério adicional, mas a validade deste critério recentemente tem sido questionada. 2. (TC) Região focal ou regiões de baixa atenuação, usualmente sem paredes visíveis, resultando de um real ou perceptível aumento de espaço aéreo e destruição das paredes alveolares. Pode estar associado com aprisionamento aéreo.

Enfisema acinar distal. S. m. 1. (Patol.) Caracterizado por envolvimento predominantemente dos dutos e sacos alveolares, caracteristicamente acomete as regiões pulmonares subpleural, adjacente ao septo interlobular e vasos. 2. (TC) O enfisema é caracterizado por baixa atenuação subpleural ou bolha separada por septo interlobular intacto. Sin.: enfisema parasseptal.

Enfisema centrolobular. S. m. 1. (Patol.) Caracterizado por septos centrolobulares alveolares destruídos e dilatação dos bronquíolos respiratórios. Freqüentemente ocorre nos campos pulmonares superiores em fumantes de cigarros. 2. (TC) Diminuição da atenuação centrolobular, habitualmente sem paredes visíveis, de distribuição não-uniforme e localizado predominantemente nos campos pulmonares superiores. Sin.: enfisema centro-acinar.

Enfisema panlobular. S. m. 1. (Patol.) Enfisema que envolve, mais ou menos uniformemente, todas as porções do lóbulo secundário. Ele tende a predominar nos lobos inferiores e essa é a forma de enfisema associada à deficiência hereditária de alfa-1 antitripsina. 2. (TC) Enfisema que tende a mostrar decréscimo bastante uniforme da atenuação parenquimatosa e pobreza vascular. Enfisema panlobular grave pode ser indistinguível do enfisema centrolobular grave, a não ser pela distribuição zonal. Sin.: enfisema panacinar.

Espaço aéreo. S. f. (Anat./radiol.) Gás contido no parênquima pulmonar, incluindo os ácinos e excluindo o interstício e porções puramente condutoras do pulmão.

Espessamento do septo interlobular. S. m. Opacidade linear fina que corresponde ao septo interlobular, deve ser distinguida de estruturas centrolobulares. Aumento na espessura do septo interlobular, usualmente causado por edema, infiltração celular ou fibrose. Pode ser lisa, irregular ou nodular.

Estruturas centrolobulares. S. f. 1. (Anat.) Estruturas tubulares centrais no lóbulo pulmonar secundário (isto é, a artéria e bronquíolo centrolobulares). 2. (TC) A artéria pulmonar e seus ramos imediatos em um lóbulo secundário; estas artérias medem aproximadamente 1 mm e 0,5 a 0,7 mm de diâmetro, respectivamente; na TCAR é possível obter imagens destes vasos. No entanto, o bronquíolo normal que supre o lóbulo secundário tem espessura de parede de aproximadamente 0,15 mm, que está além da resolução da TCAR. Conseqüentemente, vias aéreas normais nos lóbulos pulmonares secundários não são detectadas no exame de TC.

Faveolamento (favo-de-mel). S. m. 1. (Patol.) Cistos pulmonares de destruição fibrosados, simbolizando perda completa da arquitetura acinar e bronquiolar, representando o estágio final da doença fibrosante pulmonar. 2. (TC) Espaços císticos agrupados, usualmente com diâmetros comparáveis, variando de 0,3 a 1 cm de diâmetro, mas que podem alcançar 2,5 cm, habitualmente em posição subpleural e caracterizados por paredes bem definidas, geralmente espessas. A presença de lesão consolidativa em pulmão enfisematoso pode simular esta condição e representa uma armadilha diagnóstica potencial.

Fissura. S. f. 1. (Anat.) Dobra interna da pleura visceral, que separa um lobo ou a porção de um lobo de outro.2. (Radiol.) Opacidade linear com 1 mm ou menos de espessura, que corresponde, em posição e extensão, à separação anatômica dos lobos pulmonares ou porções dos lobos. Sin.: cissura.

Interface. S. f. (Radiol.) O limite comum entre as sombras de duas estruturas justapostas ou tecidos de diferentes texturas ou opacidades (ex.: pulmão e coração). Sin.: margem, borda.

Linfonodomegalia. S. f. Restrito ao aumento nas dimensões do(s) linfonodo(s). Desde que “adeno”, especificamente, se relaciona com estruturas glandulares e que linfonodos não são glândulas, o termo adeno é falso e seu uso, condenável. Os métodos de imagem, de maneira geral, avaliam as dimensões do linfonodos, sendo apropriado o termo linfonodomegalia. Linfonodopatia fica reservado para situações em que se pode diagnosticar patologia pela avaliação intrínseca, independentemente das dimensões.

Linha subpleural. S. f. Opacidade curvilínea fina, que mede poucos milímetros de espessura, usualmente a menos de 1 cm da superfície pleural e paralela à pleura. Indicador inespecífico de atelectasia, edema, fibrose ou inflamação.

Linhas intralobulares. S. f. Opacidades lineares finas, que aparecem no interior do lóbulo, quando o interstício intralobular está espessado. Quando numerosas, fornecem o aspecto de padrão reticular fino.

Lóbulo pulmonar secundário S. m. 1. (Anat.) A menor unidade pulmonar envolta por septo de tecido conectivo. Este septo, conhecido como “septo interlobular”, é revelado melhor na região periférica anterior, lateral e justamediastinal dos lobos superiores, médio e na periferia da região diafragmática anterior dos lobos inferiores. O septo tende a ser incompleto ou ausente nas demais regiões do pulmão. 2. (Anat.) Unidade do pulmão subentendida por qualquer bronquíolo que dê de três a cinco bronquíolos terminais. O septo de tecido conectivo não faz parte desta definição. 3. (TC) Lóbulo de Miller é o lóbulo secundário que é identificado na TC.

Micronódulo. S. m. Opacidade focal arredondada, pequena, isolada, com pelo menos atenuação de tecidos moles e apresentando diâmetro não maior que 7 mm. Alguns autores têm limitado o uso deste termo para diâmetro menor que 5 mm ou menor que 3 mm. Outros autores simplesmente usam o termo “nódulo pequeno”. Veja nódulo.

Massa. S. f. (Radiol.) Qualquer lesão pulmonar ou pleural representada, na radiografia, por opacidade isolada maior do que 30 mm em diâmetro (sem relação ao contorno, características das bordas ou homogeneidade), mas explicitamente mostrada ou presumida ser em três dimensões.

Nódulo. S. m. 1. (Patol.) Pequeno foco circunscrito de tecido anormal, grosseiramente esférico. 2. (Radiol.) Opacidade arredondada, moderadamente bem marginada e não maior do que 3 cm no diâmetro maior. Alguns autores usam o modificador “pequeno” se a opacidade apresentar menos que l cm de diâmetro. Veja micronódulo.

Opacidade. S. f. (Radiol.) Imagem que atenua mais o feixe de raios X do que as estruturas adjacentes. Na tomografia de tórax aparece como área mais branca (de menor densidade fotométrica) do que seus arredores. Usualmente aplicada a imagens de coleções líquidas e tecidos pulmonares não específicos, nos quais a atenuação excede a do pulmão aerado adjacente.

Opacidade em vidro fosco. S. f. Aumento da atenuação pulmonar, porém sem obscurecer as margens brônquicas e vasculares, causado por preenchimento parcial do espaço aéreo, espessamento intersticial, colapso parcial alveolar, expiração normal ou aumento do volume sanguíneo capilar. Não confundir com “consolidação”, em que as margens broncovasculares estão obscurecidas. Pode estar associada com broncograma aéreo. Sin.: atenuação em vidro fosco.

Opacidade linear. S. f. Imagem linear fina, alongada, com densidade de tecido de partes moles. Raramente, calcificação ou material estranho podem aumentar a atenuação.

Opacidade pendente. S. f. Aumento da atenuação no pulmão pendente (a região pulmonar mais baixa, que sofre maior efeito da gravidade). A atenuação aumentada desaparece com a mudança de posição do paciente. Pode também aparecer como uma linha subpleural.

Opacificação parenquimatosa. S. f. Aumento na atenuação pulmonar, que pode ou não obscurecer as margens dos vasos e paredes das vias aéreas. “Consolidação” indica que existe perda da definição dessas margens (com exceção do broncograma aéreo), enquanto “opacidade em vidro fosco” indica menor aumento na atenuação, na qual a definição das margens está preservada. Sempre que possível, usar os termos mais específicos “consolidação” ou “opacidade em vidro fosco”.

Pavimentação em mosaico. S. f. Padrão na TCAR em que se observam áreas de opacidade em vidro fosco com septos interlobulares espessados de permeio.

Perfusão em mosaico. S. f. Aparência em retalho de uma região com várias atenuações, interpretada como sendo secundária à diferença de perfusão regional. É termo mais adequado do que o originalmente descrito “oligoemia em mosaico”. Aprisionamento aéreo secundário a obstrução brônquica ou bronquiolar pode produzir zonas focais de atenuação diminuída, que podem se tornar mais evidentes com TC expiratória.

Pneumatocele. S. f. (Patol./radiol.) Espaço preenchido por gás com paredes finas dentro do pulmão, usualmente ocorrendo em associação com pneumonia aguda (mais comumente de origem estafilocócica) e invariavelmente transitória.

Pseudoplaca. S. f. Banda irregular, de opacidade pulmonar periférica, adjacente à pleura visceral, que simula o aspecto de placa pleural, mas é formada por pequenos nódulos coalescentes (ex.: pneumoconiose dos trabalhadores em minas de carvão).

Reticulação. S. f. Imagem formada por inúmeras linhas entrelaçadas, que sugere uma malha. Termo descritivo habitualmente associado com doenças pulmonares intersticiais. Pode ser fina, intermediária ou grossa. Sin.: padrão reticular.

Sinal da árvore em brotamento. S. m. Dilatação nodular de estruturas ramificadas centrolobulares, que lembram árvore em brotamento e que representam dilatação exsudativa bronquiolar (ex.: panbronquiolite ou disseminação endobrônquica de tuberculose pulmonar em atividade).

Sinal do anel de sinete. S. m. Opacidade areolar (usualmente representa um brônquio dilatado, com paredes espessas) em associação com opacidade pequena, arredondada, de tecidos moles (a artéria pulmonar adjacente ou raramente artéria brônquica dilatada), lembrando um “anel de sinete”. Usualmente este achado indica bronquiectasia, mas pode também ocorrer no carcinoma bronquioloalveolar multifocal e adenocarcinoma metastático.

Sinal do crescente aéreo. S. m. Ar com a forma de crescente em um nódulo ou massa, onde o ar separa a parede externa da lesão de uma área interna de seqüestro, que freqüentemente corresponde a uma bola fúngica de Aspergillus sp.

Sinal do halo. S. m. Opacidade em vidro fosco circundando um nódulo ou massa. Pode ser um sinal de aspergilose invasiva ou hemorragia por várias causas.

Sinal do septo em contas (do rosário). S. m. Espessamento septal irregular que lembra o aspecto de uma fileira de contas; é habitualmente um sinal de linfangite carcinomatosa, mas raramente pode ocorrer na sarcoidose. Como o aspecto do espessamento é habitualmente mais irregular do que “em contas”, o termo “espessamento septal irregular” é geralmente preferido.